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terça, 23 de abril de 2024

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TRANSPORTE RURAL : Redução da tarifa alegra usuários

22 abril
08:39 2019

A mudança do sistema de transporte de passageiros da área rural, a partir do dia 1º de maio, com unificação da tarifa em R$ 3,70, padronização da frota, controle da tabela de horários, bilhetagem eletrônica, GPS nos ônibus, manutenção e limpeza dos carros com assiduidade é assunto dominante nas rodas de conversa no interior.

Há moradores que já fazem planos para utilizar o dinheiro que vai sobrar com a nova passagem e, outros, ainda não acreditam que a transformação está a caminho e mostram-se adeptos à doutrina de São Tomé: “É preciso ver para crer”.

Das dez linhas que atualmente servem ao interior do Município, cujos trajetos serão mantidos no novo sistema, a linha Wilson Müller/Graffiti é a que faz o percurso mais longo. São aproximadamente 70 quilômetros que separam o 4º distrito, Triunfo, do ponto central do transporte coletivo rural, à rua General Neto entre Marechal Deodoro e Barão de Santa Tecla. A prefeita Paula Mascarenhas se emociona quando fala desta conquista. “Talvez nada do que eu venha a fazer no governo, e ainda tem muita coisa boa pela frente, possa se comparar a esta transformação que vamos proporcionar na vida das pessoas que moram e trabalham na Colônia, com o preço justo da tarifa”, afirmou.

CONFIRA O CÁLCULO DA DIFERENÇA

A tarifa até a parada mais longe do 4º distrito é de R$ 18,40. A partir do dia 1º, o usuário economizará R$ 14,70 em cada deslocamento – quase R$ 30,00 ida e volta.

Nesta semana, interessados formaram fila na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Wilson Müller, para providenciar o cartão de passagem na bilhetagem eletrônica dos ônibus a partir do dia 1º. O agente de cadastro da empresa Santa Cruz, concessionária dos futuros serviços de transporte rural, Arthur Madruga, encarregou-se de cadastrar os moradores. Os cartões devem ser retirados na Central de Atendimento, à rua General Osório, 866. Quem não se cadastrou pode fazê-lo nesse endereço.

“QUANTAS VEZES EU QUIS IR À CIDADE E NÃO PUDE”

Casados há 43 anos, Balduíno e Aldina Strelow Treptow providenciaram seus cadastros no novo sistema, quando o atendimento da concessionária foi presencial na Escola Wilson Müller. O casal é morador no 4º distrito, onta legumes e hortaliças para consumo da própria família e fumo para o sustento. Os dois filhos trabalham na lavoura e a filha, casada, reside na cidade.

“Tenho 63 anos e não acreditava que a situação do transporte fosse mudar. Minha filha mora na cidade e, muitas vezes, só meu marido pode ir vê-la, porque ele tem mais de 65 anos e anda de ônibus sem pagar. Ele vai, a saudade dela fica comigo”, desabafou dona Aldina.

Para ela, a tarifa a R$ 3,70 envolverá até o lado emocional dos moradores da colônia. “Quantas vezes eu quis ir à cidade e não pude! O dinheiro é escasso, as despesas são muitas, inclusive com remédios, além da conta mensal de energia elétrica, que também é alta. Entre sair e cumprir com as prioridades, não há escolha. Então, a gente se priva da convivência mais frequente com a filha, do passeio no centro e até mesmo de algum compromisso”.

USUÁRIOS já fazem seus cadastros

USUÁRIOS já fazem seus cadastros

Dona Aldina destaca que a mudança vai beneficiar toda a população da colônia. “Meus filhos, Marciano, casado, e Sidinei, solteiro, não levaram adiante os estudos. Ficaram na lavoura de fumo; assumiram nosso lugar. A juventude de agora vai aproveitar mais; ter mais acesso às oportunidades”.

O casal Edemar e Diva Werner, também na fila para encaminhar o cartão do ônibus no 4º distrito, disse que enfrenta dificuldades para pagar a tarifa atual de R$ 18,40. Eles são agricultores. Plantam fumo e soja.

“Está difícil de acreditar. Se a mudança chegar, subirá a qualidade de vida de todos daqui. Isso nos dá mais esperança”, afirmou emocionada dona Diva.

Seu Edemar não escondeu a preocupação com a neta. “Ela está crescendo nos estudos. Em seguida, vai buscar grau mais avançado, que só tem na cidade. Com a passagem no preço em que está, vai ser difícil”, comentou, depositando esperanças na nova tarifa, enquanto complementava: “Agora sim, olharam para o colono”.

Gislaine Santana Siqueira, casada e moradora no Triunfo, disse que, às vezes, tem que pedir dinheiro emprestado a uma tia para se deslocar à cidade. Ela tem dois filhos – uma menina de nove anos e um menino de nove meses. A menina também paga tarifa integral, assim como ela e o marido. Se a família fosse completa ao Centro, seriam gastos R$ 110,40, ida e volta, só de passagem. “Simplesmente não dá! Nunca fomos todos juntos até a cidade”

GISLAINE Siqueira reside no Triunfo

GISLAINE Siqueira reside no Triunfo

Gislaine e o marido trabalham como diaristas nas lavouras dos colonos da região. Ganham pouco. “A tarifa a R$ 3,70 vai mudar muita coisa; vai trazer justiça e oportunidades; o dinheiro vai sobrar para comprar outras coisas de necessidade”, disse ela.

Na Escola Wilson Müller, a diretora Lílian Aldrighi Gomes Guterres e professoras, como Márcia Martins, também utilizam o transporte coletivo rural. Elas, a exemplo dos demais usuários, enfrentam dificuldades devido ao valor da passagem praticado atualmente. “Não parece verdade! Vou ter que esperar para acreditar!”, exclama Lílian.

Sobre a qualidade atual do transporte, a professora Márcia lembrou-se de um dia que chovia muito e os passageiros passaram por horas de aflição. “O ônibus estava lotado. O pessoal teve que ficar em pé, no corredor, todo mundo apertado, porque o ônibus tinha muitas goteiras e chovia demais em cima dos bancos. Não dá para esquecer”, contou, acrescentando que os carros não são habitualmente conservados, além da falta de limpeza frequente.

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