Marcos Jobim lança Singelinha no Mistura Fina: um convite ao silêncio e à contemplação
Mais que um simples lançamento, Singelinha propõe um respiro estético e existencial
Marcelo Gonzales*
@celogonzales @vidadevinil
Na noite desta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, Porto Alegre recebe um presente especial: o lançamento de Singelinha, novo álbum do cantor, compositor e multi-instrumentista Marcos Jobim. O show gratuito acontece no Teatro Oficina Olga Reverbel – Multipalco Eva Sopher, às 19h, como parte da programação do Projeto Mistura Fina, e marca a chegada de um trabalho que convida à desaceleração, ao silêncio e à escuta atenta em tempos de excesso e ruído.
Mais que um simples lançamento, Singelinha propõe um respiro estético e existencial. Com 13 faixas (10 canções e 3 instrumentais), o disco passeia entre a música popular brasileira e a música de câmara, equilibrando sutileza, densidade poética e riqueza de arranjos. As composições de Jobim ganham vida com instrumentação refinada — cordas, sopros, percussões acústicas — resultando em um tecido sonoro que parece cultivar delicadeza como forma de resistência.
Mistura Fina: palco de diversidade e encontros
O Projeto Mistura Fina é uma das mais importantes iniciativas culturais em Porto Alegre. Conhecido por abrir espaço a diferentes linguagens artísticas, o programa tem como essência promover diversidade, estimular a reflexão estética e oferecer ao público apresentações gratuitas de alta qualidade. Ao abrigar o lançamento de Singelinha, o Mistura Fina reafirma seu papel como ponto de encontro entre artistas inovadores e plateias abertas a novas experiências sonoras.
Marcos Jobim: entre caminhos solos e parcerias
Marcos Jobim vem construindo uma trajetória marcada pela versatilidade. Em duo com Cruz, lançou o EP Solidão e o álbum Desencontro. Em carreira solo, estreou com Ensaio Sobre a Vida e o Tempo (2022), onde explorou sonoridades contemporâneas e influências de jazz e bossa nova. Antes de Singelinha, o artista lançou uma série de singles que já antecipavam sua busca por espaços de contemplação: Silêncio, Eu Vou, Um Sol Qual Luar, Um Novo Sol e Clarice.
Com Singelinha, Jobim parece consolidar um novo momento criativo: mais introspectivo, mais próximo da música camerística e de um conceito de “resistência pela delicadeza”. A presença de músicos como Ana Schmidt (violino), Ariane Rovesse (clarinete), Edu Martins (contrabaixo), Sabryna Pinheiro (trombone) e Wilthon Matos (tuba), entre outros, amplia a paleta sonora e reforça a dimensão coletiva do trabalho.
Possíveis repercussões e importância
Lançado em um contexto de saturação de estímulos, Singelinha se coloca como uma proposta contracorrente. Sua importância está justamente na ousadia de desacelerar: oferecer ao público um espaço de contemplação e escuta ativa. Para além da cena local, o álbum pode dialogar com tendências globais de valorização do “slow”, atraindo ouvintes interessados em experiências musicais que resgatam o silêncio como estética e filosofia.
Ficha técnica
Artista: Marcos Jobim
Álbum: Singelinha (2025)
Produção / arranjos / mixagem: Pablo Schinke
Masterização: Marcos Abreu
Participações: Ana Schmidt (violino), Ariane Rovesse (clarinete), Bruno Coelho (percussão), Edu Martins (contrabaixo acústico), Sabryna Pinheiro (trombone), Wilthon Matos (tuba), Walter Schinke (contrabaixo em “Singelinha – Camerata”), Betina Pegorini (voz em “Clarice”)
Estúdios de gravação: Bira e Bem-te-vi
Cenografia do show: Ana Negra Medeiros
Iluminação: Carlos Azevedo
Um convite aberto
Mais que um lançamento, Singelinha é um gesto de partilha: um chamado ao público para se reunir em torno da música como espaço de calma, delicadeza e resistência. No palco do Mistura Fina, Marcos Jobim abre uma janela para o silêncio — e talvez seja justamente aí que sua voz soe mais alta.
*Marcelo Gonzales vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações.
Imagem: @zecarlosdeandrade







