Hepatite A: o vírus silencioso
Surto da doença torna importante conscientização sobre processos de transmissão e prevenção
O índice de pessoas infectadas com o vírus da hepatite A cresceu expressivamente em 2017, o que torna o momento relevante para conscientizar a população sobre as medidas preventivas. Apenas na cidade de São Paulo, foram registrados cerca de 600 casos da doença entre janeiro e outubro. O alerta é ainda maior para o público masculino, que representa 87% dos infectados pelo vírus.
A hepatite A é causada por um agente viral que desencadeia uma inflamação no fígado. Geralmente a recuperação acontece de maneira natural e, em casos mais raros, podem acontecer complicações, que exigem internação e, até mesmo, ocasionam insuficiência hepática. Diarreia, náuseas, vômitos, dores no corpo e mal-estar estão entre os sintomas mais comuns, o que muitas vezes pode fazer com a doença seja confundida com gastroenterites virais.
Quando os sintomas inicias desaparecem, adultos e idosos podem desenvolver a fase ictérica – caracterizada pela pele amarelada, urina escura e fezes esbranquiçadas. “A fase ictérica costuma durar semanas e depois há uma fase de convalescência, na qual o paciente se recupera com melhora da icterícia. Contudo, isso pode levar meses e ainda assim haver recorrência da doença”, explica o clínico geral da Cia. da Consulta José Eduardo Riceto.
Ele explica que a proliferação do vírus está ligada diretamente às estruturas sanitárias locais e condições de higiene. Isso porque a sua transmissão acontece por via fecal-oral, ou seja, a ingestão de alimentos ou líquidos contaminados por resíduos fecais ou contato pessoal. “Há grande quantidade de vírus nas fezes dos pacientes acometidos por esta doença e eles podem ser eliminados duas semanas antes e até 2 semanas depois do início da icterícia (pele de cor amarela) que a doença pode causar”, alerta Riceto.
Não existe um tratamento específico para hepatite A, mas uma dieta com menos gorduras e bebidas alcoólicas evitará o surgimento de complicações no fígado. O maior aliado contra a doença é a prevenção, que pode acontecer por meio de vacinas ou de atitudes simples no dia a dia. “A prevenção é feita com medidas básicas de higiene, evitando ingerir água não tratada e alimentos potencialmente contaminados. Além disso, pacientes com a doença devem ter cuidado com a higiene nos sanitários por conta da eliminação fecal do vírus”, indica o médico.
Assim, o próprio diagnóstico precoce da doença será uma maneira de impedir a proliferação do vírus – o que pode ser feito por meio de testes sorológicos capazes de detectar anticorpos específicos que atuam contra essa doença. Por isso, é importante ficar atento e fazer os exames de diagnóstico em caso de sinais de alerta.