HE-UFPel convida pacientes em tratamento de câncer de colo de útero para Roda de Conversa
A conscientização e o cuidado com a saúde da mulher são fundamentais para garantir o bem-estar e a qualidade de vida
O mês de março também é lilás, por ser marcado com duas datas especiais, o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, e o Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, celebrado em 26 de março. Com a atenção voltada para a saúde feminina, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), irá promover a Roda de Conversa “Sobrevivendo ao câncer de colo uterino”. O evento será realizado no dia 22 de março, às 15h, no Auditório do Bloco 3, situado na Avenida Almirante Guillobel, 221. O público-alvo são as pacientes em tratamento oncológico via Sistema Único de Saúde (SUS).
A iniciativa é organizada pelas Unidades de Oncologia (UONC) e da Saúde da Mulher (UMUL) do HE-UFPel. Durante a roda de conversa, as médicas Gláucia Alves de Carvalho, ginecologista e obstetra, e Kim Sanguiné, ginecologista, obstetra e terapeuta sexual, irão abordar aspectos gerais do tratamento do câncer de colo uterino e da sexualidade após radioterapia. Além disso, será um momento de troca de experiências e apoio mútuo, fortalecendo vínculos entre as pacientes.
Para a chefe da UMUL, Luana Winkler, o mês marca um período de atenção à saúde da mulher. Segundo ela, “A campanha do Março Lilás possibilita levar mais conhecimento sobre a prevenção do câncer de colo de útero à população, além de promover maior conscientização sobre o tema, o que reflete na possibilidade de diagnóstico precoce e permite um melhor tratamento a cada paciente. Além disso, também promove apoio às mulheres que enfrentam essa doença”.
Atualmente, 19 pacientes estão em tratamento oncológico no HE-UFPel para câncer de colo de útero em estágios diferentes da doença. A chefe da UONC, Cristiane Petrarca, ressaltou a importância do serviço de Oncologia para o acompanhamento dessas pacientes que, além do tratamento, são acompanhadas por até cinco anos, considerando-as potencialmente curadas após esse tempo. Ela alertou para a gravidade do câncer de colo de útero, ressaltando que “É um problema de saúde pública mundial, com maior incidência em países mais pobres, devido ao acesso limitado aos cuidados de saúde. No entanto, o câncer pode ser prevenido e identificado precocemente, principalmente, com a vacinação contra o HPV e do exame de Papanicolau”.
Dentre as dificuldades enfrentadas pelas pacientes em tratamento, Cristiane apontou que “A questão da sexualidade é uma das grandes limitações enfrentadas por essas mulheres, devido ao envolvimento direto da região afetada pelo tratamento. Além disso, a independência e a convivência social também são impactadas, especialmente, para aquelas que têm filhos pequenos”.
Além disso, Cristiane enfatizou a importância do diagnóstico precoce e de um tratamento menos agressivo, visando a curabilidade das pacientes. Nesse sentido, “O suporte familiar e o apoio psicológico são fundamentais, assim como o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, incluindo fisioterapeutas, enfermeiras, psicólogas e terapeutas ocupacionais. Essas medidas são essenciais para a reinserção das mulheres na sociedade e para a retomada de suas vidas sexuais”, concluiu.
Entenda mais sobre o câncer do colo do útero
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma. No entanto, segundo a ginecologista Gláucia, “Tenho a impressão de que falamos pouco nele. Talvez porque essa doença ainda guarde consigo o estigma de ter relação com uma infecção sexualmente transmissível, o HPV” (sigla em inglês para Papilomavírus Humano).
Os índices apontam que 85% da população sexualmente ativa entrará em contato com o HPV, mas, felizmente, nem todas desenvolverão lesões no colo uterino. As pacientes que apresentarem infecções persistentes por esse vírus correm maior risco. Por isso, é fundamental realizar o exame preventivo conhecido como Papanicolau a partir dos 25 anos.
É importante ressaltar que o HPV, em seus estágios iniciais, é assintomático, tornando o exame de rastreamento fundamental para detectar as alterações no colo uterino antes do surgimento de sintomas. O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. “Quando a paciente apresenta sintomas como sinusorragia (sangramento após as relações sexuais), dispareunia (dor durante as relações), dor lombar, a doença já vai estar muitas vezes em um estágio mais avançado do que nós gostaríamos!”, explicou Gláucia.
Além do exame preventivo, a vacinação contra o HPV é uma ferramenta importante na prevenção do câncer de colo do útero. A vacina quadrivalente está disponível no SUS para adolescentes de 9 a 14 anos, pacientes imunossuprimidos e transplantados de órgãos sólidos até os 45 anos. Já a vacinação nonavalente está disponível no sistema privado para aqueles que não se enquadram nos critérios estabelecidos pelo SUS.