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sexta, 26 de abril de 2024

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A perda do erotismo (atração e desejo) nas relações amorosas longas

A perda do erotismo (atração e desejo) nas relações amorosas longas
22 maio
14:32 2018

“Eu gosto do(a) meu (minha) parceiro(a), mas perdi o interesse sexual por ele(a)”: por que o erotismo diminui nas relações amorosas?

Já repararam que, no começo de relação, estamos mais inseguros em nos mostrarmos e, ao mesmo tempo, temos mais interesse em descobrir o outro? Isso se evidencia como uma instabilidade, um estado de curiosidade e extinção pelas descobertas. Entretanto, nós vamos conhecendo a pessoa e ela vai perdendo o mistério. Surge a rotina, passamos a ficar mais seguros (o que é bom), mas perdemos o “frio da barriga”.

Embora pouco se discuta abertamente sobre isso, é muito comum que o desejo sexual diminua com o tempo. Certamente, isso depende do contexto, mas existem algumas respostas genéricas para esse fenômeno.

No início de um relacionamento, o erotismo (que não diz respeito somente à excitação sexual, mas ao nosso desejo em relação ao outro) é elevado. Ele é diretamente proporcional à curiosidade – e, sendo o nosso parceiro um “desconhecido a se descobrir”, nosso erotismo é alto. Tudo tem sabor de novidade! O tempo faz o erotismo diminuir, porque ele é inversamente proporcional à segurança. Quando estamos seguros, não conseguimos ficar excitados, entramos num estado de equilíbrio, porque conhecemos o sujeito e as suas respostas ao ambiente.

Não é raro que as pessoas procurem recuperar o erotismo fora da relação, com a busca de um terceiro para compensar esses desgastes do convívio. Relacionamentos extraconjugais (reais e virtuais) são uma saída comum para a perda do desejo, e recentes pesquisas (USP) indicam que 70% dos homens e 56% das mulheres já tiveram relações fora do relacionamento “oficial”. Os debates sobre relacionamento aberto e poliamor vêm aumentando, no entanto, as relações não monogâmicas ainda são um tabu, e a “pulada de cerca” é, predominantemente, percebida como uma traição, acarretando frustrações e mágoas.

                O que se sugere para amenizar o problema?

Toda relação precisa, em primeiro lugar, de diálogo. Expor nossas insatisfações e fantasias, bem como preservar nossos limites e testar novas experiências, inclusive sexuais, é importante. Falar do que se gosta entre quatro paredes e fora delas é fundamental. Conservar um espaço que seja somente nosso, cultivando as amizades e os papeis profissionais, colabora para que mantenhamos a distância necessária do outro, para que não percamos a clareza dos contornos entre nós e o parceiro. A diferenciação é essencial para manter o erotismo elevado, afinal, ninguém quer “namorar consigo mesmo”.

Ainda há a possibilidade de fazermos psicoterapia (individual ou de casal). A troca de informações com pessoas dispostas a nos ouvir sem julgamentos e sigilosamente nos ajuda a nos informarmos, desculpabilizando nossas condutas e indicando caminhos e propostas novas para os nossos velhos dilemas. Mas, e se, realmente, depois de tudo o amor virou amizade? Sem problemas, a vida de casal é só uma entre tantas formas que podemos nos relacionar. E a vida segue.

ThaíseThaíse Mendes Farias – Psicóloga Clínica

CRP 07/28216

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