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sábado, 23 de novembro de 2024

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Seis anos de Pacto: eixo Prevenção Social

Seis anos de Pacto: eixo Prevenção Social
09 agosto
20:28 2023

Iniciativas como os programas Start, ACT e Mão de Obra Prisional ampliam o desenvolvimento social e o fortalecimento de vínculos

Uma das principais formas de disseminar a cultura da paz é proporcionando oportunidades e melhores condições de vida para a população. Com o objetivo de reduzir fatores de risco e ampliar os aspectos de proteção, diversas iniciativas da Prefeitura estão voltadas à promoção do desenvolvimento social em Pelotas. Os projetos do eixo Prevenção Social são o tema da segunda reportagem do aniversário de seis anos do Pacto Pelotas pela Paz.

A partir da criação do Pacto, em 2017, simultaneamente, diferentes iniciativas surgiram e foram se consolidando como políticas públicas essenciais para o Município. Considerando os dados de violência que Pelotas apresentava há seis anos, foi identificada a necessidade de investimento em projetos e programas capazes de impulsionar o desenvolvimento humano para fazer frente à criminalidade.

Protagonismo juvenil como ferramenta de transformação social

Foi durante esse processo que surgiu o programa Start. Inicialmente o Start se apresentava como um programa voltado à capacitação e inserção de jovens no mercado de trabalho. Todavia, assim como o Pacto Pelotas pela Paz, o Start também cresceu, se transformando em um programa que hoje atinge mais de 4,6 mil jovens de Pelotas e região.

Direcionado para jovens entre 16 e 24 anos, o Start atua como ferramenta de transformação social, por meio do protagonismo da juventude. As dinâmicas, que contemplam atividades de desenvolvimento e criação de soluções fomentam a liderança jovem, a economia criativa, o empreendedorismo, a inclusão, a diversidade e os direitos sociais.

Além de oportunidades de emprego e capacitação dos jovens para o mercado de trabalho, o programa visa à abertura de espaços focados no desenvolvimento e no crescimento social, meios que atuam como fatores de distanciamento entre a juventude e a violência.

Pablo Salomão – Foto: Michel Corvello

“O Start foi se desenvolvendo junto com o Pacto. Inicialmente, os jovens entravam, especificamente, buscando uma vaga no mercado de trabalho. Hoje, já é possível observar que entram querendo saber quem eles são, querendo se encontrar na vida e buscando potencializar o próprio desenvolvimento. Vemos jovens que eram completamente tímidos fazendo grandes apresentações para os colegas e essa é uma das principais funções do Start, acordar os jovens para o protagonismo que eles sempre tiveram”, destaca o coordenador do programa Pablo Salomão.

Os números do Start impressionam. Com uma rede de 34 parceiros e mais de 30 instituições dos setores público e privado, o programa alcançou, no último ano, a marca de 4,6 mil jovens envolvidos, gerando 11 ideias de impacto social, elaboradas, exclusivamente, pela juventude da cidade. A partir do ideal de fortalecer o comportamento empreendedor, como possibilidade de transformação, a iniciativa já registra 90% de aprovação entre os participantes.

A estudante Amanda Liske, formada por meio do Start no primeiro semestre de 2023, comenta que a experiência transformou sua perspectiva, abrindo oportunidades de inserção no mercado de trabalho. “O Start mudou minha vida. Eu estava em busca de um emprego e descobri que a Prefeitura tinha um projeto de capacitação. Isso mudou tudo. O programa me proporcionou oportunidades incríveis e me fez crescer muito, tanto como pessoa como profissionalmente”, destacou.

Os dados de empregabilidade do programa também são satisfatórios. Com a formatura da última turma, o Start chegou à marca de 482 alunos formados e, desses, 300 já foram inseridos no mercado de trabalho. O coordenador comemora os resultados e destaca que os números estão diretamente ligados ao desenvolvimento da cidade.

“A gente quer mostrar para os jovens o quanto eles podem almejar voos altos, os quais, consequentemente, auxiliam o crescimento e o desenvolvimento da cidade. É uma medida de prevenção que potencializa tanto o desenvolvimento dos jovens, quanto do Município”, completa o coordenador.

Promoção de ambientes seguros para o desenvolvimento infantil

Outra iniciativa de impacto dentro do eixo de Prevenção Social é o Programa ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros. A metodologia psicossocioeducativa, que visa capacitar pais, mães e cuidadores, atua na promoção do desenvolvimento infantil distante da violência.

