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quinta, 25 de abril de 2024

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LIVRO: A onipresença da solidão dos ausentes em nanquim

LIVRO: A onipresença da solidão dos ausentes em nanquim
13 março
13:29 2020

Sexta às 18h na Mondo Rosso Discos, lançamento do livro “Triste” 

Por Carlos Cogoy

Publicação da editora Lote 42

Publicação da editora Lote 42

Acocorado, curvado e com semblante impassível.  O personagem anônimo, criado pelo desenhista pelotense Rafael Sica, de imediato pode evocar desolação, talvez pela indução causada pelo título do livro. Mas, na obra “Triste”, cujo lançamento será na sexta às 18h13min na Mondo Rosso Discos – rua Senador Mendonça 151 -, a fisionomia do personagem que se reproduz em trinta desenhos, mantém-se menos melancólica do que absorta. E o autor, que já venceu duas vezes o Prêmio HQ Mix, recorre ao ser miúdo como uma impressão icônica, tanto singular quanto universal. Essa referência pode ser um, mas também vários. Graficamente, está ali, como unidade, porém, recorrente, reaparece em múltiplos cenários. E a onipresença de uma solidão, não tem hora e lugar. No livro, como na vida, ressurge em variadas circunstâncias. Para o autor, o protagonista que some, perde-se em meio ao arvoredo, num deserto cujo céu está repleto de asas, ou à frente de moinho, bem como à beira da calçada de condomínio com suas janelas e traços uniformes. Presente diante de uma casa em ruínas, ou à margem de ferrovia, ou à beira do cais, o protagonista faz do seu silêncio perene, uma solidão que não se esvai. Ela está na sala de aula vazia, no cemitério, ou num estacionamento.

LANÇAMENTO – Os desenhos foram elaborados no período entre 2018 e 19. Como técnica, Sica usou o bico de pena e o nanquim. Paralelamente a outros trabalhos, ele foi desenvolvendo a temática e, durante um ano, publicou no Facebook. “Triste” é o segundo livro de Sica, publicado pela editora paulista Lote 42. Ele explica: “A lote 42 é uma editora independente, uma pequena editora em comparação às editoras tradicionais. Como participo de feiras de publicações independentes, numa dessas feiras, que eles também participaram, surgiu o convite para publicar algo”. O livro foi lançado em São Paulo em dezembro. O volume, em formato álbum, com espiral, apresenta simplicidade e criatividade no acabamento. O resultado é um livro que envolve o leitor. Em Pelotas a obra poderá ser adquirida sexta no lançamento, que também terá uma mostra paralela. Trata-se dos bordados de Márcia Hamaguchi. A Mondo Rosso também oferece disco em vinil, sebo, comidas e bebidas.

TRISTE – O autor menciona sobra a obra: “A ideia geral do livro, digo geral, porque, podem existir inúmeras leituras, dependendo do olhar de quem vê, mas, no geral, aborda sobre um assunto contemporâneo, que é o não-estar e o não-olhar. Algo que vemos muito hoje, isto é, estar fisicamente presente, porém alheio ao que acontece ao redor”.

DESENHAR – “Me considero desenhista, assim defino o que faço. não tenho formação em artes, aprendi fazendo. Conto minha carreira partindo dos quinze anos de idade, quando pagaram pelo meu primeiro desenho publicado. De lá pra cá são muitas as experiências com o desenho. Estou com quarenta anos, são 25 anos trabalhando com arte”, diz Sica. Autor de livros “Ordinário” e “Fachadas”, ele acrescenta: “Defendo a ideia de que todo mundo sabe desenhar. O que acontece é que muitas pessoas param na infância, geralmente após serem alfabetizadas. Desenho não é talento, dom etc. Desenho é prática e curiosidade pela linguagem. Desenho desde pequeno e nunca parei, mesmo passando por outros empregos. Minha mãe sempre desenhou e sempre incentivou. Ela é minha grande referência no desenho”.

 

 

 

 

 

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