Diário da Manhã

sábado, 20 de abril de 2024

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I Congresso sobre o Bioma Pampa é lançado

17 dezembro
14:36 2014
O evento preliminar realizado no auditório da Faculdade de Direito reuniu representantes de diversas instituições, que reforçaram a necessidade de maior articulação em torno da preservação da área, que representa 54% do território gaúcho

O evento preliminar realizado no auditório da Faculdade de Direito reuniu representantes de diversas instituições, que reforçaram a necessidade de maior articulação em torno da preservação da área, que representa 54% do território gaúcho

Com o objetivo de ampliar as discussões em torno da preservação do Bioma Pampa e alertar sobre as ameaças à sua integridade, foi lançado nesta quarta-feira(17), o I Congresso sobre o Bioma Pampa. O evento preliminar realizado no auditório da Faculdade de Direito reuniu representantes de diversas instituições, que reforçaram a necessidade de maior articulação em torno da preservação da área, que representa 54% do território gaúcho.

Há consenso de que há iniciativas por parte de diversos órgãos, mas que, por serem isoladas, acabam perdendo força e se mostrando insuficientes.

Ao abrir os trabalhos, o diretor do Instituto de Biologia da UFPel, professor Althen Teixeira Filho, idealizador do evento justificou  o tema “Reunindo Saberes”, que pautará o congresso a ser realizado em novembro de 2015, mas que será precedido de palestras e outras atividades ao longo do ano.  “Que o processo de desenvolvimento de nosso território seja caracterizado por questões humanas e não fique à mercê de interesses econômicos”, apregoou.

Para o gerente regional da Fepam, Paulo Duarte, não se pode abdicar do desenvolvimento, mas é preciso um olhar atento ao meio ambiente. Ele defendeu a construção de políticas públicas de proteção ao Bioma.

Um dos apoiadores do congresso, o chefe geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pilon, disse que é preciso levar em conta todos os aspectos ambientais e socioculturais envolvidos. Segundo ele, a preservação passa por maior governança institucional. “Há muitas informações dissociadas, que não dialogam entre si. É preciso criar uma base de dados”, defendeu, prometendo total apoio à organização do evento.

A Universidade Federal de Rio Grande (Furg), representada pela pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Rosilene Maria Clamentin, também reafirmou ser parceira da iniciativa. Na opinião da pró-reitora, o Bioma Pampa, recentemente guindado a esta posição, carece do maior aprofundamento de sua complexidade.

Já o secretário adjunto da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Luiz Fernando Perelló, disse que o apoio ao evento se coaduna com o objetivo da Secretaria de aproximar-se de suas macropolíticas, na qual o Bioma Pampa acha-se incluído. Perelló compartilha do pensamento do chefe geral da Embrapa CT, de que falta articulação entre as muitas ações voltadas à conservação do Bioma, desenvolvidas por um conjunto de instituições.

“Pensávamos que nosso problema era a silvicultura, mas vemos que nossa preocupação deve ser com a monocultura”, afirmou o secretário, referindo-se à expansão das áreas cultivadas com soja, que hoje avançam de forma desordenada e sem controle. Ele criticou o tratamento dado pelo código florestal às chamadas áreas consolidadas, pois, em sua opinião, não são observadas as singularidades regionais. “Não estamos conseguindo trabalhar em bloco, enquanto outros setores, não preocupados com as questões ambientais, estão muito organizados”, advertiu.

Entre as ações da Secretaria, Perelló citou a criação da Reserva Biológica Estadual Banhado do Maçarico, em Rio Grande, e os Planos de Bacia Hidrográfica do RS.

De sua parte, o promotor da Justiça Especializado do Ministério Público Estadual, Rodrigo da Silva Brandalise, afirmou total apoio à iniciativa. “Também somos parceiros; não visamos  apenas e exclusivamente a multa e a repreensão, mas a preservação do meio ambiente”, observou.

Fechando a cerimônia, a vice-reitora Denise Gigante, no exercício da Reitoria, parabenizou o professor Althen pela iniciativa e manifestou a satisfação de reunir na UFPel pessoas preocupadas com a preservação do Bioma Pampa. Ela reafirmou o compromisso da Universidade em somar esforços e conhecimentos em torno do tema.

Lista Vermelha

Na sequência da programação, a bióloga e doutora em Botânica, Andréia Maranhão Carneiro, diretora do Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, palestrou sobre o tema “A nova lista vermelha da flora ameaçada do Rio Grande do Sul, processo e resultados”, trabalho recentemente realizado sob sua coordenação. Em sua apresentação, foram demonstradas as espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul.

A lista vermelha é o inventário sobre o estado de conservação de espécies de uma determinada região, baseado nas tendências populacionais, em sua distribuição geográfica e nas ameaças a que estão sujeitas. As listas vermelhas objetivam proteger legalmente as espécies, subsidiando os órgãos ambientais nos processos de licenciamento.

O Bioma Pampa

O Pampa foi reconhecido enquanto bioma somente no ano de 2004. Esta importante região transcende as fronteiras do Brasil, constituindo-se numa imensa diversidade de espécies da fauna e da flora, congregando potencialidades e fragilidades. Áreas em processo de arenização simbolizam os conflitos de uso dos recursos naturais sendo, hoje, o segundo Bioma mais degradado do Brasil.

Apesar da sua importância, os estudos existentes sobre a caracterização dos recursos naturais do Bioma Pampa, em especial sobre o solo, água, clima e biodiversidade, bem como sobre os agroecossistemas e seus impactos são insuficientes, com bases de dados que dificilmente dialogam e invariavelmente se encontram dispersas.

Novas potencialidades surgem a cada momento: a produção animal com base em pastagem a partir de uma diversidade florística superior a 600 espécies; a produção de energia eólica; a exploração de minerais; serviços ambientais; produção em base sustentável dentre outras. No entanto, em adição às lacunas de pesquisa e desenvolvimento, não há uma espaço mais vigoroso para discussão sobre modelos de desenvolvimento sustentável para o Bioma como base para a indução e formulação de políticas.

Segundo o diretor do Instituto de Biologia, Althen Teixeira Filho, neste contexto é imperativo estimular a discussão sobre os impactos que tais alterações podem ocasionar no meio ambiente e, mais especificamente, nas pessoas.

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