Atividade que já impactou mais de mil famílias pelotenses atua no fortalecimento de vínculos entre pais, mães e cuidadores. Foto: Michel Corvello

Estruturado a partir de evidências científicas, as quais apontam que a violência se aprende, – especialmente na infância –, o Programa ACT trabalha no fortalecimento das famílias pelotenses, ajudando-as a desenvolver e aperfeiçoar habilidades parentais positivas. As atividades e dinâmicas promovidas pelo programa contribuem para a prevenção do abuso infantil e protegem as crianças e adolescentes de consequências futuras, possivelmente ligadas a ambiente violento.

Com temas como mudanças comportamentais, controle da raiva, resiliência na infância e impacto da mídia no desenvolvimento infantil, o ACT atua em Pelotas desde 2018. Os números alcançam o índice de mil famílias beneficiadas e 50 facilitadores formados. Nos últimos anos, a iniciativa cresceu, levando a metodologia para dentro do Presídio Regional de Pelotas (PRP).

Durante as aulas do programa, os participantes que estão no regime de progressão de liberdade são convocados a refletir sobre temáticas de prevenção, reeducação e acolhimento familiar. Um dos objetivos do ACT, reconhecido em 2019 como política pública do Município, é fortalecer laços que são esquecidos ao longo do cumprimento da pena.

“O programa tem uma importância muito grande dentro do sistema prisional, justamente porque prepara os participantes para voltarem ao convívio em sociedade. Pelo ACT, eles conseguem pensar de forma positiva, refletir e entender que existe uma segunda chance, que as coisas podem dar certo lá fora”, explica a coordenadora, Alicéia Ceciliano.

O programa foi ampliado ainda para os jovens que cumprem medida junto ao Centro de Atendimento Socioeducativo de Pelotas (Case). Desde a expansão, 12 menores já foram beneficiados pelo ACT.

Ressocialização e mudança de vida

Entre as ferramentas que impulsionam o desenvolvimento social e diminuem as portas de entrada da criminalidade, o eixo de Prevenção Social conta, ainda, com o programa Mão de Obra Prisional (MOP). Criada em 2015 e incorporada ao Pacto Pelotas pela Paz no ano de 2017, a iniciativa é direcionada à reintegração de apenados no mercado de trabalho. O programa, reconhecido como política pública nacional em 2021, visa à transformação social, por meio de aspectos como o exercício da liberdade e o acesso à cidadania plena.

Programa oferece oportunidades de trabalho e impulsiona a ressocialização dos reeducandos. Foto: Gustavo Vara

Na administração direta e indireta do Município, os apenados atuam em diversas secretarias, prestando serviços relacionados à infraestrutura dos espaços, como pinturas, pequenas reformas, reparos elétricos, jardinagem, entre outras atividades que possam conciliar a necessidade do trabalho com a possível experiência da pessoa.

Em relação aos serviços de saúde desempenhados pelo MOP/SUS, por exemplo, já são cerca de 60 prédios completamente reformados, incluindo o Pronto Socorro de Pelotas. Para a secretária municipal de Saúde, Roberta Paganini, é essencial reconhecer iniciativas que dão certo, a fim de fortalecer políticas públicas viáveis e que, efetivamente, trazem bons resultados.

“Além de possibilitar a reabilitação social das pessoas privadas de liberdade, essa iniciativa é superimportante para saúde, porque mantém as condições adequadas dos nossos locais de trabalho, oportunizando melhores ambientes para as equipes e serviço de maior qualidade para a população”, destaca a gestora.

Um exemplo real dessa transformação na prática pode ser observado a partir da experiência do Cristiano. Com 50 anos de idade e três anos de trabalho junto ao MOP/SUS, ele comenta que a oportunidade de participar do programa foi a verdadeira virada de chave em sua trajetória.

Há três anos atuando junto ao MOP, Cristiano comemora a oportunidade de retornar ao mercado de trabalho. Foto: Michel Corvello

“Aqui no MOP, eu já aprendi a fazer diversos serviços que não tinha experiência, como trabalhos em pintura, jardinagem e instalação elétrica. Esse programa realmente foi uma das melhores coisas que já fizeram por nós. Tudo que a gente quer hoje é voltar à sociedade para poder trabalhar de novo. Hoje, eu me sinto um ser humano muito mais feliz e com muito mais dignidade”, afirma.

Além do MOP/SUS, a Mão de Obra Prisional é utilizada, ainda, nas secretarias de Obras e Pavimentação (Smop), de Serviços Urbanos e Infraestrutura (Ssui), de Assistência Social (SAS), de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF) e de Qualidade Ambiental (SQA).

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