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SAFRA DO CAMARÃO : Captura liberada mas sem as redes na Lagoa

01 fevereiro
09:32 2019

Não tem camarão na área da Colônia Z-3. Embora a temporada de captura seja oficialmente aberta hoje nenhum pescador lançará suas redes nas águas. Os próximos dias são decisivos para mudar a situação da Lagoa dos Patos, abrandando a preocupação das famílias que vivem da pesca.

A torcida na Z-3 é grande. As preces são para que não chova em fevereiro, o vento vire-se para o Sul e predomine o calor. Essas são as condições para baixar o nível da Lagoa, permitindo a entrada da água salgada do mar e das larvas do crustáceo. Esperar é a única alternativa para os pescadores.

O QUE DIZ O PESCADOR

“Dependemos só da água!” Esta afirmação é unanimidade entre os pescadores da Z-3, e enfatizada por Otavilino Costa Ortiz, de 68 anos, praticante da pesca desde os 10 anos de idade, morador naquela Colônia, casado, pai de dois filhos – um atua na pesca e o outro em navegação de carga.

Otavilino, enquanto contemplava a paisagem da Lagoa na manhã desta quinta-feira (31), véspera da liberação oficial da captura do camarão, repetia: a água tem que salgar! Ele salienta que há muita dúvida entre os pescadores. Não é possível afirmar que a safra será frustrada, nem que será positiva.

Colônia Z-3 precisa de estiagem, vento Sul e calor para que o nível da Lagoa baixe e entrem água salgada e o crustáceo

Colônia Z-3 precisa de estiagem, vento Sul e calor para que o nível da Lagoa baixe e entrem água salgada e o crustáceo

A situação dos pescadores está indefinida e difícil. A tainha também está escassa. “A água dá e a água leva”, afirmou, lembrando que, em dezembro, a Lagoa chegou a salinizar, mas com as chuvas de janeiro o quadro mudou.

Para o pescador, o motivo da maioria dos jovens, filhos de pescadores, não prosseguirem na atividade dos pais é justamente a incerteza. Há safras boas, que compensam. Outras não pagam sequer a manutenção das embarcações e o óleo para os motores. Além disso, o peixe é pouco valorizado pelo atravessador.

Para o pescador Altemar Correia Donini, que pratica a atividade desde garoto, a legislação é uma das maiores responsáveis pelos problemas enfrentados. Para ele, a captura do camarão não tem que ter data marcada. O tamanho atingido pela espécie, quando presente no estuário, deveria ser o fato determinante para liberação ou não da pesca.

Donini explica que há ocasiões em que o crustáceo está presente na Lagoa, com tamanho adequado. No entanto, os pescadores têm que esperar pelo dia determinado para iniciar as atividades. Muitas vezes, as condições da água mudam e a captura fica perdida.

Para o peixe, no entanto, a situação é diferente. Enquanto o camarão larga as larvas que se desenvolvem por si só, o peixe possui as ovas para reprodução. Por isso, há necessidade do período de sua pesca ser fixado.

O pescador defende a urgência de revisão da legislação e também critica a proibição da pesca do bagre na região.

Medidas

O secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, salienta que a Prefeitura acompanha a situação dos pescadores em qualquer circunstância. Para dinamizar a economia da Colônia Z-3, está planejada a requalificação da praia da localidade. O turismo movimenta o comércio.

O vice-presidente do Sindicato dos Pescadores, Sandro Manoel Pinto, diz que a situação é preocupante. A safra de corvina (novembro/dezembro) foi fraca, a tainha está escassa e não há camarão.

Pinto garante que o Sindicato está mobilizado para buscar apoio, para negociar a data de vencimento das dívidas dos pescadores com os bancos e para pedir auxílio à Secretaria de Desenvolvimento Rural, pesca e Cooperativismo do Estado.

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