Diário da Manhã

sexta, 26 de abril de 2024

Notícias

Projeto “Bafômetro de Caminhão” representará institutos federais no maior torneio de educação profissional das Américas

29 agosto
15:24 2014
Augusto Silva, Felipe Pinz e Jarbas Carriconde Júnior participaram do quadro Jovens Inventores, do Caldeirão do Huck

Augusto Silva, Felipe Pinz e Jarbas Carriconde Júnior participaram do quadro Jovens Inventores, do Caldeirão do Huck

Definitivamente, os jovens Augusto Silva, Felipe Pinz e Jarbas Carriconde Júnior estão vivendo o melhor momento de suas vidas. Depois de uma sequência de resultados positivos em importantes feiras e mostras de tecnologia, o trio de estudantes do IFSul-câmpus Pelotas se destacou em rede nacional, há menos de um mês, ao apresentar o badalado “Bafômetro de Caminhão” no Caldeirão do Huck, da Globo, faturando o prêmio máximo de R$ 30 mil oferecido pelo quadro Jovens Inventores. Agora, para confirmar de vez a boa fase, eles viajam para Belo Horizonte (MG), onde representarão todos os institutos federais do país na 8ª Olimpíada do Conhecimento, que acontece de 3 a 6 de setembro, no Centro de Convenções Expominas.

A indicação veio do próprio Ministério da Educação (MEC), através da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). O convite foi entregue diretamente por representantes do órgão ao reitor do IFSul, Marcelo Bender, que na oportunidade cumpria agenda de trabalho em Brasília (DF).

“Estamos vivendo um sonho. A ficha ainda não caiu. Representar todos os institutos federais do país é, ao mesmo tempo, uma alegria para todos nós e uma responsabilidade muito grande, porque existem expectativas depositadas sobre o grupo e o próprio projeto”, diz Carriconde Júnior, em nome dos colegas.

A Olimpíada do Conhecimento é o maior torneio de educação profissional das Américas. Neste ano, a competição, que é bienal, reunirá mais de 800 jovens de todo o Brasil. Participarão da oitava edição os melhores jovens qualificados em 58 ocupações técnicas ligadas à indústria, ao setor de serviços e à agropecuária.  Os competidores saíram de cursos técnicos ou de aprendizagem profissional das escolas do Serviço Nacional da Indústria (Senai), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – esses últimos, pela primeira vez, farão parte das provas.

“Um dos diferenciais dos institutos federais em relação às universidades é o processo de verticalização, no qual o estudante pode percorrer toda a sua trajetória acadêmica, do nível médio à pós-graduação, dentro de uma mesma instituição. Além disso, no IFSul, a cultura da pesquisa está sendo bastante fortalecida, e o câmpus Pelotas, por exemplo, está muito bem instrumentalizado para trabalhar nesta área”, observa o diretor-geral do câmpus Pelotas, Rafael Blank Leitzke.

Articular de forma eficiente o tripé ensino-pesquisa-extensão tem sido um dos focos da maior escola do IFSul, segundo Leitzke. O diretor-geral acredita que é crescente o nível de envolvimento dos estudantes em projetos fora da sala de aula, fruto do estímulo de professores que acreditam no potencial de seus alunos e na missão dos institutos em promover a pesquisa para a solução de problemas reais da sociedade.

“Vejo alunos cada vez mais interessados em trabalhar com a pesquisa aplicada. Temos professores qualificados, motivados e a estrutura adequada para realmente fazer as coisas acontecerem”, afirma.

O projeto “Bafômetro de Caminhão” ficará exposto em um balcão exclusivo, no estande destinado ao MEC. O evento ocupará 105 mil metros quadrados do Expominas, onde serão instaladas 900 toneladas de equipamentos, incluindo duas turbinas de avião, um helicóptero, seis estações geodésicas e um ambiente no qual ficarão 16 novilhas preparadas para inseminação artificial. Além das 6 mil pessoas envolvidas, entre competidores, técnicos, avaliadores e organização, são esperados 300 mil visitantes entre os dias 3 e 6 de setembro.

