Um alerta para importância do Teste do Olhinho
Setembro é mês no qual é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma, que conscientiza a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer ocular mais comum na infância
O retinoblastoma é o câncer intraocular mais comum na infância. Acomete cerca de um em cada 20 mil nascidos vivos, com maior incidência nas crianças com menos de cinco anos de idade. No Brasil, infelizmente muitas vezes o diagnóstico ainda é realizado tardiamente, comprometendo o resultado final do tratamento. O alerta da Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM) é para importância do diagnóstico precoce do retinoblastoma que é fundamental para aumentar as chances de manutenção do globo ocular e da visão, assegurando sobrevida, através de tratamentos conservadores. Em casos com diagnóstico tardio é mais comum a necessidade de enucleação do olho afetado e maior o risco de doença extraocular e sistêmica.
– O diagnóstico precoce do retinoblastoma pode ser obtido através do Teste do Olhinho ou de um exame oftalmológico realizado nos primeiros meses de vida. O “Teste do Olhinho” pode detectar, além do retinoblastoma, catarata, glaucoma congênito, e outros problemas, cuja identificação precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão. A recomendação é que o Teste do Olhinho seja realizado pelo pediatra logo que o bebê nasce, ainda no hospital. Se isto não ocorrer, o exame deve ser feito logo na primeira consulta de acompanhamento. Se o pediatra encontrar algum problema no Teste do Olhinho, deve encaminhar a criança imediatamente para avaliação do oftalmologista. Como é um exame de triagem, realizado pelo pediatra e sem dilatação da pupila, pode não detectar retinoblastomas pequenos ou muito periféricos na retina, que nesse caso ainda não modificam ou alteram o clarão pupilar – explica o oftalmologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Marcelo Maestri.
Mesmo que o Teste do Olhinho seja normal, todo bebê deve ser encaminhado para avaliação com médico oftalmologista preferencialmente até os seis meses de vida para realização de exame de fundo de olho com dilatação pupilar para identificar qualquer anormalidade. Os bebês com histórico familiar de retinoblastoma devem realizar o exame com oftalmologista nos primeiros dias de vida e repeti-lo muito frequentemente por vários anos.
O Teste do Olhinho foi instituído por lei em alguns Estados e cidades, não é uma lei federal, portanto não é obrigatório em todo o país. Em Porto Alegre é obrigatório desde 2007, realizado em todas as maternidades públicas ou privadas, até a alta do bebe. Com a introdução deste teste foi possível diagnosticar de forma mais precoce doenças como catarata congênita, glaucoma congênito, retinoblastoma, infecções intraoculares entre outras. Especificamente para o retinoblastoma, o número de casos detectados a partir do Teste do Olhinho é baixo, pois muitas lesões ao nascimento são pequenas e só alteram o clarão pupilar vários meses depois do nascimento. Mas permitiu diagnóstico mais precoce em algumas crianças.
– Os pais devem estar alertas para os sinais clínicos de apresentação do retinoblastoma. Se perceberem qualquer dos seguintes sinais, devem procurar imediatamente o oftalmologista.
O sinal clássico de apresentação do retinoblastoma é a leucocoria, ou pupila branca, em 70% dos casos. A mudança da coloração da pupila pode ser observada pelos pais casualmente dentro de casa, sob fonte de iluminação ambiental, ou através da mudança na cor do reflexo vermelho, observados em fotografias com flash. Nessa situação, o tumor já está com maior tamanho dentro do globo ocular e por isso reflete facilmente a luz externa através da pupila. Mesmo nesse estágio ainda é possível tratamento conservador em vários casos. Outro sinal de apresentação do retinoblastoma, em 20% das crianças, é o estrabismo, que sempre deve ser avaliado por oftalmologista se observado em crianças com mais de 6 meses de idade – afirma a oftalmologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Gabriela Eckert.
Vale lembrar que a idade das crianças com retinoblastoma diagnosticados através desses sinais clínicos varia de 12 meses, nos casos hereditários bilaterais, a 24 meses, nos casos esporádicos unilaterais.