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quinta, 25 de abril de 2024

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LUZ PARA TODOS: Nenhum pai tem o direito de desistir do filho

16 setembro
18:00 2014

No Centro Espírita Jesus, promotor José Olavo Passos abordou sobre homofobia, controvérsias da Bíblia, racismo e família como base à educação

Por Carlos Cogoy

Promotor José Olavo Passos, Carlos Antônio Dutra e Fátima Ferreira (LEP) CRÉDITO: FOTOS : Cogoy

Promotor José Olavo Passos, Carlos Antônio Dutra e Fátima Ferreira (LEP) FOTO : Cogoy

Adoção de criança por casal homossexual. O promotor José Olavo Passos ingressou com a ação, e o judiciário deferiu. A decisão, há alguns anos, repercutiu e provocou debate. Atualmente, diz o promotor público, a criança está bem tratada, recebendo cuidados, atenção e carinho.

No Centro Espírita Jesus – Praça José Bonifácio 52 -, sábado à noite ele foi o palestrante no encerramento do ciclo de palestras “Luz para todos”. Neste ano, a temática das palestras foi a homossexualidade. Passos lembrou que, à época da adoção, recebeu carta.  O remetente anunciava ao promotor que “o demônio pegaria a sua alma”. O episódio, disse o palestrante, remete à necessidade de algumas abordagens acerca das inúmeras controvérsias em relação à Bíblia.

CONFUSÃO BÍBLICA – Passos afirmou que é cristão, aceita que Cristo esteve por aqui, mas também acredita na reencarnação. Sobre a Bíblia, observou que Jesus nada escreveu. Duzentos anos após sua morte, o bispo de Lyon é que definiu quais evangelhos seriam aprovados. E, mirando a questão patrimonial e a desvalorização da mulher, elencou apenas os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas, mencionou o palestrante, houve também os evangelhos de Tomé, Maria Madalena e Judas. “Quem era Maria Madalena? Aprendemos que foi prostituta. No entanto, ela nunca foi, não corresponde ao seu perfil. Na verdade foi uma mulher com certo poder aquisitivo, companheira de Cristo que participou da sua caminhada.

Jesus amava Madalena e ela tinha certa influência sobre ele. Já Pedro não gostava dela, e tinha ciúme de Madalena. Em relação a Judas, seu ‘evangelho’ somente foi descoberto no século 20. E foi encontrado num pote de barro no deserto do Saara.

Nomeado por Cristo, ele era o tesoureiro dos apóstolos. Ora, em geral, o tesoureiro é alguém que podemos confiar. E Judas era de uma família com posses. Sua corrente doutrinária aceitava confrontos. Ele amava Cristo e o admirou quando quebrou o templo, expulsando mercadores. No entanto, Judas não admitia a conduta de paz apregoada por Cristo. Ele queria o enfrentamento com os romanos, libertando a Judeia. Na última ceia, Jesus diz a ele ‘cumpre o teu dever’. Então se ele não tivesse ido aos romanos e dito aonde estava Jesus, nada do que sabemos teria acontecido. Jesus sabia o que aconteceria. E Judas arrependeu-se, mas alguém o perdoou? Ele proporcionou a crucificação, mas devemos perdoá-lo. Afinal, não era esse o ensinamento de Jesus?”, indagou José Olavo.

CONTROVÉRSIAS – Na palestra, o promotor também salientou que a Bíblia tem recebido diferentes interpretações. E, entre as controvérsias, exemplificou com o “santo sudário” que, periciado, ainda não foi definitivamente considerado verdadeiro ou falso. Outro fato seria o túmulo da família de Cristo, que também não foi provado como autêntico. “Quem disse que o amor deveria ser apenas entre homem e mulher? Quem, interpretando a Bíblia, encontrou esse sentido? Se a Bíblia é o tal livro dos cristãos, então por que temos várias religiões cristãs? São tantas religiões, que estou pensando virar ateu”, descontraiu o palestrante.

HOMOFOBIA é o “medo do igual, aversão à homossexualidade”. O palestrante citou que não gostar é uma predileção particular, mas o problema acontece quando se concretiza como “prática de conduta”. E tais práticas se efetivam através de violências física, moral, psicológica ou patrimonial. Na violência física, agressões e lesões podem levar à morte. “Por que chegamos a esse ponto? Nascemos simples e ignorantes. Então quem pode dizer que os homossexuais são depravados, que teriam permanecido na ignorância? Está na Bíblia, quem leu? Já os espíritas aprendem que os anjos não tem sexo. Ao ir para ‘cima’, não temos sexo, e poderemos voltar como homem ou mulher. Então, possível perguntar se somos homossexuais? Como fica a questão?”, perguntou Passos.

RACISMO – Passos também abordou sobre o racismo. E comentou acerca do episódio da torcedora gremista. Conforme avaliou, há bom tempo a torcida “Geral” já deveria ter sido coibida no estádio. Portanto, acrescenta, não concorda com a punição isolada à torcedora que apenas repetia o que os demais também entoavam. “Ela não fez nada demais, apenas gritou o que o grupo dizia e já fazia há bom tempo. Então todos erraram. A jovem ficou como ‘bode expiatório’, e teve casa incendiada. O que se aprende com isso é que uma punição não é o correto. Ou todos ou não se faz. No País, o racismo está implícito, não só no futebol, mas nas escolas e toda sociedade. E Pelé que é contestado por algumas afirmações, dessa vez disse algo oportuno.

Afirmou que foi errado parar o jogo e fazer escândalo. Também se soube que um dos juízes que avaliaria a questão já havia postado, em redes sociais, piadas com conotação racista. Ora, a questão é complexa e exige diálogo, debate. A juíza de Livramento ao invés de impor o casamento gay no CTG, provocando reação, deveria ter promovido a discussão. O momento é de evolução e luta por direitos, mas não devemos, ao reagir perante a discriminação, cair no extremo da intolerância e radicalismo”, recomendou.

EDUCAÇÃO – Para o promotor a família é a base e o retorno da educação. É lá que o jovem aprenderá a respeitar o professor, lidar com as diferenças. Num lar no qual nota o incentivo à bebida, drogas e violência, acontecerá o efeito oposto. E exemplificou com namorados adolescentes. Há casos nos quais o menino de catorze anos já bate na namorada. Para o promotor “Nenhum pai tem o direito de desistir do filho”, o que é contrariado no cotidiano, quando os pais tentam entregar os filhos ao Conselho Tutelar.

EVOLUÇÃO – “Nosso planeta é de expiações, e nossa meta é o desenvolvimento, evoluindo para voltar numa vida um pouco melhor. No planejamento reencarnatório, escolhemos a família, conforme nosso processo de evolução”, concluiu.

Apresentação musical com o grupo “Filhos do Sol”

Apresentação musical com o grupo “Filhos do Sol”

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