Diário da Manhã

sexta, 29 de março de 2024

Notícias

Encontro internacional debate alternativas ao plantio do fumo

02 outubro
15:28 2013

Encontro internacional plantio fumo 02O encontro reúne representantes de ministérios e setores governamentais vinculados a agricultura de 18 países e discute os artigos 17 e 18 da Convenção-Quadro contra o Tabaco da ONU, Organização das Nações Unidas, que tratam da diversificação e alternativas viáveis ao tabaco e da proteção à saúde dos agricultores e ao meio ambiente. O grupo que fica em Pelotas até quinta-feira debate um modelo para pequenas propriedades e deve elaborar até o ano que vem, em um encontro na Rússia, um relatório final com recomendações e diretrizes para implementação de um programa para substituição do fumo por outros produtos. O projeto realizado pelo Capa, Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, no sul do estado, está sendo apresentado como a alternativa viável para os produtores rurais investirem em uma nova cultura. “São Lourenço do Sul tem a estrutura mais sólida, dentro do Brasil, em atividades competitivas junto ao tabaco. Recomendamos que seja um modelo mundial” defende Nilton Pinho de Bem, diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Esta é a primeira apresentação oficial do governo federal junto ao grupo internacional do Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o Tabaco. O projeto é uma resposta ao compromisso assumido pelo Brasil em 2012 na COP 5 (Conferência das Partes), em Seul na Coreia do Sul, em ter uma proposta metodológica e política que estimulasse a substituição de culturas nas propriedades rurais. A Convenção-Quadro para controle do tabaco é um tratado internacional, aprovado em 2003, e que reúne quase 180 países na adoção de medidas para restrição ao consumo de tabaco e derivados.

O projeto

Entre 2012 e 2013 o projeto do Capa atendeu cerca de 960 famílias dos municípios de Pelotas, Cristal, São Lourenço do Sul, Amaral Ferrador, Turuçu, Canguçu e Arroio do Padre. “No início os produtores tinham medo, não queriam receber os técnicos do Capa. Hoje eles se sentem seguros para fazer a mudança” comemora Rita Surita, coordenadora do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor. Segundo ela, o sucesso do programa leva em conta três fatores: o estabelecimento de parcerias dos produtores com cooperativas e associações que garantem suporte técnico e econômico, priorizar e aproveitar o potencial do agricultor familiar na produção de alimentos e dar a eles a liberdade de escolha na hora de definir que tipo de cultura desejam plantar e criando assim novas oportunidades. Para garantir o sucesso do projeto oito cooperativas da região participam do programa dando assistência técnica, produção de sementes, apoio ao crédito e produção entre outras áreas. “Um exemplo é o custo da muda. O produtor que opta em realizar o plantio de árvores frutíferas paga apenas 1/3 do valor total. As outras partes são subsidiadas e isso é incentivador” revela Carla Rech, assessora técnica do Capa. Nesta quarta-feira, os participantes do evento vão conhecer o trabalho feito em duas propriedades do interior de São Lourenço do Sul. Nestes locais houve a migração de áreas de fumo para produção de leite e frutas. O grupo também vai conhecer o trabalho desenvolvido pela CRESOL, Cooperativa de Crédito com Interação Solidária e da COOPAR, Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul. “Nos queremos é oferecer alternativas viáveis ao pequeno produtor, mostrar a eles que existe outra possibilidade. Agora, se ele vai reduzir é uma escolha dele” afirma o representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Encontro internacional plantio fumo 01O encontro

Desde 2005, a cada dois anos, os representantes do COP(Conferência das Partes) se encontram para discutir modelos de diversificação criados pelos países e que possam servir de exemplo para as comunidades. Vijay Trivedi, secretário da Convenção-Quadro da Organização Mundial de Saúde para o Controle do Tabaco diz que os participantes aprendem com as experiências e partilham delas. Ele afirma que os governos são os responsáveis em criar estruturas que permitam a migração do modelo existente: “Os estados membros tem a obrigação de fornecer as condições para que o produtor tenha opções ao tabaco, para que eles deixem de ser vulneráveis à um ciclo que eles não conseguem se desvencilhar”. Enquanto na Europa a redução da área cultivada com fumo vem reduzindo após medidas dos governos, na Nicaragua, na América Central, a cadeia fumageira responde por 4% do total de exportações do país e gera cerca de US$ 100 milhões ao ano. O representante do país diz que nove por cento da população está vinculada com a produção de tabaco e que mudar este panorama é um processo que demanda tempo.

Produção no Brasil

97% do fumo produzido no país é destinado a fabricação de cigarros. A produção está localizada nos três estados do sul. Aproximadamente 150 mil produtores cultivam o tabaco, 90 mil só no Rio Grande do Sul. Em média, a área destinada por famílias para o plantio é de 2 hectares e meio.

O encontro do COP 5 (Convenção das Partes) é promovido pelo Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Saúde e Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em 8 anos de atividade mais de 80 mil produtores, em todo o Brasil, já participaram de etapas do Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com o Tabaco.

Notícias Relacionadas

Comentários ()

Seções