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sábado, 20 de abril de 2024

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SUPERLOTAÇÃO DO PRONTO SOCORRO : Câmara convida setores da Saúde para buscar solução

27 março
10:37 2015

Ao final da audiência pública proposta pelo vereador Marcus Cunha (PDT) para debater a superlotação do Pronto Socorro, ficou acertada reunião, na próxima segunda-feira, às 14h30, na Secretaria Municipal de Saúde, para iniciar um estudo do volume necessário de leitos nos hospitais de Pelotas capazes de atender a demanda no PS.

A sugestão, levantada pelo parlamentar foi acatada por todos, e deverão estar presentes representantes da Comissão de Saúde do Legislativo, da Secretaria Municipal de Saúde, do Conselho Municipal de Saúde e dos hospitais locais.

Em sua avaliação, a audiência foi “muito proveitosa”, disse Marcus Cunha. “Lugar de internação é em hospital, não é nos corredores do Pronto Socorro, e isso foi consenso entre todos os presentes, inclusive a própria secretária de Saúde, que admitiu a falta de leitos hospitalares”, afirmou o presidente da Comissão de Saúde da Câmara.

O parlamentar também sugeriu que o Executivo utilize recursos da arrecadação do IPTU, que este ano deverá ficar em torno de R$ 20 milhões para a compra de leitos, “numa demonstração de que a saúde é prioridade para o governo”.

Para o presidente da Câmara, vereador Ademar Ornel (DEM), a posição que deve ser adotada por todos os agentes públicos é “em favor do Pronto Socorro”. Ele disse que a evolução no atendimento do PS nos últimos anos foi importante, mas “enquanto tiver gente morrendo temos que ficar tristes”.

ORNEL: “enquanto tiver gente morrendo temos que ficar tristes”

ORNEL: “enquanto tiver gente morrendo temos que ficar tristes”

O vereador cumprimentou o colega Marcus Cunha pela audiência pública, e ressaltou que o prefeito Eduardo Leite não cumpriu com o compromisso anunciado no início de seu governo, de realizar encontros mensais com os vereadores e voluntários para tratar de melhorias na saúde pública.

JUDICIÁRIO – Tramitam na 6ª Vara Cível Especializada em Fazenda Pública de Pelotas, 13.500 processos. Desses, entre cinco mil e seis mil são na área da saúde. Os números foram apresentados pelo presidente da Câmara, Ademar Ornel e confirmados pelo titular da 6ª Vara, juiz Mauro Peil Martins, convidado para a audiência pública.

Para o vereador, “se esse número de pessoas entra com ações na Justiça, então a saúde não está bem. São problemas concretos, tem que ir ao médico e ao advogado ao mesmo tempo”, afirmou.

Em sua fala, o juiz disse que, apesar do pouco tempo no cargo, já pode perceber que “a situação não é boa”. Disse, no entanto, não ter uma solução e que seu interesse não é “judicializar” o problema da saúde em Pelotas, seja no caso do Pronto Socorro seja quanto à falta de leitos.

“Cabe ao administrador encontrar meios técnicos para resolver e encontrar uma solução, e aos vereadores fiscalizar”, concluiu.

PARALISAÇÃO – Não são somente os pacientes e familiares a se queixar do atendimento no Pronto Socorro. Os funcionários, representados na audiência pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde de Pelotas, Luciano Viegas, se reúnem na próxima semana para decidir sobre uma paralisação. O piso da categoria, de R$ 1.100,00, acertado em 2014, não está sendo pago pelo município.

Ao fazer uma retrospectiva da saúde no município, a secretária Arita Bergmann mostrou que a situação vem melhorando nos últimos anos. Segundo ela, isto se deve porque a atenção básica tem dado respostas positivas, como o aumento do programa Estratégia da Saúde da Família nos bairros, as unidades básicas de saúde que também aumentaram, a ampliação de leitos hospitalares e, por fim, a grande solução, no seu entendimento: a construção da Unidade de Pronto Atendimento da Avenida Bento Gonçalves, a UPA 3, que atenderá de 250 a 400 pacientes/dia, com seis médicos, sendo dois pediatras, no turno diurno, e mais três médicos à noite. “Eles vão diminuir a carga de trabalho a que são submetidos os servidores do Pronto Socorro”, disse a secretária.

Ao falar sobre a questão da falta de leitos hospitalares, Arita Bergmann deixou uma dúvida no ar: “não sabemos se os hospitais têm disposição de fechar leitos privados e abrir leitos do SUS”.

Logo após a secretária, foi a vez da superintendente de Gestão Hospitalar, Rosângela Soares abordar a situação do Pronto Socorro. Para ela, o aumento no número de pacientes se deve, muito, à busca de moradores de municípios da região. Há algum tempo, explicou, era de cerca de 9%. Agora, chega a 30%.

Além disso, ela se referiu às chamadas “baixas sociais”. E explicou: vivemos num polo de pobreza. A criança recebe alta às 10h da manhã, mas a mãe fica no hospital até as 9h da noite depois de ter almoçado e jantado. E tem aquelas pessoas que precisam de dietas especiais e não têm como pagar, então internam para ter as dietas”, afirmou Rosângela.

