Vereadora Fernanda Miranda critica forma como prefeitura conduz o fechamento de abrigo na Z3
“É desumano que depois de quase dois meses com suas casas debaixo d’água, as pessoas tenham que retornar sem nenhum tipo de auxílio da prefeitura”, denunciou a vereadora
Após visita na Colônia Z3, a vereadora Fernanda Miranda (PSOL) usou seu tempo de tribuna, na sessão ordinária da terça-feira (16), para criticar a atuação da Prefeitura de Pelotas no fechamento do abrigo da Z3, que ainda atende famílias atingidas pelas enchentes. No começo desta semana, a Secretaria de Assistência Social começou a orientar as famílias ainda abrigadas, moradores do Cedrinho, a retornarem para suas casas.
A Colônia de Pescadores Z3 foi uma das comunidades mais atingidas em Pelotas pela enchente que atingiu o Estado em maio. A região do Cedrinho foi uma das áreas que mais sofreu com a cheia da Lagoa e seguia com água entrando no interior de pátios e casas até o início de julho. Mesmo com a baixa do nível dos últimos dias, o local segue com grande acúmulo de lodo, lixos e entulhos.
“É desumano que depois de quase dois meses com suas casas debaixo d’água, as pessoas tenham que retornar nesse clima frio e úmido, sem nenhum tipo de auxílio da prefeitura! Elas mesmas estão limpando e tentando reformar casas que estão com rachaduras. Não há nem colocação de saibro ou aterro nos pátios que estão insalubres, expondo as pessoas à risco de doenças”, enfatizou Fernanda.
Na última semana, a Prefeitura de Pelotas confirmou o óbito de uma mulher de 66 anos, moradora na Colônia de Pescadores Z3, vítima de leptospirose. No início de julho, a parlamentar do PSOL já havia cobrado por presença mais efetiva do poder Executivo junto a Z3, visto que o abrigo contava com apenas uma assistente social e o trabalho de orientação psicológica e de saúde não teve qualquer tipo de reforço na comunidade que vive esta crise.
Abrigo da Z3
O abrigo da Colônia Z3, localizado no salão da paróquia João Paulo II (um dos pontos mais altos da comunidade), foi um dos primeiros a abrir suas portas para os atingidos pelas enchentes na segunda semana de maio. O local abrigou dezenas de famílias (mais de 200 pessoas) durante o período de crise e contou com apoio do Exército Brasileiro e da Brigada Militar. Nesta terça-feira (16), o Exército encerrou o período de auxílio com alimentação no local e a orientação passada pela Secretaria de Assistência Social foi para que as famílias que ainda permaneciam no local retornassem a suas casas.
Devido às condições precárias e insalubres que se encontram às casas do Cedrinho, para onde as pessoas devem retornar, o mandato da vereadora encaminhou uma denúncia ao Ministério Público, via 2ª Promotoria de Justiça Especializada de Pelotas. Em junho, a parlamentar havia questionado ao Executivo sobre a concessão de aluguel social para casos como estes (em que a família que ainda não consiga retornar para suas casas devido a problemas de estrutura), no entanto, até o momento não houve aceno da Prefeitura neste sentido.
Estiveram presentes na visita de fiscalização da comunidade, representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e do Movimento Solidariedade Pelotas.