Aquecimento global: pesquisa da UFPel investigará avanço da Floresta Atlântica rumo ao Sul
Uma das metas da pesquisa é analisar se as plantas e animais conseguirão se desenvolver e se adaptar ao novo ambiente
O Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas realizará pesquisa junto à Floresta Atlântica do Rio Grande do Sul. O objetivo central será investigar se sementes das plantas tropicais, nativas de outras regiões da floresta, dispersas pela fauna, principalmente entre as aves e morcegos, irão se desenvolver em regiões mais frias ao sul da Floresta Atlântica, em direção ao Polo Sul geográfico.
De acordo com o líder da pesquisa, professor Jeferson Vizentin-Bugoni, as espécies nativas de uma determinada região buscam se refugiar e sobreviver em outras regiões florestais com temperaturas mais amenas, devido ao aumento das temperaturas do ambiente original. Desta forma, uma das metas da pesquisa é analisar se as plantas e animais conseguirão se desenvolver e se adaptar ao novo ambiente. Além disso, a pesquisa também pretende compreender o quanto este processo causará desacoplamentos na distribuição de plantas e animais que dependem uns dos outros para a sobrevivência, os chamados parceiros mutualistas.
O professor também alerta que um cenário onde não haja medidas para desacelerar as mudanças climáticas causadas, em sua maioria, pelo homem pode culminar na extinção de várias espécies, que se correlacionam diretamente ou indiretamente com os seres humanos. “Quando as espécies são perdidas, perdemos também as funções que elas realizam na natureza. Essas funções muitas vezes geram benefícios diretos aos humanos, aos quais chamamos de serviços ecossistêmicos, dentre eles a polinização, o controle natural de pragas e a dispersão de sementes por animais”, pontua Bugoni. Além da perda dos serviços ecossistêmicos, a extinção das espécies pode causar interferência direta na regulação dos ciclos hidrológicos e também na estabilidade do solo.
Com o desenvolvimento da pesquisa, o professor espera que os resultados possam ajudar na orientação de políticas públicas relacionadas à conservação e restauração das florestas. “Poderemos propor medidas para evitar extinções de espécies e suas funções”, comenta Bugoni.
Financiamento
A pesquisa liderada por Bugoni foi contemplada com um financiamento de R$ 700 mil reais do Instituto Serrapilheira para seu desenvolvimento. O recurso é fruto de uma parceria entre o Serrapilheira e as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs), que financiam os cientistas de seus respectivos estados. O professor foi um dos 32 cientistas selecionados pela sexta chamada pública do Instituto Serapilheira, que apoia financeiramente projetos científicos de grande importância no âmbito nacional. A proposta inscrita pelo professor foi a única da UFPel aprovada, além de ser uma das seis aprovadas no estado. Ao todo foram apresentadas 249 propostas, com apenas 12% sendo financiadas pela Instituição.
Foto: Tania Rego/Agência Brasil