Diário da Manhã

quinta, 25 de abril de 2024

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IFSul/câmpus Pelotas: novos espaços da escola terão mobília projetada por alunos do design

01 setembro
15:52 2014
Eliana Crizel e Aline Aires

Eliana Crizel e Aline Aires

Criar, projetar, desenhar, modelar. Aí estão os principais passos de um trabalho final de curso da área do Design, comumente desenvolvido a cada semestre. Mas uma iniciativa que vem preparando os alunos para o mercado de trabalho de forma distinta concedeu a alguns estudantes a possibilidade de ter seu projeto executado, e melhor, dentro do próprio câmpus.

O privilégio de visualizar seu projeto em escala real tornou-se realidade para seis alunos da última turma de Design de Móveis – curso que deu lugar ao Design de Interiores, mais abrangente. Através de uma prática comum desde 2003, conhecida como design social, os estudantes têm a possibilidade de projetar móveis para clientes reais, na maior parte das vezes, entidades públicas, como é o caso da Escola de Educação Especial Louis Braille e da Casa da Criança São Francisco de Paula.

“Isto é um hábito do curso porque sempre quisemos que os estudantes tivessem uma experiência real, com clientes reais. Com isso a prática e a visão do aluno passam a ser diferentes, ele se apropria daquele trabalho de outra forma, já que tem uma responsabilidade social e com o cliente” conta a coordenadora do Design de Interiores, professora Liege Lannes.

No último semestre, as propostas elaboradas pelos formandos foram destinadas a um cliente um pouco mais próximo, o câmpus Pelotas. O convite veio da Diretoria de Administração e Planejamento (Dirap) e abriu aos estudantes a chance de projetar a mobília do setor de Compras e de alguns espaços nas novas instalações da Diretoria de Ensino (Diren), que dividirá espaço com a Coordenadoria de Orientação Educacional (Cooe) e de Assistência Estudantil (Coae).

O trabalho árduo começou ainda no 3º módulo do curso, chegando até o último. Cada etapa da criação foi desenvolvida nas disciplinas de projeto, desenho técnico, computação gráfica, folder e maquete. Dividida em duplas, a turma projetou propostas para cada ambiente, que foram acompanhadas desde o início pelos servidores de cada setor beneficiado.

Ao final do processo, foram eleitos os projetos que atenderam da melhor forma as necessidades de cada ambiente de trabalho. Motivo de orgulho para Eliana Crizel, Aline Aires, Paola Charqueiro, Matheus Vergara, Letierre Melo e Claudia Carvalho, que viram seu trabalho recompensado ao terem seus projetos escolhidos.

De acordo com Aline, saber que o projeto será executado de fato traz uma responsabilidade ainda maior, que é refletida positivamente no currículo do aluno. Opinião compartilhada pela colega Eliana. “Fizemos o projeto como avaliação do semestre e saber que ele foi escolhido para ser executado é muito bom. Nós tivemos que nos envolver muito para entrar a fundo na proposta e com isso acabamos aprendendo”, relata.

Apesar do envolvimento no projeto durante longo tempo, Matheus conta que ter sua criação entre as selecionadas foi algo surpreendente. “Nunca esperamos esse presente. É imensamente gratificante ter um projeto nosso executado pelo IFSul, sendo que começamos sem ideia do que fazer e, no decorrer do tempo, fomos criando, até chegar no trabalho aprovado”, afirma.

Para Paola, a concretização de algo que foi pensado com tanta dedicação é como um prêmio. “É uma vitrine que ganhamos, estamos expondo algo que foi mérito nosso, durante um ano projetando, e todos vão ver o resultado concreto. Isso é gratificante, porque nos esforçarmos tanto e tivemos uma premiação. Mesmo que tenhamos passado muitos dias e noites quebrando a cabeça, valeu a pena”, ressalta.

Aos novos alunos que passarão por experiências semelhantes, os estudantes deixam como conselho que se dediquem e trabalhem muito em torno de seus projetos, mas acima de tudo, que façam o que gostem. “Apesar do trabalho que dá, vale a pena. A satisfação maior é ver o teu projeto ao vivo, em escala real, isso é impagável”, conclui Paola.

Paola Charqueiro e Matheus Vergara

Paola Charqueiro e Matheus Vergara

Hoje, com o curso já concluído, os jovens ainda estão trabalhando em algumas alterações no projeto final, para que possam entregar, ainda neste mês, desenhos em perspectiva com as devidas dimensões e especificações, que servirão de base para a execução dos móveis. A previsão é de que a mobília já esteja em uso até o final deste ano.

As obras de melhoria responsáveis por dar lugar aos novos espaços fazem parte de um projeto de reorganização e modernização do câmpus, iniciado na gestão do professor José Carlos Pereira Nogueira, tendo um investimento total de R$ 750 mil.

A proposta contempla também a questão da acessibilidade. Um elevador será instalado na parte do prédio que abriga o setor de Ensino, para facilitar o deslocamento, principalmente daqueles que possuem alguma deficiência física.

Viabilidade técnica que facilita o dia-a-dia

Além de criar um ambiente que atenda às necessidades do cliente, de acordo com os estudantes, também é necessário apostar em uma boa defesa do projeto criado. Para isso, segundo a professora Liege, é preciso argumentar com base nos conhecimentos passados em sala de aula.

Os projetos escolhidos estão nesta posição devido ao seu layout. Apostando na setorização dos espaços, as propostas apresentam ambientes harmônicos, onde as estações de trabalho contêm separações através de vidros ou desníveis entre os módulos, que as deixam independentes ao mesmo tempo em que são integradas.

A padronização dos móveis também é um ponto positivo, já que facilita a execução. Além disso, as mesas apresentam soluções ergonômicas adequadas, de maneira a priorizar o conforto do usuário, e a mobília é posicionada com o intuito de aproveitar da melhor forma a iluminação natural.

Valores que também são apreciados pelos principais interessados, os clientes. “Os móveis foram feitos através de pesquisa específica diretamente com os usuários, o que dá maior qualidade ao ambiente de trabalho, porque passa a atender as reais necessidades dos setores”, explica o diretor de Ensino, João Francisco Collares.

Reconhecimento interno

Para professores e alunos envolvidos no processo de criação e execução dos projetos, o maior valor está no reconhecimento do trabalho de cada um, além da oportunidade de simular o mercado real e experimentá-lo na prática. Para o professor Alexandre Vergínio, responsável por uma pesquisa que vem resgatando todos os projetos desenvolvidos em parceria com instituições públicas, o valor do design social não pode ser perdido.

“O importante é que o aluno tenha um sistema avaliativo ampliado, onde há a pessoa beneficiada o ouvindo. Nesse sentido é preciso fazer uma defesa com bons argumentos e no fundo disso está o conhecimento da técnica, da estética e de tudo que o design estuda. Este é um trabalho que sai da sala de aula e vai para a sociedade, possibilitando um retorno emocional”, afirma o professor.

Mas a possibilidade de realizar este tipo de parceria com a instituição em que estão inseridos ultrapassa o valor de simplesmente vislumbrar o mercado de trabalho na prática e se torna uma forma de valorização mútua.

“Tem o ganho do aluno, devido à familiaridade com o ambiente, e o significado de terem um projeto dentro da instituição que estudaram, podendo voltar aqui a qualquer momento e o móvel estar ali, sendo utilizado. Para a escola como um todo, é uma forma de confiar no curso, no potencial dos estudantes e privilegiar sua produção. É um reconhecimento do nosso trabalho”, conclui Liege.

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