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quinta, 18 de abril de 2024

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Pescados da Metade Sul ganham certificação de qualidade e passam a ser vendidos em todo o RS

19 setembro
17:40 2013

CoopescaAposentado, o pescador Ariovaldo Couta da Silva não consegue se manter longe da rede e da água. Foi no estuário da Lagoa dos Patos, em São Lourenço do Sul, que ele cresceu na atividade da pesca e casou-se com uma pescadora local. À exemplo do sogro, seu Ariovaldo fez do pescado seu sustento por 14 anos. Há cinco ele pediu aposentadoria, mas segue ativo. “Eu nunca parei. Não consigo. A vida inteira fiz isso. Já pescava no oceano antes de vir para São Lourenço. Vim pra cá em 1977 e já tive até três embarcações”, recorda.

Caravana de Interiorização - Coopesca

Atualmente ele é um dos cerca de 400 pescadores do município que estão reerguendo a vida após a última enchente, que assolou a cidade em 2011. As casas mais próximas da beira da lagoa ainda levam a marca de umidade acima das janelas, altura que a água atingiu naquela época. “Eu perdi todo o galpão, as redes, tudo. Conseguimos madeiras com a prefeitura depois, e hoje os juros baixos para aquisição dos novos equipamentos para pesca que o Governo Federal oferece nos auxiliam”, explica Ariovaldo.

O pescador de 65 anos de idade é um dos 78 sócios da Cooperativa dos Pescadores Profissionais e Artesanais Pérola da Lagoa (Coopesca), que recebeu R$ 200 mil do Governo do Estado por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper).

O grupo ganhou, nesta terça-feira (17), durante a Interiorização do Governo do Estado na Região Sul, os certificados de qualidade da Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Cispoa). A partir de agora, o pescado de São Lourenço do Sul poderá ser comercializado para todo o Estado e também acessar os programas de Aquisição de Alimentos e Merenda Escolar.
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) firmou convênio com os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e o do Desenvolvimento Agrário para criar uma nova modalidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que inclua os pescadores.

“Coordenamos esta operação junto às prefeituras municipais. Os municípios são incentivados a aderir e apresentar projetos para destinar o pescado à famílias em situação de insegurança alimentar e atender a demanda da merenda escolar”, explica a gerente regional da Emater, Karin Peglon. “Desta forma se constroi uma ação estruturante porque a política agrega como fornecedor o próprio beneficiário, que é o pescador. Inclusive os pescadores em situação de extrema pobreza”, afirma.

Para o vice-presidente da Coopesca, Clodoaldo de Freitas Vargas, o Governo do Estado tem tido um papel muito importante na área de assistência técnica e gestão da cooperativa. “Havia outros municípios da Região Sul interessados em colocar o peixe na merenda escolar, mas não tínhamos o selo da inspeção estadual. Agora teremos”.
Produto chega aos supermercados e restaurantes
A Coopesca tem capacidade para escoar a produção de São Lourenço para oito municípios da Região Sul e, por meio de linhas de crédito facilitadas pelo Governo do Estado, está apta à comercialização do pescado em todo território gaúcho. “Compramos equipamentos que nos permitiram fazer embalagem a vácuo e em bandejas. Agora estamos colocando o produto nos supermercados e restaurantes”, comemora Clodoaldo.

CoopescaCom dois pontos de compras em Santa Vitória do Palmar, a cooperativa surgiu de um grupo de mulheres há cinco anos. A presidente, Gessi Aranha da Silva, salienta que as políticas públicas do governo estadual contribuiram muito para a sustentabilidade dos pescadores da região. “O selo Sabor Gaúcho era o que faltava para podermos incentivar o consumo do peixe na alimentação do nosso povo. As pessoas não têm o hábito de comer este alimento que é tão importante para nossa vida”, comenta.

Para o representante da Colônia de Pescadores de São Lourenço do Sul, Ivan Khun, as medidas estaduais em benefício do setor devem mudar a vida das famílias de pescadores e o desenvolvimento da região. “Com a possibilidade de vender para fora da cidade e agregar valor no produto, vai melhorar bastante. Só ficamos apreensivos é com os fatores do clima. O excesso de chuva é a única ameaça que temos no momento”, projeta.

O momento da piracema coloca os pescadores no movimento chamado de defesa, em que não se pesca para evitar a quebra do ciclo natural dos peixes que vivem na água salgada. O excesso de chuvas pode deixar a água doce e comprometer a próxima safra. Mas por enquanto, os pescadores da Metade Sul tem motivos para comemorar.

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