Diretora diz que Pronto Socorro nunca viveu momento tão bom

 Mônica Mendes acompanhou a secretária Arita Bergmann e equipe em audiência pública na Câmara de Vereadores

Equipe gestora da Secretaria de Saúde (SMS) participou, ontem, de audiência pública sobre o Pronto Socorro de Pelotas (PSP), no plenário Bernardo de Souza da Câmara Municipal, proposta pelo vereador Marcus Cunha (PDT), presidente da Comissão de Saúde do legislativo. A diretora geral da unidade, Mônica Mendes, afirmou que o PSP nunca viveu um momento tão positivo. A secretária de Saúde, Arita Bergmann, ratificou a afirmação de Mônica com dados concretos: a média de pacientes aguardando por internação no PSP caiu de 80 para 40 em menos de dois anos, uma queda de 50%; o tempo médio de espera por leitos também diminuiu de 2,75 dias (2013) para 1,34 dia (2014). Um fator importante para estes avanços foi a ampliação em 110 novos leitos em menos de dois anos.

SECRETÁRIA Arita Bergmann

SECRETÁRIA Arita Bergmann

A cada ano, transitam pelo PSP quase 100 mil pessoas. “Tem dias que os corredores estão vazios, outros voltam a estar ocupados. O quadro muda constantemente e nós levantamos estas causas todos os dias, para entender as variações do fluxo”, comentou a secretária. Ontem (25), por exemplo, tinham sido liberados 29 leitos e havia poucos pacientes aguardando leito; durante a noite chegaram muitas pessoas e pela manhã já havia 39 pessoas em espera; em seguida foram liberados 16 leitos e, no meio da manhã, o número já tinha caído para 23. “Mas daqui a pouco, a fila pode estar menor ou maior, são muitos os fatores que influenciam neste fluxo.”

Superintendente de Gestão Ambulatorial e Hospitalar, Rosângela Soares explicou diversos fatores que interferem na dinâmica do PSP. O número de pessoas com picadas de cobras neste verão, por exemplo, foi cinco vezes maior que no verão passado e o número de vítimas de acidentes com moto também foi bem superior. Também aumentou de modo significativo a vinda de pacientes de outros municípios da região – respondiam por 10% do total, agora representam 30%. Por outro lado, o número de atendimentos diários no PSP, aumentou de 250, em 2014, para 320, em 2015.

A diretora geral do PSP recordou que poucas décadas atrás, quando já atuava como médica de saúde pública, chegou a fazer atendimento em pé, no Pronto Socorro, sem ar-condicionado, sem contar com o serviço do Samu, que faz o deslocamento adequado dos pacientes. “Isso aconteceu e eu vivi”, disse Mônica. O vereador José Sizenando (PPS) lembrou que, nesta época, a média de espera por leito dos pacientes que ficavam nos corredores do PSP ficava entre 20 e 24 dias – atualmente é de 1,34 dia. “A gente melhorou e muito. Nestes 19 anos em que atuo em pronto-socorro, posso afirmar com tranquilidade, a gente nunca viveu um momento tão bom”, disse Mônica.

Ela lembrou que, sempre que há um problema de saúde, as pessoas recorrem ao PSP – o número de pacientes que tem convênio particular, mas opta por ir primeiro ao PSP também aumentou – e é obrigação da unidade manter as portas abertas à população, independentemente de número de leitos disponíveis. “E mesmo quando há leitos, a agente não pode simplesmente empurrar estes pacientes para os hospitais, primeiro temos que dar o atendimento adequado e deixá-los estáveis ou vamos gerar problemas lá no hospital”, explicou. “Queremos melhorar mais, sim, mas não se pode negar que estamos evoluindo. O sistema é complexo e nós estamos trabalhando, ninguém está parado. Acredito que a gente está no caminho certo”, disse Mônica.

Sobre alternativas para reduzir ainda mais a fila de espera por internação, a secretária Arita lembrou que estão em obras três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), sendo que a da avenida Bento Gonçalves, que fará de 250 a 400 atendimentos diários, tem previsão de entrar em funcionamento ainda este ano. “Ela vai, definitivamente, diminuir a carga de trabalho dos servidores do PSP”. As outras duas devem estar em ação até o final de 2016.

Quanto à contratação de mais leitos para os pacientes do SUS, cuja porta de entrada é o PSP, Arita disse que a Secretaria adoraria contratar tantos leitos quantos fossem necessários, mas o Município não tem orçamento para cobrir estes gastos. A gestora lembrou que o valor de cada leito contratado não se resume à hotelaria (o espaço físico, contratualizado com os hospitais), mas também devem ser considerados os insumos (medicamentos e materiais hospitalares) e a equipe médica. O custo médio de cada leito é de R$ R$ 1,2 mil a R$ 1,4 mil ao dia. “Somos parceiros para buscar novos recursos com a União”, comentou Arita, sobre proposição dos vereadores..

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