Agricultura familiar usa tecnologia para planejamento e gestão da produção
Responsável por 70% dos alimentos consumidos no país, a atividade enfrenta desafios que podem ser sanados com soluções tecnológicas.
A agricultura familiar desempenha um papel relevante na economia e no dia a dia dos brasileiros, sendo responsável pela geração de, aproximadamente, 10 milhões de empregos e a produção de 70% dos alimentos consumidos no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Reconhecendo a importância da atividade, o mercado tem desenvolvido tecnologias para auxiliar as pequenas propriedades rurais.
De acordo com o IBGE, 77% dos empreendimentos agrícolas brasileiros são classificados como de agricultura familiar, caracterizada como uma atividade econômica realizada por pequenos produtores, nas quais a gestão e a rotina de trabalho são desempenhadas, predominantemente, por membros da família.
Entre os principais cultivos feitos pela agricultura familiar estão arroz, feijão, milho, café, hortaliças, mandioca, banana, morango, abacaxi, suínos e gado de corte. Apesar de os alimentos constituírem a base alimentar da população brasileira, a área de ocupação dos pequenos produtores segue restrita.
Os dados mais recentes do IBGE informam que a agricultura familiar utiliza apenas 23% do território destinado à agropecuária no país. A maior parte da área é utilizada por grandes latifúndios. O cenário é desafiador para os pequenos produtores, que têm encontrado na tecnologia uma aliada para otimizar processos, melhorar a qualidade técnica e aumentar o potencial competitivo.
Aplicações das tecnologias no campo
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destaca que o uso de tecnologias na agricultura familiar pode contribuir positivamente para os aspectos social, econômico e cultural da atividade. Mas para a implantação das soluções no campo, é necessário que cada produtor saiba identificar quais as melhores ferramentas para a sua rotina de produção.
Dessa forma, o Sebrae defende que o trabalho de modernização das estruturas de cultivo deve ter início com a capacitação técnica dos agricultores familiares. A partir do acesso ao conhecimento e à informação, eles irão compreender quais tecnologias poderão ser adaptadas para o dia a dia da produção.
Para a gestão das propriedades rurais, podem ser usadas ferramentas como o diagrama bpmn online, plataforma que permite construir os fluxos de trabalho e compartilhá-los com a equipe, facilitando o acompanhamento de processos e a identificação de gargalos a serem solucionados. Outra alternativa são os softwares de gestão, que permitem gerenciar a contabilidade, os insumos, a produção e a logística da propriedade.
Para auxiliar a produção, o Sebrae destaca a possibilidade do aproveitamento da energia solar, não só para a redução de custos na propriedade, mas também para o desenvolvimento de tecnologias alternativas como o desidratador solar de alimentos, que consiste em uma caixa com isolamento térmico e tampa de vidro que usa esse tipo de energia para desidratar ervas e frutas. Outra opção é o dessalinizador solar, equipamento que filtra o sal e facilita o acesso das famílias à água potável.
Há, ainda, tecnologias que auxiliam na preparação do solo, no controle de pragas e insetos, na irrigação da propriedade e, até mesmo, na análise prévia das condições meteorológicas que podem impactar o plantio. Na avaliação do Sebrae, é necessário capacitar as famílias para que elas tenham autonomia para a escolha das ferramentas e criar políticas que facilitem o acesso às mesmas.
Conheça os principais incentivos
A definição de agricultura familiar consta na Lei nº 11.326/2006, responsável por criar as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. O reconhecimento da atividade ultrapassa o aspecto econômico, abrangendo também dimensões culturais e sociais. É através dessa atividade que várias famílias garantem a própria subsistência e mantêm costumes e tradições alimentares regionais.
Segundo informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a relevância da agricultura familiar originou a criação de políticas públicas para o fomento e o incentivo da prática ao longo dos anos.
Em 1995, foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que oferece financiamento subsidiado para o custeio e o investimento em implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção. Na avaliação da Embrapa, o programa foi fundamental para o desenvolvimento do setor.
Outras políticas de apoio foram a criação do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf), destinado aos agricultores que solicitam o Pronaf; do Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf), que identifica a origem do produto e dá visibilidade à atividade perante o consumidor; e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que estabelece que, pelo menos, 30% dos alimentos comprados para a merenda escolar sejam provenientes da agricultura familiar.