Diário da Manhã

sexta, 19 de abril de 2024

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Assistência Técnica e Políticas Públicas alavancam produção de leite no RS

15 outubro
17:45 2013

Segundo maior produtor de leite do país, o Rio Grande do Sul produz mais de 3,9 bilhões de litros anuais, o que equivale a 12% da produção nacional, ficando atrás somente de Minas Gerais, conforme dados da Pesquisa da Pecuária Municipal divulgados recentemente pelo IBGE. No Estado, a agricultura familiar é responsável por 85% do total produzido, o que coloca a atividade leiteira como uma importante estratégia na composição da renda dos agricultores e no processo de desenvolvimento econômico e Vaca Leiteirasocial das regiões produtoras. São mais de 134 mil produtores de leite no Estado, que possuem um rebanho acima de 1,5 milhão de vacas, com produção diária de 10,6 milhões de litros de leite.

“Esta é uma atividade típica da agricultura familiar no Rio Grande do Sul, em pequenas e médias propriedades, e o expressivo crescimento da produção deve-se ao trabalho desenvolvido pela Emater, que acompanha sistematicamente 30 mil produtores de leite, e às políticas públicas do Governo do Estado voltadas ao setor, como o Programa Leite Gaúcho, da SDR, e o Programa Mais Leite de Qualidade, da Seapa”, destaca o presidente da Emater/RS, Lino De David, ao avaliar os números divulgados pelo IBGE referentes à captação de leite no país em 2012.

“Nos últimos anos, por força das políticas públicas e da intervenção da Emater – em questões como o manejo do rebanho, melhoramento genético, qualidade do leite e produção de pastagens -, houve a profissionalização dos produtores e, consequentemente, a elevação da produtividade por área e por vaca”, frisa De David. “Para este ano, estima-se um crescimento de 5% na produção de leite no Rio Grande do Sul, colocando-nos mais próximos de Minas Gerais”, projeta o presidente da Emater/RS.

Políticas públicas ao setor

O Governo do Estado desenvolve diversas políticas públicas voltadas à agricultura familiar, em especial aos produtores de leite. Através do programa Leite Gaúcho, foram repassados, em 2012 e 2013, cerca de R$ 15 milhões para a compra de equipamentos (trator, insumos e resfriadores). Do orçamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo de 2012/13, foram destinados R$ 9,5 milhões para o custeio de forrageiras anuais e mais de R$ 500 mil para a compra de conjuntos de inseminação artificial (recipiente de nitrogênio líquido, pipetas, luvas e sêmen; e outros R$ 500 mil para o financiamento de pastagens perenes. Além disso, foi aprovado no Plano Safra 2012/13 recursos, através do Programa Leite Gaúcho e Pecuária Familiar, para a construção de Unidades Experimentais Participativas (UEPA), que servem para Dias de Campo, visitas técnicas e troca de conhecimentos. Em 2012, foram construídas 16 UEPA, e aprovadas a montagem de mais 61 para 2013.

Para o titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Ivar Pavan, os resultados positivos na produção leiteira são fruto de investimentos pesados do Governo do Estado em políticas públicas que estimulam a produção e o desenvolvimento da agricultura familiar. “Estamos obtendo agora os resultados dos investimentos em capacitação e em programas, como o Leite Gaúcho, que contribuíram significativamente para esse novo cenário”, afirmou Pavan. Até meados de agosto, o Governo, via SDR, já investiu mais de meio bilhão de reais em políticas públicas para a agricultura familiar.

Importância da qualificação

Nos sete Centros de Formação de Agricultores da Emater/RS-Ascar no Estado, a Instituição oferece inúmeros cursos e capacitações aos produtores, com foco em atividades de produção (cultivos e criações), processamento e agroindustrialização de matérias-primas, artesanato, plantas medicinais, gestão de atividades e outras. Desde o início das atividades dos Centros de Formação, em 1995, já foram capacitadas mais de 40 mil pessoas. O investimento fica, em média, em R$ 250 por curso, incluindo material didático, hospedagem e alimentação.

