Diário da Manhã

sexta, 19 de abril de 2024

Notícias

FUTEBOL FEMININO : Desenvolvimento, mas com recuo

16 julho
08:43 2018

Com a experiência de 22 anos no comando das Lobas, Marcos Planela avalia momento da modalidade no país

Em 22 anos mais de 600 meninas passaram pelo departamento de futebol feminino do Pelotas. Vinte e cinco delas foram convocadas para a seleção brasileira em diversas categorias. Outras tantas foram para outros clubes e se tornaram profissionais. São conquistas que se associam aos títulos, especialmente os estaduais que foram ganhos pelas Lobas. “Somos o único clube gaúcho a ser campeão em todas as categorias”, destaca o coordenador e treinador Marcos Planela Barbosa.

Foi justamente Marcos que criou o departamento feminino no Pelotas em 25 de julho de 1996. Naquele momento, ele projetava o crescimento do futebol feminino no país como algo inevitável. Só que o desenvolvimento não tem sido bem assim na prática. “Vem ocorrendo, mas não é no ritmo desejado. É inegável o crescimento da participação da mulher no futebol, não só jogando, mas na arbitragem, na imprensa. Mas a proporção é ainda muito pequena em relação aos homens”, avalia.

Marcos Planeja observa uma retração de investimentos no futebol feminino, principalmente depois dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Ele lembra, que antes da Olimpíada, a CBF instituiu a seleção permanente. O projeto foi encerrado já do final de 2016. Mais recentemente, com a finalidade de promover o equilíbrio de caixa, a confederação fez cortes no orçamento de todas as categorias de seleções femininas.

Marina Cabral e Marcos Planela: intercâmbio é uma das vitórias do projeto de futebol feminino no Pelotas

Marina Cabral e Marcos Planela: intercâmbio é uma das vitórias do projeto de futebol feminino no Pelotas

Também houve a extinção da Copa do Brasil de Futebol Feminino, que vinha sendo realizada desde 2007. Foram criadas as séries A e B do Brasileiro, reduzindo há poucos meses o calendário anual do futebol feminino no país. “O preenchimento de vagas no Brasileiro foi político, colocando alguns clubes que não tinham trabalho no feminino. Apenas como forma de atender a exigência da lei do Profut (renegociação de dívidas fiscais com a União), que exige que os clubes tenham equipe feminina”, aponta Marcos.

Para completar um cenário pouco animador, a Caixa Econômica Federal, que era o único patrocinador do Brasileiro, retirou seu apoio à competição. A consequência disso é a baixa visibilidade do futebol feminino na mídia, o que, por consequência, inibe o surgimento de novos investidores. “Recentemente foi realizada no Chile a Copa América. Nenhum canal de televisão aberta ou por assinatura fez a cobertura”, lamenta Marcos Planela. No Rio Grande do Sul, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) chamou para si a responsabilidade de organizar o estadual – antes tinha gestão de uma liga independente. Isso gera incerteza para o futuro.

Lobas

Campeão Gaúcho da categoria adulto em 2008; bicampeão estadual sub-15 em 2015 e 2016; e campeão sub-17 em 2016, o Pelotas/Phoenix mudou sua estratégia de trabalho nos últimos três anos. Depois de fazer o trabalho voltando para a categoria principal (adulto), o projeto passou a priorizar a base. Neste ano, a única equipe presente no Campeonato Gaúcho será a sub-15.

Marcos Planela justifica a mudança, apresentando dois motivos: o financeiro e a implantação de uma metodologia continuada. Agora trabalhando a sub-15, no ano que vem retomando as atividades da sub-17. Por fim, em 2000, a meta é voltar com a categoria adulto. Desta forma, as meninas vão progredindo de categoria, mas seguindo a uma metodologia que será comum a todas as equipes do clube.

Capitã do Pelotas vai jogar e estudar nos EUA

Capitã do Pelotas vai jogar e estudar nos EUA

Marina celebra união de sonhos

Três sonhos que se unem numa mudança de vida. Jogar futebol feminino, morar nos Estados Unidos e estudar psicologia numa universidade do Kansas. Essa transformação faz parte rotina Marina Cabral, 18 anos, enquanto ela prepara as malas para a viagem, que ocorre no dia 30 deste mês. “Estou supertranquila aproveitando esse momento”, afirma a zagueira e capitão do Pelotas.

Marina é a terceira menina do Pelotas que vai para os Estados Unidos para jogar futebol e estudar. É consequência da parceria com a empresa GO USA, de Thiago Silva, que é o empresário de Andressa Machry, a Andressinha, que é principal expressão do trabalho de 22 anos no futebol feminino do Lobão. A craque da seleção brasileira joga atualmente a Liga Profissional Americana (NWSL) pelo Portland Thorns.

Natural de Charqueadas, Marina Cabral veio morar com a família em Pelotas há três anos. Como jogava futebol desde os seis anos, a aproximação com as lobas foi natural. Ela vai para ficar por dois anos no Cloud Country, do Kansas. A permanência nos Estados Unidos pode ser estendida por mais dois anos.

No ano passado, outras duas jogadoras do Pelotas foram para os Estados Unidos. Débora Maciel (natural do Capão do Leão) está no Tyler Júnior College, do Texas; e logo na primeira temporada foi campeã dessa liga universitária. Júlia Oliveira, que é de Canoas, joga no Lowa Central, de Lowa.

Notícias Relacionadas

Comentários ()

Seções