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Transtorno auditivo ainda desconhecido por muitos pais pode prejudicar o aprendizado das crianças

Transtorno auditivo ainda desconhecido por muitos pais pode prejudicar o aprendizado das crianças
16 março
14:01 2018

O Transtorno do Processamento Auditivo (TPA), que afeta a capacidade de interpretação da informação sonora, deve ser tratado a partir dos seis anos de idade

Você com certeza já ouviu falar em perda de audição. Mas sabe o que é transtorno do processamento auditivo? Ele ainda não é muito conhecido, e aí é que está o perigo. Ele pode causar inúmeros prejuízos, especialmente para as crianças, já que a maioria dos pais – e até muitos médicos – desconhece o assunto.

Alguns sintomas, como falta de concentração; desinteresse; hiperatividade e isolamento social – comportamentos verificados em muitas crianças – podem levar a diagnósticos como Dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). No entanto, esses mesmos sintomas podem ser também consequência do Transtorno do Processamento Auditivo, ou TPA, um problema auditivo reconhecido pela medicina há apenas 15 anos e por isso ainda pouco diagnosticado pelos médicos. E o que é pior: o mal pode estar afetando milhares de brasileirinhos que desconhecem que têm o problema.

O transtorno afeta a capacidade de compreensão dos sons e pode prejudicar o desenvolvimento intelectual desde a infância. A criança ouve normalmente, mas não consegue interpretar o que ouve. É como se as palavras e demais sons fossem apenas ruídos.

“A criança ou adolescente com TPA não consegue discriminar os sons quanto à sua localização e amplitude e não reconhece ou não compreende o significado de cada som presente no ambiente. Com isso, o mundo se transforma em uma incômoda confusão de barulhos desconexos e embaralhados”, explica Marcella Vidal, Fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.

De acordo com neurologistas, todo o esforço feito por quem tem o transtorno para entender o que acontece ao redor é demasiado para o cérebro. Chega uma hora que o cérebro não resiste e “desliga”. Por isso, as pessoas com TPA são sempre muito distraídas e perdem o foco de atenção muito rápido sobre o que está acontecendo à sua volta.

“Em condições normais, localizar o som é entender a sua origem, direção e distância; é perceber o que é o badalar do sino da igreja, a buzina de um carro. Logo, ter uma boa audição e ouvir bem nem sempre é o suficiente para compreender os sons e como esses sons são processados no cérebro”, explica a fonoaudióloga da Telex, que é especialista em Audiologia Infantil.

Quem sofre com o TPA também tem a fala e a leitura prejudicadas, uma vez que o processo de linguagem se desenvolve ao mesmo tempo que o da audição. Com isso, a criança pode não aprender a falar nem a ler bem, já que é necessário associar as palavras ao som que elas têm.

O diagnóstico é dado geralmente na fase de alfabetização da criança, uma vez que o aluno começa a apresentar perda de memória de curto prazo; pouca concentração e incapacidade de leitura e escrita, na escola. O que acontece é que essas crianças ouvem claramente a voz do professor mas têm dificuldade para entender o enunciado de problemas e interpretar textos, atropelando as palavras durante a leitura, com grandes prejuízos na fase de alfabetização. Muitos ainda são diagnosticados de forma incorreta. A boa notícia é que o problema pode ser contornado.

“É de extrema importância que o diagnóstico seja efetuado o quanto antes para que os problemas no aprendizado sejam superados mais facilmente. O cérebro humano tem, principalmente durante a infância, uma grande flexibilidade. Com o tratamento fonoaudiológico e o apoio de uma equipe pedagógica, desde cedo, a criança tem grandes chances de obter um ótimo desempenho escolar, pois seu cérebro será treinado para desenvolver rotas alternativas para driblar o transtorno”, orienta Marcella.

O diagnóstico do Transtorno do Processamento Auditivo é consolidado por um fonoaudiólogo por meio de testes especiais que descartam outros problemas. “Na maior parte dos casos, o sistema auditivo periférico (tímpano, ossículos, cóclea e nervo auditivo) está totalmente preservado. Por isso são realizados procedimentos um pouco mais elaborados do que as análises audiométricas comuns. É preciso avaliar o desenvolvimento linguístico e o comportamento auditivo, por exemplo. A idade mínima adequada para efetuar tal estudo é a partir dos seis anos de idade.

Os exames apontarão em quais habilidades auditivas a criança tem maior dificuldade e isso servirá de orientação para a escolha do plano de tratamento, do treinamento auditivo que o fonoaudiólogo conduzirá com a criança, em um trabalho terapêutico de médio a longo prazo” explica a especialista.

A tecnologia também vem ajudando a criança com Transtorno do Processamento Auditivo. O Sistema de Frequência Modulada (FM), conhecido como FM Amigo, da Telex Soluções Auditivas, permite a comunicação direta de pais e professores com crianças e jovens que apresentam dificuldades auditivas, mesmo aqueles sem perda auditiva periférica, que é o caso do TPA. Para esses casos, o Kit FM disponível nas lojas da Telex é composto pelo transmissor Amigo T31 e o receptor FM Amigo Star. O sistema funciona fazendo com que a voz de quem está com o transmissor (microfone) seja amplificada e transmitida diretamente para receptor Amigo Star que está na orelha da criança, sem reverberação ou ruído de fundo, mantendo o sinal da fala original, alto e claro. Isso faz com que a criança volte sua atenção mais facilmente para o que está sendo explicado em sala de aula, sem esforço de escuta.

Não se sabe ao certo como o TPA surge, mas acredita-se que a falta de estímulos sonoros durante a infância seja uma das causas. As estruturas do cérebro que interpretam e hierarquizam os sons se desenvolvem até os 13 anos. Até essa idade, as notas musicais, as palavras e os barulhos do dia a dia vão lentamente ensinando o cérebro a lidar com a audição. Alguns pesquisadores destacam que crianças com lesões ou inflamações frequentes no ouvido médio podem desenvolver o TPA. Doenças neurodegenerativas, rubéola, sífilis e toxoplasmose ou mesmo alcoolismo, dependência química materna e até mesmo anóxia no parto também podem causar o transtorno. Porém, nada ainda foi comprovado cientificamente.

Dicas para pais e professores de crianças com TPA:

 – É preciso manter silêncio na hora do estudo, na escola e em casa; ambientes barulhentos prejudicam ainda mais a concentração das crianças com TPA;

– Na escola a criança deve sentar-se o mais perto possível do professor e ficar afastada de portas e janelas, para ficar protegida de ruídos;

– Deve-se procurar falar de forma clara e pausada, de frente para a criança e, sempre que possível, fornecer as instruções e atividades bem perto dela;

– A criança deve ser incentivada pelos pais e professores no esforço de aprendizagem, para obter melhor desempenho nos estudos e aumentar sua autoestima;

– Tecnologias como o uso do FM Amigo é uma das soluções que irá dar suporte para a criança em sala de aula.

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