LeiteSomente neste ano, foram capacitados cerca de 900 produtores de leite, em cursos com foco na atividade: Bovinocultura de leite; Gestão da produção leiteira; Manejo e higiene da ordenha; Dieta para vacas de alta produção; Inseminação artificial de bovinos; e Reciclagem de inseminadores. “Buscamos melhorar a produção quantitativamente, repassando ao agricultor orientações sobre manejo, alimentação do rebanho e criação da novilha, e qualitativamente, melhorando a genética dos animais e adequando o produtor à Normativa nº 62, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)”, explica o coordenador e instrutor do Centro de Formação de Agricultores de Nova Petrópolis, Arnaldo José Basso.

Conforme Basso, a bovinocultura de leite representa mais do que uma atividade econômica para a propriedade, possuindo também um importante viés social e ambiental. “Além da geração de renda, a produção de leite ocupa a mão de obra familiar, favorecendo a permanência do jovem no campo. Além disso, como o agricultor produz o alimento para os animais em sua propriedade, não há dependência de insumos externos, e o meio ambiente não é exaurido”, explica, ao lembrar que a Emater/RS-Ascar incentiva a produção à base de pasto.

O agricultor e técnico em agropecuária Marcos Seefeld, de 24 anos, já participou de todos os cursos promovidos pelo Cetanp, e desde então vem aplicando os conhecimentos aprendidos em sua propriedade. “Estamos aumentando a produtividade média em 1,5 litro por vaca ao ano. Há alguns anos, conseguíamos cerca de 20 litros por vaca ao dia. Hoje, chegamos aos 28 litros, com picos de 34 litros ao dia”, afirma o jovem produtor. As 23 vacas em lactação é que geram a principal receita da propriedade. “O leite é o carro-chefe da propriedade. Conseguimos nos manter bem, e os preços nos últimos meses têm sido muito bons. Pretendo continuar na propriedade e tocar o trabalho dos meus pais”, afirmou.

Assistência Técnica que faz a diferença

No município de Trindade do Sul, localizado na região do Médio Alto Uruguai, agricultores do Assentamento 29 de Outubro, que fazem parte da Cooperativa de Produção Agropecuária de Trindade do Sul (Coopatrisul), com auxílio de técnicos da Emater/RS-Ascar, estão tendo excelentes resultados com a bovinocultura de leite. Adotando-se a produção à base de pasto, com a utilização do piqueteamento para melhor aproveitamento de áreas e a implantação de novas pastagens perenes, foi possível maximizar a produção, diminuir os custos, reduzir os impactos ambientais e fornecer alimentação em quantidade e qualidade adequada aos animais.

Leite EmbrapaComo explica Névio Woloszyn, técnico em agropecuária do escritório da Emater/RS-Ascar de Trindade do Sul, a principal medida adotada foi substituir aos poucos a área cultivada com pastagens anuais por pastagens perenes, diminuindo-se, desta forma, a necessidade de revolver o solo para efetuar a semeadura de pastos, como capim sudão, sorgo ou milheto. “Apesar da diminuição de 20 hectares de área plantada com pastagens, não houve redução na oferta de alimentos para os animais, pelo contrário, constatamos uma regularidade maior na quantidade de alimento oferecida”, destaca.

Outra vantagem apontada por Woloszyn é a maior resistência das gramas perenes em relação às anuais durante períodos de déficit hídrico. “A deficiência nutricional dos animais não ficou tão acentuada em épocas de seca”, afirma. Também foi facilitado o acesso à água e à sombra, visando melhorar o bem-estar dos animais. Todas essas medidas levaram a um aumento na produtividade, passando de 7,8 litros para 11,8 litros por vaca ao dia, com redução dos custos de produção, que atualmente está em média em R$ 0,19 por litro, incluindo ração e luz. “No sistema free stall (confinamento), esse valor chega a R$ 0,80 por litro”, compara Woloszyn.

 

Créditos: Kátia Marcon

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