3 de setembro: O dia em que o Heavy Metal escreveu sua eternidade
Por Marcelo Gonzales
@celogonzales @vidadevinil
Há datas que parecem carregar um peso especial na história da música. 3 de setembro é uma delas. Foi nesse dia que o heavy metal ganhou dois marcos incontornáveis: em 1984, o Iron Maiden lançou Powerslave; seis anos depois, em 1990, o Judas Priest entregou ao mundo o apocalíptico Painkiller. Dois álbuns distintos, duas fases diferentes, mas ambos fundamentais para entender a força e a longevidade do gênero.
Se você viveu os anos 80, provavelmente se lembra da sensação de entrar numa loja de discos e se deparar com a capa monumental de Powerslave: o Egito Antigo transformado em templo do metal, cores vibrantes, mistério e poder. Derek Riggs não desenhou apenas uma capa, criou um ícone visual que se tornou referência estética até hoje. Mas não foi só pela arte: colocar a agulha no vinil e ouvir Aces High, 2 Minutes to Midnight ou a épica Rime of the Ancient Mariner era embarcar em uma viagem que unia literatura, história e som pesado — e isso em plena juventude, com fones ou caixas que tremiam o quarto.
Avançamos alguns anos no calendário e chegamos a 3 de setembro de 1990. O Judas Priest, veterano e desafiado por uma nova geração mais rápida e agressiva (Metallica, Slayer, Megadeth), decide responder à altura. A resposta tem nome: Painkiller. Se Powerslave foi erudição épica, Painkiller foi pura velocidade e brutalidade. O riff inicial da faixa-título ainda é capaz de arrepiar qualquer fã de metal, e a bateria de Scott Travis soava como uma máquina de guerra. Rob Halford, com seus agudos sobre-humanos, deixava claro: o Priest não envelheceu, apenas ficou mais letal.
O curioso — e quase poético — é pensar que ambas as obras nasceram em um mesmo dia de setembro. Como se o calendário tivesse escolhido essa data para nos lembrar de que o heavy metal, para além das modas passageiras, é arte com DNA eterno. Powerslave mostrou que o gênero podia ser monumental e sofisticado; Painkiller, que podia se reinventar e flertar com os limites da velocidade e da agressividade sem perder identidade.
Hoje, olhar para trás e revisitar esses álbuns em vinil ou K7 não é só nostalgia: é um mergulho na memória de uma geração que viveu as lojas de discos, os posters colados na parede, as tardes rebobinando fitas. É também reconhecer que aquelas músicas continuam vivas, tocando de forma intacta no coração de quem esteve lá.
Talvez seja essa a magia do dia 3 de setembro: lembrar que o heavy metal não foi apenas som, mas também ritual, identidade, linguagem. Dois discos, duas décadas, uma eternidade.







