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Acidentes nas rodovia federais consomem R$ 12,3 bilhões/ano

Acidentes nas rodovia federais consomem R$ 12,3 bilhões/ano
15 maio
15:23 2018

Parte do recurso é destinada à recuperação das vítimas, que pode ser acelerada em 80%, com o uso da terapia por pressão negativa nas lesões de difícil cicatrização

Os quase 170 mil acidentes ocorridos nas rodovias federais brasileiras em 2014 provocaram uma despesa de R$ 12,3 bilhões. Desse total, 64,7% dos recursos correspondem aos gastos com as vítimas, incluindo cuidados médicos, perda de produção devido às lesões e morte, enquanto 34,7% estão associados a despesas com danos materiais ou remoção dos veículos acidentados. As informações são do relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que avalia que esses gastos podem chegar a R$ 40 bilhões, se for analisada toda a malha rodoviária brasileira.

O estudo aponta ainda que dos recursos relacionados às vítimas, 43% é relativo à perda de produção das pessoas, como a diminuição da renda durante o período de tratamento da vítima e os benefícios arcados pela previdência social e 20% são de custos hospitalares.

A análise revela que, quanto maior a gravidade do acidente, maiores são as despesas associadas a ele. Em média, cada acidente custou R$ 261.689,00. O gasto médio de um acidente com vítima foi de R$ 664.821,00. As ocorrências nas rodovias federais mataram mais de 8 mil pessoas e deixaram mais de 26 mil pessoas com lesões graves, em 2014.

Embora não haja uma estimativa oficial sobre o tempo de tratamento das vítimas dos acidentes, o estudo “Impactos e Custos dos Acidentes de Trânsito para a Previdência Social”, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (FAPETEC), mostra que, entre 2003 e 2012, os benefícios temporários e as pensões por morte pagos pela Previdência Social em função de acidentes de trânsito aumentaram 75,8% e 55,5%, respectivamente.

Novas tecnologias podem acelerar a recuperação de lesões complexas decorrentes de acidentes de trânsito

                Estudos demonstram que terapias inovadoras já disponíveis no Brasil, reduzem em até 60% os custos de cuidados de enfermagem e os custos médios de hospitalização em 30%. O acesso a essas tecnologias pode reduzir o tempo de recuperação das vítimas em até 60% quando comparada com curativos convencionais.

Entre as inovações tecnológicas que permitem aos feridos restabelecer a condição física e voltar às atividades rotineiras mais rapidamente, está a terapia por pressão negativa (TPN), indicada para tratar feridas complexas que não cicatrizam sem o tratamento apropriado.

A terapia por pressão negativa utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão através de um curativo de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem. É indicada para tratar lesões agudas e crônicas, como feridas de grande extensão decorrentes de acidentes de trânsito, tecidos com sinais de necrose, queimaduras e áreas doadoras de enxertos. “A TPN contribui de forma significativa na resolução de lesões decorrentes de traumas, estimulando a formação de vasos próximos à ferida, removendo líquidos e fragmentos de tecido desvitalizado e tratando quadros infecciosos”, explica o Dr. Marcelo Ribeiro, cirurgião geral do Hospital Geral do Grajaú.

“Temos muitos pacientes que se beneficiaram com a terapia por pressão negativa para a adequada cicatrização da lesão. Nesses casos, a indicação e a finalidade são promover uma resolução mais rápida do quadro, mantendo a área limpa, estimulando a granulação tecidual e a proliferação de células para o reparo dos tecidos. Além disso, o uso da TPN reduz o inchaço e remove resíduos que podem vir a se tornar focos de infecção local”, revela o especialista.

Ainda segundo Dr. Marcelo Ribeiro, os benefícios da tecnologia vão além do retorno do paciente as suas atividades, no menor tempo possível. “Quando não se dispõe de TPN, são utilizados curativos convencionais que devem ser trocados algumas vezes por dia, causando desconforto, ainda pode haver necessidade de promover uma limpeza (desbridamentos) da ferida cirurgicamente no local, fazendo com que o paciente tenha que ser submetido a um maior número de idas ao centro cirúrgico”, esclarece. A TPN reduz o sofrimento do paciente, uma vez que há menos manipulação local, menos necessidade de intervenções cirúrgicas, redução do tempo de tratamento e aceleração do processo de recuperação local, proporcionando a reintegração às atividades pessoais e profissionais de forma mais rápida e segura.

Conscientização: o tempo não cicatriza

                Promover a conscientização é um dos motivos da união de sete organizações, entre sociedades médicas, como a SBAIT, e de enfermagem e associação de pacientes, com apoio da ACELITY, na campanha O Tempo Não Cicatriza. Para feridas complexas, o tratamento é o melhor remédio no Brasil. A iniciativa espera informar a população sobre feridas complexas e seus riscos, levando as pessoas a procurarem um profissional da saúde que possa avaliar a utilização de tratamentos mais adequados. As opções terapêuticas variam de acordo com o tipo de lesão e com a região do corpo em que estão localizadas.

A campanha é promovida pelas sociedades brasileiras de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), de Queimaduras (SBQ), de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE), a de Atendimento Interligado ao Traumatizado (SBAIT); de Estomaterapia (SOBEST) e a de Enfer-magem em Dermatologia (SOBENDE), e a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD).

Atualmente, estão disponíveis no País soluções inovadoras como curativos avançados com propriedades antimicrobiana, antiodor, regenerativa ou hidratante, que contribuem para a cicatrização. Também existem tecnologias hospitalares e domiciliares, como o sistema de pressão negativa, que utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão por meio de um curativo de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem, e a câmara hiperbárica que permite ao paciente respirar oxigênio puro enquanto fica sob uma pressão de duas a três vezes superior à pressão atmosférica ao nível do mar. Ambas as tecnologias aceleram o tempo de cicatrização de feridas.

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