UFPel aprova outorga de títulos a doutor honoris causa e professora emérita
O diplomata Luiz Carlos Lessa Vinholes e a professora aposentada Maria Letícia Mazzucchi Ferreira serão os mais novos agraciados pela Universidade Federal de Pelotas com os títulos de, respectivamente, doutor honoris causa e professora emérita
A decisão foi tomada pelo Conselho Diretor da Fundação (Condir), no dia 04 de maio, e pelo Conselho Universitário (Consun), no dia 09. Pelo regimento geral da UFPel, o título de Doutor Honoris Causa é destinado a personalidades que tenham se distinguido pelos relevantes serviços prestados à educação e dos princípios fundamentais da nacionalidade. Já a comenda de Professor Emérito é voltada para docentes aposentados que tenham alcançado posição eminente na instituição.
A reitora Isabela Andrade expressa seu contentamento pela outorga das láureas a Vinholes e Maria Letícia. “É uma grata satisfação poder homenagear essas pessoas que tiveram um grande envolvimento na trajetória da instituição”, disse.
As cerimônias de outorga das comendas ainda não tem data para ocorrer, pois ainda serão organizadas de acordo com as agendas dos homenageados.
Luiz Carlos Lessa Vinholes – Doutor Honoris Causa
A indicação do diplomata, escritor, compositor e tradutor Luiz Carlos Lessa Vinholes foi realizada pelo Centro de Artes da UFPel, em especial pela área de Música da unidade, liderada pela Discoteca L.C. Vinholes.
Na defesa trazida pelo servidor da discoteca Eduardo Montagna e pelo professor aposentado Mario Maia, foi destacado que, apesar de nunca ter um vínculo formal com a UFPel, como aluno ou servidor, foram vários as interfaces realizadas entre o diplomata e a instituição.
Natural de Pelotas, Vilholes foi estudante do Conservatório de Música de Pelotas, antes que a instituição se tornasse unidade da Universidade. Indo morar em São Paulo (SP), para prosseguir seus estudos musicais, recebeu uma bolsa de estudos em Tóquio (Japão), para onde se mudou. Enquanto estava no país asiático, tornou-se funcionário da embaixada brasileira, atuando como oficial de chancelaria.
Aproveitando as oportunidades trazidas pela carreira diplomática, o indicado a doutor honoris causa buscou promover a cultura brasileira por onde passava, em países como o Japão, Itália, Paraguai e Canadá. Usando as estruturas das embaixadas, Vinholes oportunizou a criação de espaços expositivos para artistas do Brasil, que não encontravam oportunidades para apresentar seus trabalhos por meio do circuito tradicional. O diplomata também foi o criador das irmandades entre cidades brasileiras e japonesas, sendo a parceria entre Pelotas e Suzu a primeira do tipo, também sendo um dos fundadores das entidades de integração entre o Brasil e o Japão e a Itália.
Destaca-se, também, a atuação do homenageado na área da composição, sendo ele o primeiro compositor brasileiro a utilizar o procedimento de indeterminação ou aleatoriedade em suas peças, notadamente na “Instrução 61”, de 1961, primeira obra do tipo.
“Vinholes sempre teve uma carreira vinculada à difusão cultural e à amizade entre os povos”, pontuou Montagna. Já a vice-reitora Ursula Silva destaca que o diplomata sempre valorizou a universidade como espaço para fomento e valorização da cultura.
Por isso, mesmo tendo uma trajetória de mais de sete décadas longe da sua terra natal, o olhar de Vinholes sempre esteve voltado para Pelotas e, consequentemente, à UFPel. São suas as doações de dois grandes conjuntos de peças culturais em posse da Universidade: a coleção L.C. Vinholes do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), sendo a maior em número de itens do museu e contendo um dos maiores acervos de arte japonesa da América Latina, e uma série de itens da coleção do patrono da Discoteca L.C. Vinholes do Centro de Artes.
Maria Letícia Mazzucchi Ferreira – Professora Emérita
Indicada por sua unidade de lotação, o Instituto de Ciências Humanas (ICH), a professora aposentada Maria Letícia Mazzucchi Ferreira teve sua indicação defendida pelo diretor do ICH, Sebastião Peres. A sugestão de outorga foi feita pelas áreas de Museologia e Conservação e Restauração do instituto, cuja existência se dá por atuação de Maria Letícia.
A professora desenvolveu suas atividades docentes de 1989 a 2022. Graduada em História, mestre em Antropologia Social e doutora em História, Maria Letícia teve papel fundamental na extinção do curso de Estudos Sociais da UFPel, depois transformado nas graduações em História e Geografia.
Inicialmente voltada para a área de História Medieval, foi, entretanto, a partir de seu interesse na área de Memória Social que se desenvolveu grande parte de sua trajetória acadêmica: Maria Letícia foi fundadora do primeiro programa de pós-graduação do ICH, justamente em Memória Social e Patrimônio Cultural (PPGMP). Também participou ativamente na elaboração das propostas de criação dos cursos de graduação em Museologia e em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Maria Letícia também esteve envolvida no trabalho do Inventário de Bens Culturais do Doce de Pelotas, que culminou em seu tombamento como patrimônio imaterial brasileiro.
Segundo Peres, outra referência da atuação da indicada é por sua postura agregadora. “Ela representa o que é a excelência de uma trajetória acadêmica, de ensino, pesquisa, extensão e gestão”, explicou. O diretor também lembra o papel da professora no âmbito da internacionalização da UFPel.