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MAUS TRATOS AOS ANIMAIS : Cobranças e exemplos marcaram audiência pública

17 dezembro
09:04 2015

A ampliação do Comitê Municipal de Proteção Animal, que hoje é formado somente por integrantes da Prefeitura, para receber protetores de animais que atuam junto à comunidade, foi um dos encaminhamentos da audiência pública realizada no Legislativo, terça-feira, que contou com a presença da deputada estadual Regina Becker, cuja atuação é voltada à defesa dos animais.

Proposta pelo vereador Marcus Cunha (PDT), a audiência foi solicitada pela diretora da ONG Amigos do Lixão, Cristina Oliveira, preocupada com a desinformação das pessoas sobre o atendimento aos animais de rua, em especial quanto aos casos de maus tratos, abandono e doenças.

Participaram as agentes fiscais Paula Tavares e Luciane Palma, da Secretaria de Qualidade Ambiental, Leonardo Raffi, veterinário responsável pelo Canil Municipal e o diretor de Vigilância em Saúde, Franklin Neto. Protetoras de animais compuseram a plateia.

Para a maioria das protetoras, a falta de comprometimento do Poder Público é um dos grandes problemas enfrentados por quem atua na causa animal. Cristina Oliveira fez uma série de indagações aos representantes da Prefeitura.

Ela quis saber, por exemplo, por que existem tantos órgãos dispersos para tratar de um mesmo assunto. “A pessoa liga para a Secretaria de Qualidade Ambiental que manda ligar para a Secretaria de Serviços Urbanos que manda ligar para a Vigilância Ambiental que manda ligar para a Polícia Ambiental e, no fim, nós mesmas é que tentamos resolver”, disse a protetora.

“Estamos abandonadas pelos órgãos públicos, não temos a quem pedir ajuda. Não existe fiscalização”, completou.

Na sexta-feira, 11/12, Cristina e o vereador Marcus Cunha visitaram o Canil Municipal. Segundo a protetora contou, o local estava limpo e os animais alimentados. “Mas só havia 15 cães. E não nos deixaram fotografar os animais que estavam ali. Porquê? Como é que o Canil consegue adoção para os cães sem divulgar?”, indagou. Ela também quis saber porque havia tão poucos animais, se existem tantos abandonados. “O que é feito deles?”

REGINA Becker, Cristina Oliveira e Marcus Cunha

REGINA Becker, Cristina Oliveira e Marcus Cunha

Segundo explicou, as protetoras têm uma grande dificuldade para manter e conseguir adotantes para os animais recolhidos das ruas. “Não conseguimos atendimento gratuito em clínicas, temos que buscar ajuda para arrecadar dinheiro, fazer brechó de roupas, conseguir doação de ração e medicamentos”, explicou.

Cristina disse que, na visita, viu um cão pastor alemão que havia sido recolhido. E lembrou de uma publicação, nas redes sociais, pedindo ajuda para encontrar um animal igual que estava perdido há duas semanas. Quando voltou para casa, entrou em contato com o dono do cão perdido e avisou que no canil havia um igual ao dele. Era o mesmo.

“E se eu não tivesse visitado o canil? O que teria acontecido com o cão? Teria sido adotado por outra pessoa?”

Com a insistência da protetora, o veterinário Leonardo Raffi concordou que representantes de ONGs poderão agendar para visitar e fotografar os animais com o objetivo de divulgar os que estiverem para adoção.

POPULAÇÃO – De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, veterinário Franklin Neto, Pelotas possui cerca de 70 mil cães, dos quais 10%, ou sete mil, são cães errantes. Outros 70% vivem nas ruas, mas são cuidados por alguém e 20% vivem dentro de casa.

A situação dos cães não é a única que preocupa as protetoras de animais. Os gatos também são alvo do abandono, doenças e maus tratos. Milene Velasco, do Instituto Guarany, faz, junto com companheiras, um trabalho de castração e resgate de gatos que vivem em um prédio abandonado em frente ao Teatro Guarany. “E não é só ali, existem prédios abandonados em toda a cidade, com gatos vivendo neles”, disse Milene.

Por fim, a questão que dominou a segunda parte da audiência foi a crueldade com os cavalos e o fim das carroças. Durante a audiência surgiu uma denúncia nas redes sociais de um cavalo caído na Avenida Theodoro Muller. Pessoas que viram o animal ser deixado ali pelo dono, tentaram obter auxílio de órgãos públicos durante várias horas, sem sucesso. Somente ao final da tarde, um caminhão da Prefeitura apareceu para levar o cavalo à hospedaria de grande animais.

UNIÃO – Embora atrasada, devido a uma reunião na Assembleia Legislativa, a deputada Regina Becker fez questão de participar da audiência pública. Ela fez um apelo às protetoras. “Se unam”, ela pediu. “A desunião favorece a Prefeitura”.

Regina Becker foi uma das idealizadoras da Secretaria Especial dos Direitos Animais – Seda, de Porto Alegre, e sua primeira secretária. Segundo a deputada, é preciso cobrar ações do Poder Público. “A Prefeitura tem que desenvolver ações para enfrentar os maus tratos, defender os animais e auxiliar as protetoras.” Para Regina Becker “é fundamental que a rede de proteção dialogue entre si e o Poder Público saiba ouvir”.

ENCAMINHAMENTOS – O VEREADOR MARCUS Cunha apresentou como encaminhamentos, aprovados pelos participantes: produção de vídeos educativos, com o apoio das protetoras de animais, por meio da TV Câmara; por sugestão do vereador Beto Z3, propor uma lei municipal para que os órgãos do município recebam denúncias por telefone, o que hoje não é permitido; que a Prefeitura construa um gatil; que as fotos do Canil Municipal sejam disponibilizadas para a população; que os maus tratos aos cavalos e o uso das carroças sejam fiscalizados; e que o Comitê Municipal de Proteção Animal tenha representantes dos protetores de animais.

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