Diário da Manhã

Acessando a página da professora Rosemar Lemos (UFPel), no Facebook, é possível participar de enquete. Idealizadora e coordenadora do Seminário da Consciênca Negra de Pelotas (SECONEP), que neste ano terá a sexta edição, Rosemar convida internautas para votar na mulher negra que será homenageada no evento. São quinze representantes da “consciência negra”, cujas trajetórias são comprometidas com a luta por dignidade e transformação. Entre elas, a pelotense Ernestina Pereira, que preside o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Pelotas. Liderança que, pela terceira vez, está à frente da entidade sindical, ela há quinze anos integra a coordenação nacional da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD). Na sede do Sindicato – rua Santa Cruz nº 2.454 -, é intenso o atendimento nas tardes das segundas, quartas e sextas. Informações sobre a legislação, rescisões, orientações acerca da Previdência, e até casos de discriminação e preconceito, são demandas rotineiras.

Ernestina Pereira lembra a pioneira Iolanda da Rosa

PERFIL – Avessa à campanha para a solicitação de votos à homenagem, Ernestina mantém a coerência com a trajetória de “luta e resistência”, como enfatiza. Identificando-se como “quilombola”, menciona que nasceu no interior do município. Em período recente, o local está reconhecido como “Quilombo do algodão”. Aos treze anos começou o trabalho doméstico. Em 1987, vinculou-se a então Associação Pelotense das Empregadas Domésticas, iniciativa de Iolanda Prestes da Rosa. A 17 de junho de 1989 foi fundado o Sindicato, que está comemorando 25 anos. À época, Ernestina esteve participando de congressos das comunidades eclesiais de base, e do Partido dos Trabalhadores. No evento estadual, lembra, foi uma das escolhidas para concorrer à Câmara dos Deputados. Assim, em 1990, foi candidata a deputada federal. Em  1992 e 96, campanhas para vereança. As participações, observa, foram para provocar abordagens acerca de questões como “classe, gênero e raça”. Objetiva, Ernestina avalia que, ao votar, ou se está “a favor da maioria empobrecida ou contra”. Viúva, é mãe de Samir, Maurício e Wine – cartório errou pois a ideia seria homenagear Winnie Mandela.

DOMÉSTICOS – Ernestina cita casos atendidos pelo Sindicato. Ex-trabalhadora doméstica, atualmente com 86 anos, desempenhou a atividade durante setenta anos. Após receber casa da família, já foi retirada por descendentes e, está prestes a deixar de ter o aluguel pago, para ser “depositada” num lar de idosos. O fato é corriqueiro e emblemático, diz Ernestina, ao ressaltar a luta pelos direitos trabalhistas. Aquela senhora que dedicou a vida ao trabalho doméstico, encontra-se sob desamparo. Então, a questão afetiva, muitas vezes, encobre a necessidade de direitos. Mas a orientação é para que sejam cumpridas as exigências legais. Outro fenômeno é o serviço de “diarista”, critica a liderança sindical, que geralmente burla o vínculo para manter a informalidade. Em relação ao preconceito, queixa recente, mostrou que a empregadora ao não encontrar peça de roupa, tratou de culpar a trabalhadora, expressando-se “por isso que não gosto de gente dessa cor”.

ALERTAS do Sindicato: não trabalhe sem registro em carteira; exija do empregador, um comprovante de salário, cópias do recibo; quando faltar para ir ao médico, peça atestado; o salário deve constar na carteira de trabalho; no recolhimento do INSS, trabalhador contribui com 8% e o empregador com 12%; carnê quitado deve ficar com o trabalhador, pois será exigido peo INSS para requerimento de benefício (auxílio-doença, licença-gestante, aposentadoria); na demissão, aviso de trinta dias com antecedência, mais três dias por ano, se o trabalhador estiver há mais de dois anos no emprego, não ultrapassando noventa dias; direito a folga, ou receber em dobro, em relação a feriados civis e religiosos. Informações: 3025.2690. E-mail: [email protected]