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O Capital volta a pulsar o amor e a fúria em Você Me Ama de Verdade

O Capital volta a pulsar o amor e a fúria em Você Me Ama de Verdade
07 novembro
08:26 2025

A cada nova canção, o Capital Inicial reafirma que o tempo não os envelheceu

Marcelo Gonzales*

@celogonzales @vidadevinil

Há algo de elétrico no ar quando o Capital Inicial decide recomeçar. A cada retorno, a banda parece provar que o rock brasileiro ainda respira, ainda se renova, ainda tem voz para falar de amor e desejo como se fosse a primeira vez. E é exatamente isso que Você Me Ama de Verdade traz com o início de uma nova fase, o reencontro com o inédito, a faísca que reacende o fogo depois de oito anos em silêncio criativo.

A faixa chega como o primeiro sopro do novo EP, um cartão de visitas de uma era que promete energia, modernidade e fidelidade à essência. Guitarras elétricas encontram batidas programadas, o peso se mistura ao ritmo, e o resultado é um som vibrante, atual, dançante, sem perder aquele DNA roqueiro que acompanha a banda desde os anos 80, quando Brasília ainda era sinônimo de juventude e rebeldia.

Dinho Ouro Preto canta com a mesma urgência de quem aprendeu que o amor é confusão, mistura, vertigem. É o tipo de letra que não busca a resposta, mas o sentimento que vibra entre o toque e a distância, entre o desejo e a entrega. Você Me Ama de Verdade é o reflexo desse turbilhão em uma canção que não tenta domesticar o sentimento, apenas deixá-lo pulsar.

O clipe, dirigido por Bernardo Perpettuo, traduz esse amor visceral em imagens. O olhar é moderno, mas o espírito é o mesmo que fez do Capital uma das bandas mais duradouras do país com energia, atitude e um certo desassossego que nunca os deixou parar. Há algo de sensual na mistura das guitarras e das batidas eletrônicas em um diálogo entre o ontem e o agora, entre o rock que moldou gerações e o som que pulsa nas ruas de 2025.

Essa nova fase vem após o encerramento da turnê Acústico 25 Anos, que reuniu mais de meio milhão de pessoas em shows lotados. O Capital encerrou um ciclo de celebração, revisitando sua própria história, para agora abrir as portas de um novo tempo, mais autoral, inquieto, cheio de fôlego e de planos.

O histórico recente é prova dessa força com o retorno de Primeiros Erros ao Top 200 do Spotify, a presença no The Town, dividindo o palco com lendas internacionais, e uma sequência de apresentações que reafirmaram o quanto o grupo segue no centro do imaginário do rock nacional. O público não apenas os ouve, o público os acompanha, cresce junto, envelhece junto, vibra junto.

“Estamos em movimento”, disse Dinho, e talvez essa seja a melhor definição para a banda. Três décadas sem pausas, lançando discos, escrevendo novas histórias, mantendo viva a chama que começou lá em 1982. A cada nova canção, o Capital Inicial reafirma que o tempo não os envelheceu e apenas os tornou mais urgentes, mais intensos, mais dispostos a continuar dizendo o que ainda precisa ser dito.

Você Me Ama de Verdade não é apenas o retorno de uma banda às inéditas. É o retrato de um grupo que aprendeu a se reinventar sem precisar negar o passado. Que canta o amor com a mesma fúria com que, um dia, cantou o inconformismo. Que entende que a única forma de permanecer é continuar se movendo.

O Capital volta a pulsar e o rock brasileiro, por instantes, volta a sentir o coração acelerado.

*Marcelo Gonzales é autor do blog Que Dia é Hoje?, vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações

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