Diário da Manhã

sexta, 29 de março de 2024

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CRIAR NA CIDADE : Projeto “Sentar à porta” no Fragata

18 outubro
08:52 2017

A retomada da calçada como espaço de encontro, conversa e interação, é o convite da pesquisadora Priscila Costa Oliveira

Por Carlos Cogoy

Ela bate à porta, expõe sobre a iniciativa, e convida o morador para conversa fraternal. Etapa do projeto “Sentar à porta”, autoria da artista visual e pesquisadora Priscila Costa Oliveira, que está sendo desenvolvido em Pelotas desde ontem. Ela informa que está percorrendo o bairro Fragata, propondo a retomada da calçada como espaço de interação entre vizinhos. O “Sentar à porta” terá prosseguimento nas tardes desta quarta e também amanhã. A iniciativa integra calendário de atividades da segunda edição do “Criar na Cidade”, série de ações da equipe “Agência CKCO”, que conta com recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROCULTURA).

Artista interage com moradores em diferentes locais

Artista interage com moradores em diferentes locais

IDEIA – Priscila menciona sobre o projeto: “Repensando a cidade, os modos de habitá-la e formas de apropriação do espaço público, criei um página no Facebook no início de 2014. No espaço designado ‘Sentar à porta’, convido as pessoas a sentarem em suas portas pelo menos cinco minutos por dia para tomar um café, conversar com o vizinho ou simplesmente ver o tempo passar. Como forma de manter a página atualizada, nas minhas andanças pelas cidades, faço fotos de pessoas sentadas à porta e também recebo imagens dos usuários. A falta de tempo, a insegurança e a arquitetura hostil das cidades, foram levando as pessoas cada vez mais para dentro de suas casas, atrás de suas portas e grades, transformando a calçada em um espaço unicamente de passagem. Como contraposição, as ações do projeto ‘Sentar à Porta’, se voltam à escuta da fala pública, o exercício mais caro da democracia, onde é o cidadão quem pode falar. Para isto, é feito um convite pessoalmente, onde bato de porta em porta convidando os moradores dos bairros e centro a sentarem em frente a suas casas, no mínimo por cinco minutos. O projeto busca reviver esse hábito e através dele discutir e ocupar o espaço urbano. A ideia é que o movimento se espalhe e, cada vez mais, se vejam pessoas ocupando as calçadas”.

Priscila Costa Oliveira

Priscila Costa Oliveira

RELAÇÃO – A pesquisadora divulga reflexão de Helene Sacco e Carolina Rochefort: “O interlocutor pode ser o vizinho, aquele que nem sabemos o nome, mas que ao dormir se coloca ao nosso lado, separado apenas por uma parede de vinte centímetros. Quem sabe ao pisar na mesma calçada e dar bom dia, renasça ali a nossa tão esquecida capacidade de escuta, e de uma conversa sem objetivos e fins lucrativos? Atravessar e ser atravessado cotidianamente. E nessa deriva que o tempo desgasta e subtrai, vemos o quão pequenos somos diante de tudo que descobrimos, e que após deambular voltamos para o mesmo lugar, iguais mas imensamente diferentes. Envolvidos pela sutil relação com o agora. Daí é assumir a diferença, inventariando um novo mundo, unindo aquele que foi vivido, somando ao que ainda será mais uma vez inventado. Aprender isso, liberta!”.

TRAJETÓRIA – Na formação de Priscila, atualmente residindo em Florianópolis, magistério no Assis Brasil, comunicação visual no IFSul e licenciatura em artes visuais na UFPel. Em 2013, atuou como mediadora artística na 9ª Bienal do Mercosul. O interesse pela arte foi estimulado em família. “Desde criança houve interesse pela criação artística, fosse desenho, pintura ou invenções de objetos. Sempre fui estimulada pela minha família, principalmente pelo meu pai que dedicava horas do dia acompanhando minhas invenções cotidianas. Ao longo do meu percurso, nunca consegui separar arte e educação. Quando no magistério, entre 2004 e 2009, misturava proposições artísticas com outras disciplinas. Durante o curso de comunicação visual no IFSul Pelotas, realizei meu estágio em uma escola particular de Pelotas, produzindo materiais didáticos. Ao entrar na faculdade de artes visuais, me envolvi em produção cultural e mediação artística”, diz ela.

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