UPA DA AVENIDA BENTO GONÇALVES VAI ATRASAR MAIS AINDA
A Unidade de Pronto Atendimento Nível 3, “menina dos olhos” dos gestores da Saúde deveria ter sido entregue em janeiro e, como não foi, deixa de realizar cerca de 53 mil atendimentos
Não será dessa vez que o contribuinte receberá uma obra pública dentro do prazo. Nem mesmo após um atraso inicial e nova previsão de entrega. O usuário da saúde pública vai ter que esperar meio ano a mais, pelo menos.
Em novembro de 2014 o DIÁRIO DA MANHÃ já alertava para o descumprimento dos prazos. Quem passa pela avenida Bento Gonçalves nas proximidades do Horto Municipal e observa a placa que indica a construção da Unidade de Pronto Atendimento(UPA) nível III duvidava que a obra fosse entregue no prazo anunciado, 10 de janeiro de 2015. E tinham razão.
A construção iniciada em março do ano passado ainda carece de muitos acabamentos. A Coordenadora de Projetos de Captação de Recursos da Secretaria Municipal de Saúde, Lilian Gastaud Yurgel, informou ao DM ano passado que haveria atraso. “Isso consta em contrato. Quando o atraso é em função do clima é normal e legal que se prorrogue o prazo”, afirmou a médica. Ela se referia aos cerca de 72 dias de chuvas que impediram o andamento da obra.
Naquele novembro de 2014, Lilian Yurgel remarcou o prazo: “a obra deverá ser entregue entre os meses de março e abril do próximo ano”.
A reportagem foi ouvir a Coordenadora, já que o novo prazo se esgotou e nada de entregar a Unidade de Pronto Atendimento. Dessa vez, a desculpa – ou melhor – justificativa foi a seguinte: “os prazos estipulados pelo Ministério da Saúde são exíguos, são prazos para não serem cumpridos”, disse a funcionária pública municipal.
Questionada sobre quando, afinal, a obra ficará pronta, Lilian Yurgel arrisca novo prazo: “será entregue em junho”. Ela informa que foi feito um aditamento para a conclusão da obra, não considerando aquele atraso inicial. Quanto ao valor, cerca de R$ 3,7 milhões do imposto que sai do seu bolso, leitor, felizmente não houve aumento.
Não consta no contrato, no entanto, se extrapolado esse prazo há multa à empresa responsável pela construção. Não consta, também, nenhuma penalidade para os gestores ou fiscais da obra em virtude desse atraso. Até agora o único penalizado é o cidadão.
PREJUÍZO AOS USUÁRIOS
A UPA Nível 3, em construção na Avenida Bento Gonçalves é aguardada com grande ansiedade, não só pelos gestores da SMS, mas sim pelos contribuintes e usuários do Sistema Único de Saúde.
A UPA 3 terá equipe composta por sete médicos clínicos gerais e sete pediatras, que devem realizar entre 300 e 450 atendimentos ao dia. O planejamento prevê prédio com 15 salas de observação, três espaços destinados à pediatria e dependências para pacientes que possuam necessidade de isolamento.
A estrutura, projetada com ventilação e iluminação natural, a fim de diminuir custos, contará ainda com recepção e registro de pacientes; acesso para triagem; salas de espera (uma específica para a pediatria); sanitários públicos e para os funcionários; consultórios, salas para aplicação de medicamentos, inalação, Raio X, ultrassonografia e eletroencefalograma. Os funcionários da UPA terão vestiários e quartos de descanso para plantonistas (feminino e masculino); sala de distribuição, refeitórios e estacionamento.
Com o atraso na entrega das obras e levando em conta a nova promessa, deixaram de ser atendidos, até hoje, cerca de 36 mil pacientes. Até junho chegar, outros 17 mil usuários do SUS ficarão sem a nova UPA. No total, já poderíamos ter 53 mil atendimentos. Números que devem entrar na conta do administrador público. (HFJ)