Diário da Manhã

quinta, 25 de abril de 2024

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PESCA : Período de defeso preserva a biodiversidade

23 novembro
08:40 2017

Desde o dia 1º de novembro, no Rio Grande do Sul e na maior parte do país acontece o chamado período de defeso nas chamadas águas interiores, que englobam rios, lagoas, arroios, banhados, canais e estuários.

“Esse é o período da piracema, de reprodução das espécies, e o defeso objetiva contribuir para a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros, garantindo a manutenção e a preservação de peixes como cascudos, jundiás, pintados, violas, bagres e dourados”, explica a coordenadora da área de Pesca Artesanal da Emater/RS-Ascar, Ana Spinelli.

O defeso, nestas áreas, vai até o dia 31 de março, e neste período, em que a pesca é proibida, há uma compensação pelo seguro defeso, que garante ao pescador profissional o recebimento de um salário mínimo para manter a si e a sua família. “Importante destacar que desde o último dia 24 de janeiro, foram divulgadas novas regras para o seguro defeso”, diz Ana, ao citar a extinção do benefício aos trabalhadores da pesca que tenham vínculo empregatício fora da pesca, e ainda pescadores artesanais que tenham outra espécie disponível para pesca, que não esteja no período de defeso.

O defeso, por exemplo, no Sul ocorre no período de maior calor e é quando muitas pessoas são atraídas para locais onde há água. Na busca por lazer, a pesca amadora é uma prática quase natural dos veranistas, que igualmente devem saber respeitar esse período de reprodução das espécies, evitando pescar peixes muito pequenos, que estão em crescimento, e peixes que estão na Lista Estadual das Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no RS (Decreto nº 51.797), como o bagre e o dourado. “O objetivo é garantir a conservação das espécies para que tenhamos sempre peixes para enriquecer nossa alimentação”, alerta o diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura.

O defeso do bagre, por exemplo, cuja espécie está, desde 2014, na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de Extinção, vai de 15 de dezembro a 31 de março, período este em que as redes e cabos são retirados do mar para o veraneio, evitando acidentes com os veranistas/banhistas.

O bagre não é encontrado só no mar, mas em lagoas, incluindo o estuário do Guaíba, pois essa espécie busca águas menos salinas para procriar. O bagre demora de sete a oito anos para entrar em reprodução e outra característica interessante é que é o macho que incuba as ovas na boca por durante três meses. Ou seja, as gônadas maturam à medida em que a espécie se desloca para o interior da lagoa e a desova ocorre entre o fim da primavera e início do verão, período este do defeso.

MODO de vida dos pescadores também é alterado

MODO de vida dos pescadores também é alterado

Já o dourado, comum na bacia do Rio Uruguai, precisa migrar contra a corrente para estimular sua reprodução, ameaçada pela construção de barragens, e seu período de defeso é de 1º de novembro a 31 de janeiro, também para a procriação.

“Por essas características e pelo tempo de reprodução é que precisamos, no período de defeso, manter preservada nossa rica diversidade de peixes de água doce”, salienta Ana.

O Rio Grande do Sul ocupa 3,3% do território nacional e abriga cerca de 16% das espécies brasileiras. “Como extensionistas da Emater, temos o dever de orientar os pescadores e a população para que evitem a pesca ilegal e a contaminação dos ambientes naturais, para que nossa fauna se reproduza e garanta nosso alimento, assim como para as futuras gerações. Ao mesmo tempo, é nossa orientação manter estoques de pescado para garantir a renda e o modo de vida dos pescadores profissionais artesanais gaúchos”, avalia o diretor Moura.

Ao pescar, lembre: devolva os animais pequenos para a água e evite pescar espécies em extinção. Tudo a seu tempo e teremos este riquíssimo alimento, que é o pescado, sempre acessível em quantidade e qualidade.

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