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Autor gaúcho Marcelo Canellas lança sua obra

24 outubro
15:19 2013
Autor gaúcho Marcelo Canellas eventualmente escreve numa Olivetti

Autor gaúcho Marcelo Canellas eventualmente escreve numa Olivetti

O janeiro em que o Brasil me perdeu. O poodle e o curumim. O guri e o elefante. A morte da vaca. O cego e a bicicleta. Crônica provinciana. Alguns dos títulos de crônicas que integram o livro de estreia do jornalista gaúcho Marcelo Canellas. Há 25 anos residindo fora do Estado, atualmente trabalha no núcleo de reportagens especiais do “Fantástico” da Globo. Premiado por matérias que abordam questões sociais, há pouco mais de dez anos publica crônicas semanalmente. Conforme explica, foi estimulado pelo convite do Diário de Santa Maria. Em 2006, também passou a publicar no jornal “A Cidade” de Ribeirão Preto. Em onze anos já publicou seiscentas crônicas. Para o primeiro livro, Canellas selecionou setenta crônicas de diferentes períodos. “Províncias – crônicas da alma interiorana” (160 páginas) – publicação da editora Globo Estilo – teve primeiro lançamento no domingo em Santa Maria. Nesta semana, conforme o autor, está iniciando a distribuição no País. O volume está sendo comercializado a R$34,90.

Repórter de TV, Canellas distingue o trabalho com a imagem e o fazer literário: “A linguagem da reportagem é inteiramente distinta da linguagem da crônica. Mas é inegável que não abandono meu olho de repórter quando escrevo crônicas. A diferença é que a notícia tem um valor objetivo intrínseco, é naturalmente relevante, sua importância está nela própria. A crônica não. A crônica, ao tratar, frequentemente, de assuntos ‘desimportantes’, só alcança relevância na subjetividade do leitor. Ou seja, sua significação é alcançada quando o leitor se emociona com o que lê, ou faz alguma reflexão com base nas impressões do cronista”.

Sem computador nem internet, quando está na chácara em Sobradinho – Distrito Federal -, o autor recorre à datilografia numa Olivetti. Ao chegar em Brasília, digitaliza o material. “Quando escrevo para jornal, costumo, frequentemente, ser movido pelo ‘dead line’, pelo prazo. Portanto escrevo de uma só vez. Mas, para o livro, procurei reescrever algumas crônicas que julguei precisarem de retoque”, menciona.

Livro de estréia

Livro de estréia

Em relação à temática do livro de estreia, o autor declara: “Em algumas crônicas do livro abordo eventos ‘desimportantes’ como o desmonte de um circo, por exemplo, mas que resgatam sentimentos universais cuja relevância simbólica expande sua significação. Em outras, busco refletir sobre acontecimentos objetivamente relevantes, do ponto de vista do interesse jornalístico, como o incêndio da boate Kiss, mas com uma interpretação distinta do que eu faria numa reportagem. O que me interessa, como cronista, é buscar na subjetividade de uma impressão, um novo olhar sobre o fato”.

Como leitor, Canellas cita suas preferências: “O cronista que mais me influenciou foi Rubem Braga. Gosto da carpintaria narrativa dos romances de Gabriel García Marquez, de Érico Veríssimo, de Raduan Nassar e de Ernesto Sabato. E do olhar minucioso que Mario Quintana lança sobre o cotidiano. Por gostar bastante de música, penso que também sou, de alguma forma, influenciado pela poética das letras de Chico Buarque”.

O escritor observa acerca da possibilidade de textos mais longos: “Escrevi alguns poucos contos. Recebi o Prêmio Josué Guimarães de contos, promovido pela Jornada Literária de Passo Fundo, integrando a antologia ‘Contos Premiados’, publicada pelo Instituto Estadual do Livro em 2006. Ainda não pensei na possibilidade de um romance”.

Sobre o quanto a presença na grande mídia, pode contribuir para a divulgação do livro, ele acrescenta: “Talvez o fato de trabalhar com reportagem de tevê, gere alguma curiosidade por parte de certo tipo de leitor. Mas nenhuma leitura se sustenta sem encantamento. É o texto escrito, o teor da narrativa e a subjetividade da percepção de quem lê, que sustentam a qualidade de um livro”.

Natural de Passo Fundo, Canellas estudou em Santa Maria. Ele salienta a ligação com a cidade: “Sinto como se jamais tivesse deixado Santa Maria. Minha ligação afetiva com a cidade nunca se desfez. Obviamente, procurei vivenciar plenamente os lugares onde morei depois que deixei o Rio Grande do Sul. Mas persiste a sensação de pertencimento que me liga a Santa Maria”.

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