“Para nós, é motivo de orgulho ver um projeto do câmpus Pelotas tendo esse reconhecimento em nível nacional em tão pouco tempo, e isso é muito importante para a instituição”, avalia a diretora de Pesquisa e Extensão do câmpus Pelotas, Érica Pereira Martins.

A dirigente ressalta que a cultura da pesquisa no IFSul ainda é embrionária, mas as respostas positivas ao trabalho que está sendo feito mostram que os estudantes têm potencial e estão no caminho certo.

“Vale lembrar que o bafômetro de caminhão é um projeto oriundo de um curso técnico (eletrônica). Então, se levarmos isso em conta, as perspectivas são excelentes para quando esse aluno atingir a graduação. Ele vai chegar preparado e com muito mais experiência para realizar pesquisas”, destaca.

Bafômetro de sucesso

O projeto surgiu de um problema real. Os pais de dois dos três alunos do grupo, que trabalham no transporte de cargas, sempre mostraram preocupação com o alto índice de acidentes ocasionados pela ingestão de álcool. Foi a partir daí que o trio começou a pensar um dispositivo eletrônico para controlar o sistema de ignição de caminhões, acoplado a um bafômetro tradicional.

“Os estudantes lançaram a ideia e foram para o laboratório encarar o desafio. O resultado final não poderia ter sido melhor. Mostramos que com empenho e conhecimento é possível aliar, com sucesso, ensino, pesquisa e extensão”, avalia o professor e orientador Rafael Galli, que fez questão de destacar o trabalho que é realizado no Laboratório 14 do curso técnico em eletrônica.

“Praticamente todos os projetos desenvolvidos no Laboratório 14 são reconhecidos nas mais importantes feiras de ciências do país. E isso é uma prova de que a filosofia de trabalho implantada há oito anos vem dando resultado e ajudando a ratificar a posição de destaque do IFSul no cenário nacional”, observa.

O projeto surgiu de um problema real. Os pais de dois dos três alunos do grupo, que trabalham no transporte de cargas, sempre mostraram preocupação com o alto índice de acidentes ocasionados pela ingestão de álcool

O projeto surgiu de um problema real. Os pais de dois dos três alunos do grupo, que trabalham no transporte de cargas, sempre mostraram preocupação com o alto índice de acidentes ocasionados pela ingestão de álcool

O condutor do veículo é submetido a um teste para verificar a quantidade de álcool no sangue toda vez que for necessário ligar o automóvel. Um display LCD informa ao motorista o instante em que ele deve soprar no bafômetro. Conforme os níveis detectados e a lógica de programação do dispositivo, o veículo será ligado ou não. Caso a ignição seja bloqueada, será mostrada a quantidade de álcool detectada em um sequencial de LED’s.

Devido à sua praticidade e simplicidade, o controlador de ignição proposto pode ser instalado em carros, motos e caminhões. O dispositivo deve ser instalado em série, entre a chave de partida do veículo e o restante do sistema de ignição. Com exceção do sensor de álcool, toda a tecnologia foi desenvolvida no próprio curso, no Laboratório 14.

O bafômetro de caminhão foi apresentado pela primeira vez na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada em novembro do ano passado, em Novo Hamburgo (RS). Já para a Mostratec deste ano, prevista para final de outubro, o bafômetro deve apresentar novidades. Trata-se de um sistema de reconhecimento de íris criado para evitar que um condutor aprovado no teste possa passar a direção a outro, com índice de álcool no sangue acima do permitido pela lei.

Cerca de 70% desta nova etapa do projeto já está concluída. O trio vem trabalhando quase que diariamente no sistema e diz que não está enfrentando dificuldades operacionais. Agora, a proposta é deixar o equipamento mais compacto, para que seja posicionado no painel de caminhões sem ocupar muito espaço.

Notícias Relacionadas

Comentários ()

Seções