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18 de setembro: o dia em que o peso do mundo girou em vinil

18 de setembro: o dia em que o peso do mundo girou em vinil
18 setembro
08:55 2025

Olho para esse 18 de setembro como uma data que pulsa em vinil, em memória e em ressonância

Marcelo Gonzales*

@celogonzales @vidadevinil

Há datas que carregam uma mística própria, e o dia 18 de setembro é uma delas. Sempre que penso nessa data, minha mente volta ao ano de 1970. Eu ainda não tinha nascido, vim ao mundo dois anos depois, em 1972, mas, quando descobri o disco Paranoid na minha adolescência, foi como se tivesse encontrado um elo perdido. Lembro da sensação de tirar aquele vinil da capa, o cheiro característico de papel e plástico antigo, e a agulha deslizando para revelar um som que parecia mais pesado do que a própria realidade.

O Black Sabbath lançava, em 18 de setembro de 1970, seu segundo álbum de estúdio. Produzido por Rodger Bain e gravado em Londres, Paranoid trazia oito faixas que mudaram o rumo da música. War Pigs, com sua crítica feroz às guerras; Iron Man, uma narrativa quase de ficção científica que se tornaria hino; Planet Caravan, viajante e etérea; e, claro, a faixa-título Paranoid, escrita quase às pressas, mas que acabou se tornando um clássico instantâneo. É curioso pensar que o que nasceu como “um preenchimento de espaço” viraria a canção que atravessou gerações.

Esse disco não só alcançou o topo das paradas no Reino Unido como também entrou para o imaginário coletivo como um dos pilares do heavy metal. Vendeu milhões de cópias, ganhou relançamentos luxuosos em seus 25, 40 e 50 anos, e segue sendo celebrado em cada canto do mundo. Não é apenas música: é um testemunho de época, um registro do peso, da angústia e da criatividade de uma juventude que transformava frustração em arte.

E como se não bastasse o marco do Sabbath, a mesma data guardaria outras ousadias no rock. Em 1978, os quatro integrantes do Kiss decidiram lançar, no mesmo dia, álbuns solo individuais. Era um movimento inédito, arriscado e ousado, afinal, cada um expunha suas próprias facetas musicais, mas sob a mesma bandeira de uma das maiores bandas de rock do planeta. Foi um gesto de afirmação, de identidade e também de marketing visionário.

Anos depois, como se o destino quisesse provar que nada é por acaso, o Kiss voltaria a marcar o 18 de setembro com outro momento histórico: o lançamento de Lick It Up, em 1983. Era a banda se reinventando, agora sem as maquiagens, mas reafirmando sua relevância em plena era do hard rock oitentista.

Olho para esse 18 de setembro como uma data que pulsa em vinil, em memória e em ressonância. Não estive lá em 1970, mas cada vez que coloco Paranoid para tocar, sinto como se estivesse. A música tem esse poder: de nos transportar, de nos colocar em épocas que não vivemos, mas que, de alguma forma, nos pertencem.

E é por isso que eu sigo mergulhando em datas como essa, porque cada uma delas guarda uma chave, um cheiro, uma lembrança. Se hoje viajei com vocês pelo peso de Paranoid e pela ousadia do Kiss, é porque acredito que a música não envelhece, ela apenas nos espera. E amanhã… ah, amanhã tem mais história para contar.

*Marcelo Gonzales vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações.

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