Diário da Manhã

sábado, 23 de novembro de 2024

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Mais de 5 mil moradores estão sem atendimento médico na UBS do Barro Duro

09 novembro
15:57 2015

Há quase dois meses sem atendimento médico, a Unidade Básica de Saúde do Balneário dos Prazeres está vivendo um verdadeiro clima de guerra

Vereador Marcus Cunha ouviu as reclamações da população desassistida

Vereador Marcus Cunha ouviu as reclamações da população desassistida

Vidros quebrados por tijolos, ameaças verbais contra enfermeiras e de depredação de veículos, juntam-se ao desespero de pacientes que precisam de medicamentos controlados ou de uso contínuo, ou até de um simples remédio para dor de cabeça, mas que não podem ser receitados a não ser pelos próprios médicos.

Os dois profissionais são do programa Mais Médicos, do governo Federal. Alcides Abel, é cubano, e tem direito a 45 dias de férias. O outro, David Caetano Melo, é brasileiro, mas está em licença saúde e as colegas não sabem precisar quando retorna. Além disso, eles não cumprem a carga horária devida. Segundo as enfermeiras da UBS, eles trabalham duas horas pela manhã e mais duas à tarde.

Para a população, o caos se instalou no balneário. “A minha vizinha passou mal e não quiseram nem fazer um oxigênio nela”, disse uma moradora. A resposta da enfermeira: “não podemos prescrever medicamentos, nem uma nebulização, sem a receita do médico”.

E assim sucessivamente, qualquer atendimento que necessite primeiro do aval do médico, tem sido negado pelo corpo de enfermeiras e técnicas que, mesmo cumprindo o horário de trabalho – 40 horas semanais – têm sido alvo das manifestações agressivas da comunidade. “Pra que elas ficam aqui se não podem nos ajudar?”, questionavam as mulheres, aglomeradas à porta da unidade.

Para o vereador Marcus Cunha (PDT), presidente da Comissão de Saúde do Legislativo, que esteve na UBS na manhã desta segunda-feira, os dois lados têm razão. Os pacientes, porque a ausência dos médicos está causando transtornos irrecuperáveis para a saúde. As enfermeiras, porque não podem atendê-los, e, mesmo se pudessem, a UBS está sem utilizar a autoclave, que não é testada há meses, para garantir o funcionamento, sem medicamentos e sem material para fazer um simples curativo.

Dorvalina precisa buscar o filho escondido no mato quando entra em crise pela falta da medicação

Dorvalina precisa buscar o filho escondido no mato quando entra em crise pela falta da medicação

Santa Dorvalina Carrasco Rodrigues tem um filho de 32 anos, esquizofrênico. Já foi internado diversas vezes. Se ficar sem os medicamentos entra em surto, ameaça os vizinhos e desaparece nos matos que ficam algumas quadras de sua casa. Com a ausência dos médicos na UBS, o rapaz está há mais de uma semana sem medicação. Nas últimas noites, ele tem sumido de casa. Na madrugada de domingo para segunda, Dorvalina saiu atrás dele, mesmo com medo, para convencê-lo a voltar.

“Se eu ligo para a Samu ou a Brigada Militar e peço ajuda eles não vêm”, ela afirma. Sem medicar e sem internar o filho, Dorvalina teme que ele machuque alguém ou acabe sendo ferido por outra pessoa.

Marcus Cunha vai reunir os depoimentos e encaminhar, primeiro, à secretária de Saúde, Arita Bergmann. “Ela está no comando da secretaria há mais de seis anos mas as UBS continuam com os mesmos defeitos”, afirma o parlamentar. “Queremos que ela tome providências urgentes, que mande médicos comprometidos com a população de mais de cinco mil moradores e não médicos plantonistas”. Se a secretária não atender as reivindicações, o vereador encaminhará a documentação ao Ministério Público com pedido de ação judicial contra o município.

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