Diário da Manhã

sexta, 19 de abril de 2024

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Rede de Assistência Social atende pessoas em situação de rua

24 maio
08:52 2018

De janeiro a abril, entre as 165 pessoas acolhidas pela Casa de Passagem e pelo Centro Pop, 67 são pelotenses

Restos de papelão, cobertores molhados e sujeira; acumulados embaixo de marquises, no meio de praças e junto a becos. Essa é a realidade dos atendidos pelas equipes da Casa de Passagem e do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop). As unidades da Secretaria de Assistência Social (SAS) realizam, semanalmente, rondas diurnas e noturnas pela cidade, com o intuito de retirar pessoas das ruas, oferecer alimento e higiene básica, além de facilitar o acesso aos benefícios assistenciais e a solicitação de documentos.

As rondas costumam ocorrer nas Praças Coronel Pedro Osório, Cypriano Barcellos e parque Dom Antônio Zattera; no entroncamento das ruas Marechal Floriano e Barão de Santa Tecla; nos pontos de ônibus da rua General Osório; e na frente do Hospital Universitário São Francisco de Paula, locais com maior concentração de sem-tetos. O grupo usa o diálogo como ferramenta para que essas pessoas sejam convencidas a receber atendimento no abrigo – que tem 30 vagas – e no Centro Pop.

Acolhimentos

As abordagens são realizadas o ano inteiro – com maior periodicidade nos meses frios. O objetivo é aproximar esses indivíduos em situação de pobreza extrema dos serviços oferecidos pela Prefeitura, de forma que possam garantir um futuro longe das ruas.

As equipes da Casa de Passagem e do Centro Pop são formadas por profissionais diversos. Nas rondas noturnas, quatro servidores percorrem a cidade em busca de quem aceite ir para os abrigos.

Nas abordagens diurnas, o grupo de trabalho é maior, formado por dois assistentes sociais, um psicólogo e sete educadores sociais, que oferecem tratamento psicológico, atividades educativas, lazer, alimentação, higiene, além da rede de serviços do Município.

      Nas abordagens diurnas, o grupo de trabalho é maior, formado por dois assistentes sociais, um psicólogo e sete educadores sociais, que oferecem tratamento psicológico, atividades educativas, lazer, alimentação, higiene, além da rede de serviços do Município.

Nas abordagens diurnas, o grupo de trabalho é maior, formado por dois assistentes sociais, um psicólogo e sete educadores sociais, que oferecem tratamento psicológico, atividades educativas, lazer, alimentação, higiene, além da rede de serviços do Município.

Ponto de passagem

Pelotas está estrategicamente posicionada no caminho entre as cidades do sul da América Latina, como Buenos Aires e Montevidéu, e o restante do Brasil. Por esse motivo, o indicador de quem está em trânsito pela cidade recebe destaque.

Conforme a coordenadora do Centro Pop, Thais Furtado Mendes, de janeiro a abril, 165 pessoas foram acolhidas pelo grupo, sendo 67 pelotenses, 23 argentinos, 18 uruguaios e 57 de outras cidades do país. Somados argentinos, uruguaios e de fora da cidade, os atendidos chegam a 98.

“A maior parte dos encontrados na rua são andarilhos que vêm de países como Argentina e Uruguai, de São Paulo e estados do Norte do País. Todos recebem atendimento durante sua estadia na cidade”, esclarece a coordenadora da Casa de Passagem, Denair da Rosa.

Os cidadãos recebem café da manhã e da tarde, além de vale-alimentação para almoçar no Restaurante Popular. Quando existe necessidade de encaminhar para serviços de saúde, os profissionais o fazem por meio do Consultório de Rua e da Atenção Básica (UBS Sansca).

Cabe salientar que, desde a criação do Centro Pop – em março de 2011 -, 432 pessoas já passaram por atendimento. O percentual de 2018 representa 38% do total de atendidos.

Jovem andarilho

Em uma das rondas diurnas, realizada no início de maio, as equipes avistaram uma barraca azul e amarela na praça Cypriano Barcellos. Dentro dela estava o jovem Iago, na faixa dos 20 anos, com seus três cachorros. Ele contou às equipes conhecer bem a rotina dos abrigos para onde queriam levá-lo, pois, por não ter família, percorreu-os durante a infância. Disse, também, ser paulistano e ter caminhado por oito meses, de São Paulo a Pelotas, onde chegou no mês de abril.

Os servidores explicaram ao rapaz que ele não poderia ficar acampado no local; precisava se retirar. A coordenadora Denair, e a assistente social, Silvia Quintana, observaram, ainda, que os animais estavam cobertos por uma doença de pele, o que foi confirmado pelo próprio Iago, que também apresentava feridas nos braços.

Durante a ronda noturna, o Consultório de Rua foi acionado e, desde então, Iago estabeleceu vínculo com os profissionais do Centro Pop, apesar de repetir que seguirá viagem.

Eletricista é sem-teto há 25 anos

Na esquina das ruas Marechal Floriano e Barão de Santa Tecla, um senhor de 56 anos, chamado Paulo, dormia tranquilamente. Ele já era conhecido da equipe de abordagem diurna, que decidiu acordá-lo e percebeu sinais de embriaguez. Depois de conversar novamente – tentativas já haviam sido feitas em outros dias –, as cuidadoras conseguiram convencê-lo a ir para a Casa de Passagem.

No caminho, Paulo contou que estava nessa situação há 25 anos, era eletricista e instalador hidráulico e tinha uma família. Ele disse que mora na rua por escolha própria, pois não quer incomodar o irmão, mas não esclareceu os motivos que o levaram a essa decisão.

Desde a primeira vez que aceitou ir para a Casa de Passagem, Paulo retornou para sua antiga rotina outras vezes, mas manteve o vínculo estabelecido, e volta para a rede de atendimento sempre que precisa de alimentação, higiene ou uma cama para descansar. As equipes conseguiram encaminhar seus documentos, nesse período, e seguem empenhadas para que ele construa um futuro longe das ruas.

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