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Pilotos da linha Latécoère Aéropostale estão em Pelotas

06 maio
14:20 2014

Chegou a Pelotas, no início da tarde desta segunda-feira (5/5/2014), o grupo de pilotos da linha francesa Latécoère Aéropostale que está refazendo, de forma simbólica, o roteiro do Raid Latécoère, percorrido pela empresa de aviação de correios, depois da primeira guerra mundial – que incluía Pelotas. Após serem recepcionados no Aeroporto Internacional e almoçar no tradicional Café Aquário com a vice-prefeita Paula Mascarenhas, eles visitaram a exposição “Memória da Aéropostale”, no Mercado Central, em companhia do prefeito Eduardo Leite. O grupo era aguardado para a vernissage da mostra, ocorrida na noite de domingo, mas foi impossibilitado de decolar de Melo, no Uruguai, devido ao mau tempo.

Eduardo recebe comitiva francesa (Foto: Rafa Marin)

Eduardo recebe comitiva francesa (Foto: Rafa Marin)

A equipe conta com cinco pilotos: o francês Hervé Berardi, comandante da expedição e presidente da Fundação Latécoère, as francesas Carole Descazeaux (piloto-chefe) e Sévérine Frachon, e os ingleses Robin Wicks e Derek Alway. Acompanham o grupo as francesas Marie-Cecile Desalbres, que trata da logística da viagem, e Meliane Rocher, que está registrando a aventura com uma filmadora. Para Berardi, que percorre o trajeto na América do Sul pela terceira vez, o mais interessante é saber que está revivendo uma história que é universal e a diversidade dos povos que revisitam.

Questionada sobre o cansaço da viagem – iniciada em 4 de abril e que deve se estender até 29 de maio -, Carole Descazeaux se mostra consciente da importância histórica do projeto. “Este projeto é ‘grande’ e muito compensador, mas o que mais cansa são as horas de espera”. A jovem de 26 anos, que chefia os pilotos, conta que eles estiveram em Melo por dois dias, prontos para vir a Pelotas, mas ficaram impossibilitados de decolar com os aviões de pequeno porte devido ao clima.

Ao longo de um mês eles percorreram a Argentina e o Uruguai e também passaram pelo Chile. Agora, vão passar por oito cidades brasileiras: após Pelotas, primeira do roteiro, seguem para Florianópolis (SC), Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Ilhéus (BA), Recife (PE) e Natal (RN), última cidade do trajeto, onde devem chegar no dia 15 de maio. Depois disso, retornam a Montevidéu para devolver os aviões alugados – um Cessna 182, de 4 assentos e um Piper Seneca, de dois motores e seis lugares. Em outubro, farão o percurso da África.

Exposição pode ser vista até 8 de junho – “O tempo assim, instável, contribui para a gente vivenciar um pouco da experiência destes grandes homens, aventureiros e corajosos, que enfrentavam obstáculos e as intempéries, em uma época em que não havia os recursos tecnológicos de hoje. Se lançavam ao perigo em nome da união dos povos”, disse a vice-prefeita Paula Mascarenhas, na abertura da exposição “Memória da Aéropostale”, na chuvosa noite de domingo (4/5/2014), no Mercado Central.

Paula recordou uma das frases mais conhecidas de Antoine Saint-Exupéry de Exupéry, que além de escritor conhecido em todo o mundo era também um dos pilotos da Latécoère: ‘Só há um luxo verdadeiro: o das relações humanas’. “Esta exposição é uma homenagem às relações humanas, à capacidade dos homens de enfrentar obstáculos e superar desafios”, completou a vice-prefeita.

Presidente da Associação Memória da Aéropostale no Brasil (Amab), Mônica Cristina Corrêa agradeceu a acolhida calorosa ao projeto e disse estar muito feliz em constatar a sabedoria dos pelotenses em lidar com os aspectos culturais de sua história.

A exposição é composta por uma série de imagens e textos que contam a história da linha aérea de correios – hoje Air France -, desde a sua concepção, nos anos vinte do século passado, por Pierre-Georges Latécoère, a partir de “sobras de guerra”. “Para mim o aspecto mais importante deste resgate histórico é o fato de ele (Latécoère) ter conseguido transformar armas de guerra em meios de comunicação entre os homens. As cartas transportam emoções”, disse o memorialista e colaborador da exposição, Ramão Costa.

Chegada dos pilotos na Aeropostale (Foto: Rafa Marin)

Chegada dos pilotos na Aeropostale (Foto: Rafa Marin)

Parte do material exposto refere-se à vida e participação no Raid Latécoère (o percurso percorrido pela empresa) do autor de “O Pequeno Príncipe”, Exupéry, que foi parafraseado em várias ocasiões, ao longo do domingo. “Aqueles que passam por nós, não vão sós. Nem nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”, citou Marcelo Mazza Terra, membro da quinta família proprietária da Charqueada São João – nos últimos 70 anos -, que fez questão de mostrar pessoalmente aos convidados os aposentos e artefatos e narrar os principais fatos históricos ocorridos no lugar. “Hoje a charqueada é mais conhecida pela gravação de ‘A Casa das Sete Mulheres’ e, mais recentemente, do filme ‘O Tempo e o Vento’, mas também tivemos aqui hospedado o botânico francês Augusto de Saint-Hilare, em 1820”, destacou.

A exposição é fruto de uma parceria da prefeitura de Pelotas, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), com a Amab, a Fundação Latécoère e o Fundo de Dotação Latécoère. Pode ser vista no Mercado Central de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h; aos sábados das 8h30 às 18h30; e domingos das 8h30 às 14h. Entrada franca.

Grupo trabalhará para recuperar a cultura francesa em Pelotas – Em reunião-almoço ocorrida no domingo, na Charqueada São João, gestores e memorialistas envolvidos no projeto da Latécoère Aéropostale decidiram organizar um grupo de trabalho, sob a coordenação de Leandro Betemps, diretor de pesquisas do Museu e Espaço Cultural da Etnia Francesa, para recuperar e fomentar os aspectos culturais franceses do patrimônio pelotense.

“Vocês se mostram um povo culto, orgulhoso de ser pelotense e de sua cultura. Podemos somar esforços e fazer uma parceria franco-brasileira. A Amab trará colaboração para incentivar o que vocês já tem”, declarou a  presidente da Amab, Mônica Corrêa, ao grupo reunido, elogiando o trabalho de resgate realizado no Município. “O movimento em Pelotas já é maior que em Floripa, que começou há seis anos”, disse.

Entre as prioridades apontadas estão a qualificação do Museu, localizado na Vila Nova (7º Distrito de Pelotas) e a criação de um novo espaço para divulgação da cultura francesa no antigo campo de viação francês de Pelotas, localizado na zona norte do Município. Paula Mascarenhas, em nome da prefeitura, assumiu o compromisso de recuperar o espaço público.

Também participaram da reunião os memorialistas Ramão Costa, Rui Carlos Vôlz Barboza e João Batista Martins Júnior, o secretário de Gestão Administrativa e Financeira (Sgaf) Francisco Cruz, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sdet) Fernando Estima, o superintendente de Turismo Valter Poetch, o idealizador e membro do Museu da Etnia Francesa Gilberto Ebersol, e o general André Luiz Silveira, comandante do 8ª Brigada de Infantaria Motorizada.

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