HE-UFPel oferece atendimento especializado para pacientes com doenças da tireoide
25 de Maio: Dia Internacional da Tireoide é lembrando no Programa de Residência Médica em Endocrinologia do Hospital Escola
Pelotas (RS) – Cerca de 11% da população sem fatores de risco para disfunção tireoidiana teve diagnóstico de hipotireoidismo, conforme pesquisa realizada por especialistas que atuam no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A instituição é referência no atendimento voltado a patologias endócrinas, incluindo a tireoide, glândula tão vital para o funcionamento do corpo humano. Atualmente, a unidade hospitalar é a única a ofertar serviço de biópsia de nódulos tireoidianos na rede pública de Pelotas.
Além do hipotireoidismo, que se caracteriza pela falta de hormônio na tireoide, existem outras doenças como o hipertireoidismo (excesso), nódulos benignos e tumores malignos que requerem atenção dos indivíduos. Visando alertar para problemas que afetam essa região e sensibilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, 25 de maio foi instituído como o Dia Internacional da Tireoide.
Segundo o endocrinologista Paulo Henrique Gonzales, o HE-UFPel possui um Programa de Residência Médica em Endocrinologia, aprovado pela Comissão Nacional de Residência Médica e pelo Ministério da Educação (MEC), que atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Este serviço conta com sete preceptores, todos com residência na área. Temos um serviço de biópsia de nódulos tireoidianos, o único que atende pelo SUS na cidade. As biópsias acontecem uma vez por semana”, informou Paulo Henrique, médico responsável pelo serviço de biópsias.
Além do ambulatório, o Hospital conta com uma equipe de cirurgiões especializados para os casos com indicação de procedimentos cirúrgicos. O acesso ao serviço é regulado pela Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas. “O paciente precisa ser encaminhado para os nossos ambulatórios através da Central de Regulação. Muitos são provenientes de Unidades Básicas de Saúde”, esclareceu o especialista.
Sintomas e fatores de risco
“Um dos sintomas mais característicos é o crescimento da tireoide, percebido pelo próprio paciente, médico ou familiar, na região cervical anterior (pescoço)”, alertou Paulo Henrique. Em relação aos sinais de que a glândula está funcionando pouco (hipotireoidismo), pode ser identificado um quadro de cansaço, desânimo, sonolência, queda de cabelo, além de ressecamento na pele e no cabelo. Em casos mais graves, pode ocorrer ganho de peso, inchaço, anemia e sensibilidade maior ao frio, por exemplo. Já no hipertireoidismo, o paciente pode apresentar irritabilidade, insônia, ansiedade, taquicardia, perda de peso, mesmo com bom apetite, e intolerância ao calor.
O endocrinologista explica que existem fatores que contribuem para o risco de doenças na tireoide e cita exemplos como: histórico familiar; viver em áreas geográficas insuficientes em iodo; uso de alguns tipos de medicações; ter manifestações de doença autoimune; e sofrer irradiação no pescoço (radioterapia nessa região).
Pesquisa
Uma pesquisa realizada com 160 trabalhadores do HE-UFPel apontou uma pré-disposição para hipotireoidismo em cerca de 11% da população estudada. “O estudo, realizado em trabalhadores voluntários sadios do Hospital Escola e sem histórico de doença na tireoide ou fatores de risco para seu desenvolvimento, apontou prevalência de hipotireoidismo subclínico em, aproximadamente, 11% desses indivíduos, maioria de mulheres, em parte de natureza autoimune, dado bastante expressivo e que corrobora estudos semelhantes realizados em outras populações brasileiras”, destacou Paulo Henrique.
“Foram feitas avaliações dos níveis de TSH, que é um hormônio que regula a tireoide. Com isso, foi coletado sangue dos participantes para ver qual era o nível de produção de hormônios tireoidianos desses indivíduos e se eles tinham alguma pré-disposição pra doenças autoimunes da tireoide. Foi constatado, então, um percentual de doença tireoidiana não aparente em torno de 11%, um dado bastante expressivo”, acrescentou o especialista.
A pesquisa fez parte do trabalho de conclusão de residência da médica Gabriela Dornelles, com a orientação de Paulo Henrique Gonzales e coorientação da endocrinologista Camila Jardim de Almeida, preceptores do Programa de Residência Médica em Endocrinologia do HE-UFPel. Os resultados da pesquisa foram apresentados, em 2022, no Encontro Brasileiro de Tireoide, realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – um dos eventos mais importantes sobre o tema.
Atendimento especializado
Assim como o HE-UFPel, outros Hospitais Universitários Federais, vinculados à Ebserh, possuem ambulatórios especializados para diagnóstico e tratamento de doenças tireoidianas, principalmente voltados a casos mais complexos. Um deles, o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), em Niterói, no Rio de Janeiro, atende cerca de 500 pacientes por mês.
Foto: Agência Brasil