Diário da Manhã

Trabalho iniciado em janeiro tem previsão de ser concluído antes do final do ano

A obra de restauração da Igreja Imaculada Conceição de Jaguarão, iniciada em janeiro, está em ritmo acelerado. Apesar de ter sido encontrada uma situação mais precária do que previsto, mais de 40% da obra já foi executada.

Os primeiros meses de obras contemplaram a contratação de equipes, obtenção de registros e licenças, instalação da obra e realização dos serviços iniciais. Desde que iniciou o trabalho, além do projeto completo de restauração prevendo as próximas etapas, também já foi realizada colocação de tapumes ao redor do prédio com proteção da calçada e ladrilhos; criação, produção e instalação de placas informativas; colocação de placas em madeirite no interior da igreja para proteção dos bens e ornatos; limpeza geral da igreja para início das obras, incluindo a limpeza da cobertura e forro em estuque; compra de materiais e construção do canteiro de obras; colocação de plataformas de madeira e andaimes para possibilitar o acesso ao telhado; retirada das telhas para análise e limpeza; imunização das madeiras; reforço estrutural no madeiramento existente e instalação das chapas de subcobertura. A colocação das telhas se dará somente após a conclusão da instalação das chapas em todos os trechos.

A Igreja Imaculada é patrimônio histórico, artístico e cultural tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esta é a primeira etapa de restauração do templo e tem como foco a cobertura. O telhado está sendo restaurado por trechos, ou seja, uma parte da cobertura é descoberta para realização dos serviços e somente após o término de todas as intervenções neste trecho são realizados os serviços no trecho seguinte, evitando que a igreja fique exposta às intempéries durante a obra. Todos os serviços são executados de forma cuidadosa para não causar nenhum dano ao restante da edificação e aos seus demais elementos construtivos e decorativos. Apenas dois pequenos trechos ainda estão pendentes.

“Este trabalho minucioso e de reaproveitamento máximo da estrutura original é o que diferencia uma verdadeira restauração de uma simples reforma”, explica Simone Neutzling, arquiteta especialista em restauração de prédios históricos responsável pela gestão e proponente do projeto por meio de sua empresa Perene Patrimônio Cultural.

A Igreja Azul teve sua restauração aprovada via Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC). A primeira etapa da restauração da igreja foi orçada em aproximadamente R$1 milhão de reais e conta com o patrocínio de Supermercados Paraíso, Grupo Quero Quero, Carlinhos Tradição Supermercados e Supermercados Povão.

Fechada desde 2017 por motivo de segurança, a Igreja Imaculada Conceição contou com os esforços da comunidade para viabilizar a elaboração do projeto de restauração. Em 2020, o estado precário do telhado passou a ocasionar infiltração de água da chuva, acelerando a deterioração da estrutura de madeira e, principalmente, do forro em estuque, que ameaçava ruir. Em 2022, a comunidade iniciou a arrecadação de recursos para a restauração da Imaculada. A primeira ação foi a realização de uma rifa, que arrecadou aproximadamente R$220 mil reais. Além disso, o brechó com roupas e objetos doados passou a funcionar de forma permanente, com o objetivo de buscar recursos para a restauração e manutenção da Igreja.

“Desde o primeiro momento o envolvimento da comunidade foi parte fundamental deste trabalho”, afirma Roberta Manaa, produtora cultural que faz parte da equipe do projeto.

O projeto cultural de restauração da Igreja Imaculada Conceição conta com três eixos: obra, educação patrimonial e comunicação. “O objetivo é manter a comunidade e empresas patrocinadoras próximas ao projeto, atualizadas em relação ao andamento do trabalho e envolvidas com a igreja e a construção deste novo capítulo de sua história”, comenta Bianca Maraninchi Ricci, coordenadora de comunicação do projeto. Todo o trabalho conta com levantamento fotográfico para registro da situação anterior às obras e acompanhamento da evolução até a sua conclusão. Os interessados podem acompanhar a evolução e todas as ações relacionadas ao projeto pelo perfil no instagram (@igrejaimaculada_jag), que é um dos canais de comunicação trabalhados.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Além da obra em si, o projeto cultural de restauração da Igreja Imaculada conta também com ações de educação patrimonial.

“Na Perene, acreditamos que a preservação do patrimônio vai além da restauração física dos prédios. Por isso, integramos ações de educação patrimonial em todos os nossos projetos. Com isso, buscamos sensibilizar e envolver a comunidade a partir do compartilhamento de informações sobre preservação do patrimônio histórico, artístico, cultural e religioso”, comenta Simone.

Em Jaguarão, as ações de educação patrimonial estão sendo realizadas pela educadora Suellen Medeiros, historiadora e mestra em educação. Entre os meses de março e abril, as atividades se concentraram em parceria com escolas municipais, com o IF-Sul (Campus Jaguarão) e com a Unipampa (Campus Jaguarão). Foram realizadas palestras, atividades de prática em restauração e rodas de memórias. Além disso, no programa educativo também está prevista a produção de vídeos educativos em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão. Por fim, foram promovidas visitações abertas ao público, mediadas pela equipe técnica do projeto, para que a comunidade visse de perto uma obra de restauração, conhecendo ainda mais detalhes desse patrimônio cultural, sua história e a importância da sua preservação.

“Essas iniciativas têm como objetivo sensibilizar a comunidade local sobre a importância da preservação do patrimônio. Ao conhecer e valorizar seu patrimônio, a comunidade se conecta com sua história e raízes, fortalecendo o senso e identidade e pertencimento”, explica Luisa Maciel, coordenadora das ações de Educação Patrimonial do Projeto de Restauração da Cobertura da Igreja Imaculada Conceição. “As ações de educação patrimonial formam multiplicadores que ajudam a replicar a importância da preservação do patrimônio histórico e cultural”, completa.