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quinta, 28 de março de 2024

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Lembranças da Academia Tricolor

15 janeiro
14:28 2014

Presidente do Farroupilha no tricampeonato da cidade, Affonso Dêntice da Silva recorda de um tempo de vitórias

Dêntice de Silva presidiu Farroupilha nos “Anos Dourados” da Academia Tricolor Foto: Alisson Assumpção/DM

Dêntice de Silva presidiu Farroupilha nos “Anos Dourados” da Academia Tricolor
Foto: Alisson Assumpção/DM

O Farroupilha está em fase de mudança. De esperança renovada. De sonhar com um novo tempo: de vitórias e conquistas. Os torcedores mais velhos – aqueles que andam em torno dos 50 anos ou mais – têm uma fonte para se abastecer de esperança. A inspiração vem da chamada “Academia Tricolor” – time que ainda hoje habita na lembrança dos que o viram jogar no final da década de 60. Uma equipe que se tornou tricampeã da cidade e na terceira força estadual (atrás apenas da Dupla Gre-Nal).

O presidente do clube em 1966, 67 e 68, o advogado Affonso Dêntice da Silva, 75 anos, lembra ainda a escalação titular do time tricampeão (exatamente nesses três anos seguidos): Caramuru; Cascudo, Osmarino, Noel e Betinho; Noredim, Gilnei e Wilson Carvalho; Celso, Lelo e Dias. “Tinha a força do Noredim, a qualidade do Wilson Carvalho e do Gilnei; a velocidade do Dias e o Lelo, o artilheiro”, cita o ex-dirigente, apontando os destaques da Academia Tricolor.

O Farroupilha era o grande time da cidade. Mas já enfrentava dificuldades financeiras. “Eu saí da presidência e fiquei, por bom tempo, pagando as contas”, recorda Dêntice. Ele lembra que o clube se sustentava – numa época em que o futebol era bem menos dispendioso – com a colaboração de pessoas da comunidade e com a renda dos sócios. Naquele tempo, todo o soldado que sentava praça no 9º BIMTz (Batalhão de Infantaria Motorizado) se tornava sócio do Farroupilha, descontando um pequeno percentual de sua remuneração. Ou seja, o Tricolor mantinha desta maneira o vínculo com o Exército, que foi sua origem como 9º Regimento – nome que se manteve até 1941, quando passou a ser chamado de Grêmio Atlético Farroupilha.

CHEGADA – Affonso Dêntice da Silva também chegou ao Farroupilha por meio Exército. “Quando eu fui servi, em 1958, me aproximei do clube, até porque eu era muito amigo da família do Cel. Plácido Nogueira. Primeiro fui secretário executivo, até chegar mais tarde à presidência”, recorda. A passagem pelo comando do clube encerrou, porém, a trajetória de Dêntice nas funções ligadas diretamente ao futebol. “É uma experiência muito boa, mas também muito cara”, afirma.

Nas décadas seguintes, Affonso Dêntice da Silva se manteve ligado ao Farroupilha, ocupando vários cargos – inclusive, presidindo os Conselhos Fiscal e Deliberativo. Mas longe do futebol. “Faz muito tempo que não vou a um campo de futebol. Não vou no Farroupilha e nem no Grêmio, porque também sou gremista”, revela.

Dêntice da Silva é mais um tricolor que se anima com a eleição de Reginaldo Bacci para presidir o Farroupilha. “Espero que o clube, num primeiro momento, recupere sua estrutura financeira. O novo presidente tem condições de buscar recursos, até mesmo fora da cidade e da região. A expectativa é grande. Até por tudo que o Reginaldo já fez pelo Farroupilha, ajudando o clube nestes últimos anos”, conclui o ex-dirigente.

“Tinha vontade de invadir campo”

Com os impulsos da juventude (foi eleito pela primeira vez para presidir o clube aos 28 anos), Affonso Dêntice da Silva afirma que era um dirigente inconformado com os erros de arbitragem. “Tinha essa vontade de invadir o campo”, brinca. Sua saída da presidência, em 1969, coincidiu com a suspensão de dois anos pela Comissão Disciplinar da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) – instância que, na época, julgava os casos de indisciplina no esporte.

“Fui suspenso, porque rasguei a súmula de um jogo com o Inter no campo do Farroupilha”, relata. “Nós estávamos vencendo o jogo por 1 a 0, quando o Escurinho recebeu a bola impedido e cabeceou para empatar a partida. Eu invadi o campo. Depois, quando estava saindo, vinha caminhando, passei pela mesa, peguei a súmula e rasguei”, relata. Essa suspensão fez com Dêntice da Silva se afastasse mais rapidamente do futebol.

Segundo ele, naquele tempo, eram comuns os erros de arbitragem contra os times do interior em favor da Dupla Gre-Nal (mais do que hoje, pois não havia as imagens da televisão). O ex-presidente cita outra expulsão, desta vez contra o Grêmio, no Nicolau Fico. “A bola foi para fora e o Agomar Martins (principal árbitro gaúcho nos anos 60 e 70) marcou escanteio. Invadi o campo para reclamar e fui expulso”, conta.

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