Diagnóstico tardio de câncer renal é a principal causa de alto índice de morte
Especialista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba – IHOC/Grupo Oncoclínicas esclarece algumas dúvidas sobre o surgimento de tumores de rim
Embora se fale muito de câncer, quase não se comenta sobre o tumor renal. Esse tipo de câncer pode ser considerado relativamente incomum, atingindo cerca de 150 mil pessoas no mundo, em sua maioria homens na faixa etária de 50 aos 70 anos. Mas apesar da baixa incidência, dados do Globocan, um projeto da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que a cada dois pacientes diagnosticados com tumores renais, um acaba morrendo. Em grande parte, a razão principal dos altos índices de morte se deve à descoberta tardia da doença, quando já há presença de metástases.
A questão está sendo abordada na novela “O Outro Lado do Paraíso”. Na ficção, o diagnóstico é de um tumor maligno no rim esquerdo, sendo que o órgão já até perdeu sua função. Devido ao estágio avançado da doença e para impedir uma possível metástase, o médico sugere a retirada imediata do rim afetado. Nesses casos, a urgência é fundamental. “O câncer de rim em seus estágios iniciais costuma ser diagnosticado por meio de um exame de imagem dirigido feito por causa de outra situação ou doença, que chamamos de incidentalomia. Já nos quadros de doença avançada, sintomas relacionados a uma possível metástase, como dor óssea, por exemplo, podem ser a primomanifestação”, explica Dr. Elge Werneck, oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba – IHOC/Grupo Oncoclínicas.
Segundo o especialista, um pequeno número de pacientes têm massa abdominal palpável, dor e presença de sangue na urina. Outros sintomas, tais como falta de ar, emagrecimento e as dores ósseas podem ser consequência das metástases da doença. “Embora os exames de imagem sugiram fortemente um diagnóstico, ele só é confirmado após a retirada de algum tecido suspeito para a análise anatomo-patológica, ou seja, por mais que as tomografias ou ressonâncias indiquem o câncer, apenas após a biópsia é possível ter certeza da determinação das alterações no rim”, explica.
Tipos de câncer renal
Há cinco diferentes tipos de câncer renal, sendo eles:
Carcinoma Renal de Células Claras: conhecido com RCC (Renal Cell Carcinoma), esse é o tipo mais comum, ocorrendo em 70% a 90% dos casos. Ele tem origem no tubo responsável por filtrar as purezas do sangue.
Carcinoma Papilar: menos comum, esse câncer atinge cerca de 10% a 15% dos casos. É um tipo agressivo, que pode causar metástase. Costuma causar obstrução das vias urinárias, gerando dor. Existe o carcinoma papilar tipo 1 e o tipo 2.
Carcinoma Renal Cromófobo: ocorre em cerca 5% dos casos e é considerado um dos menos agressivos.
Ductos Coletores: tipo de câncer extremamente raro, que afeta uma estrutura do rim chamado Tubo de Bellini.
Sarcomatóides: em geral, ocorre em concomitância aos outros tipos, principalmente, ao carcinoma de células claras, sendo um componente do mesmo e com características mais agressivas.
Causas e tratamento
O câncer renal tem causas variadas como tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, insuficiência renal terminal e histórico familiar, bem como algumas síndromes clínicas raras, presença de doença renal cística adquirida, uso prolongado de analgésicos não esteroides e exposição ocupacional a alguns agentes como cádmio e derivados de petróleo, entre outros.
Dr. Elge Werneck Jr. explica que a escolha do tratamento depende de fatores variados, desde o tipo e extensão do câncer até as condições clínicas do paciente, podendo incluir cirurgia e/ou terapias de alvo molecular. Esse é um tumor que não responde a quimioterapia, exceto aqueles que ocorrem no Tubo de Bellini. “As perspectivas terapêuticas para o câncer renal mudaram muita na última década, melhorando a expectativa de vida dos pacientes. A chegada de vários inibidores de tirosino-kinase, também chamados de droga ou terapia-alvo, nos últimos 15 anos, associados aos recentes lançamentos de imunoterápicos, trouxe um cenário mais distinto e promissor”, revela. “Talvez, em um futuro próximo, com a melhora na seleção dos pacientes e maior compreensão das características dessa doença, possamos obter ainda mais benefícios dos tratamentos já disponíveis”, afirma o oncologista do IHOC/Grupo Oncoclínicas.