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sábado, 18 de maio de 2024

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A HISTÓRIA DE ALEIXO: Cinco décadas dedicadas a uma causa

A HISTÓRIA DE ALEIXO: Cinco décadas dedicadas a uma causa
30 janeiro
09:33 2017

Presidente do Esporte Clube Pelotas lembra momentos marcantes do passado, avalia dificuldades do presente e projeta futuro

 

Luiz Antônio Aleixo, 66 anos, está perto de completar cinco décadas de sua chegada à diretoria do Pelotas. Nesse período de meio século, o dirigente foi eleito 12 vezes para presidir o clube, ocupando vários outros cargos (como presidente do Conselho Deliberativo) e tem seu nome vinculado aos momentos mais importantes da história áureo-cerúlea, incluindo, o atual que é marcado por enorme dificuldade financeira.

Aleixo testemunhou a transformação do futebol nos últimos 50 anos, mas diz que se adapta ao curso do tempo Fotos: Divulgação

Aleixo testemunhou a transformação do futebol nos últimos 50 anos, mas diz que se adapta ao curso do tempo
Fotos: Divulgação

Foi com Aleixo na presidência que o Pelotas retornou por duas vezes (1983 e 2009) à primeira divisão gaúcha, depois de anos de penúria na Segundona. Foi com Aleixo na presidência que o Lobão registrou duas de suas melhores campanhas no Gauchão: 1984 e 2010. Foi Aleixo o autor da idéia de construção da arquibancada do Shopping Lobão e do complexo Parque Lobão. Foi na primeira administração de Aleixo que o clube começou a obra da arquibancada da Gonçalves Chaves.

Apesar de ter passado 49 anos desde o primeiro cargo na diretoria do Pelotas, Aleixo se considera atualizado. “Tem gente que fala no meu tempo era assim, assado… O meu tempo é o atual. Meu tempo é o em que vivo”, afirma o presidente. Luiz Antônio Aleixo é testemunha da transformação do futebol neste período de quase 50 anos. “Hoje é tudo profissional. Ninguém mais faz nada de graça. Tudo é pago”.

Paradoxalmente, Aleixo observa uma tendência de mudança no futebol do interior. “Quem não se preparar vai voltar ao amadorismo”, diz. Essa constatação foi reforçada na recente reunião para definir a fórmula da Divisão de Acesso, quando a maioria dos clubes aprovou uma fórmula de jogar o menor tempo possível.

Um dos dirigentes mais experientes do futebol gaúcho recorda momentos e personagens do passado, avalia as dificuldades do presente e projeta um futuro de transformação.

 

Primeiro cargo

 

Filho de Silvério Aleixo, que foi presidente do Conselho Deliberativo do Pelotas e ocupou outros cargos, mas nunca foi presidente do clube, Luiz Antônio Aleixo era atleta de tênis – na época, o Lobão possuía o departamento de tênis. E foi justamente para dirigir esse departamento que recebeu convite pelo então presidente Cândido Lopes Neto, em 1968.

Dez anos depois, Aleixo assumia pela primeira vez a presidência do Pelotas. “Era um momento de muita dificuldade. O Pelotas ficou com muitos problemas financeiros depois daquele Torneio Seletivo (Clássicos Bra-Pel classificatórios para o Campeonato Brasileiro). A diretoria era formada por Álvaro Gonçalves da Silva, Bernardo de Souza (ex-prefeito) e Antônio Peres (Empresa de Transportes Santa Maria). O Álvaro pediu demissão, mas continuou ajudando muito o Pelotas. E o assumi”, recorda.

 

1968 – Dirige o departamento de tênis

1978 – Assume pela primeira vez à presidência

1979 – Segue no comando do clube

1983/1984 – Dois mandatos e, no primeiro, acesso à primeira divisão

1997/1998 – Mais dois mandatos seguidos

2007 a 2011 – Em 2009 com outro acesso à primeira divisão

2016/2017 – Eleito para mandato de dois anos

 

“Nada mais é amador, tudo é pago”

 

Há 20 anos (1997), Luiz Antônio Aleixo era presidente do Pelotas – ano marcado pela goleada de 4 a 0 no Bra-Pel realizado no Bento Freitas. Há 10 anos (2007), Aleixo estava novamente no comando do clube – ano da parceria frustrada com a AGS (empresa, que tinha como principal referência o ex-jogador César Sampaio).

E assim, com o passar das décadas, Aleixo foi observando a transformação do futebol. “Antes, os jogadores ficavam quatro, cinco anos no clube. O Paulo Ricardo, o Eduardo, o Eugênio, o Celso Guimarães… Quantos anos eles jogaram no Pelotas? Hoje se forma um grupo para cada campeonato. Tem ano que se faz até três grupos de jogadores”, aponta.

“O custo do futebol aumentou muito também. Hoje, não tem mais nada amador. Todo mundo recebe para trabalhar. Antes os funcionários moravam no clube, recebiam pouco. Hoje todos são profissionais. Mudou até o material esportivo. No passado se corria para conseguir ter um termo de camisetas; hoje, as empresas fornecem todo o material”, relata.

Aleixo cita dois grandes treinadores, com os quais trabalhou nesse período: Valmir Louruz e Galego. “O melhor de todos é o Galego. Ele era um “faz tudo”, mas um grande treinador, que mudava o jogo no intervalo”.

 

Dívida é o principal desafio

 

Luiz Antônio Aleixo retornou à presidência do Pelotas em fevereiro do ano passado, depois da renúncia de Flávio Gastaud (consequência da polêmica envolvendo a possibilidade de aluguel da Boca do Lobo para o Brasil). A volta ao comando do clube coincidiu com um período de enorme dificuldade financeira causada pelo rebaixamento em 2014 e pelas sentenças em ações trabalhistas. “Nunca tinha visto uma situação tão difícil como esta que estamos passando”, afirma.

O Pelotas cobria 50% de suas despesas com a receita dos alugueis de imóveis localizados no entorno da Boca do Lobo. Toda essa receita tem sido destinada ao pagamento do acordo com credores de dívidas trabalhistas. Além disso, a diretoria tem feito esforço para impedir que haja perda de patrimônio por conta dos pedidos de penhora. “Temos uma série de ações respaldadas para o Conselho para tentar diminuir esses valores”, adianta o presidente.

Mesmo num quadro de crise (no clube e no país), Aleixo vê um cenário animador em 2017. “As pessoas do Pelotas estão muito motivadas, até por causa do aumento de vaga na primeira divisão. Agora são duas vagas. No ano passado, o campeonato era completamente irracional. Tinha só uma vaga e todos diziam que era do Caxias e nós quase roubamos a vaga deles”, salienta.

O presidente destaca também o esforço da diretoria para evitar erros administrativos, que no passado geraram as dívidas atuais. “O Gilmar (Schneider, vice-presidente) estão encanzinado em organizar o clube”, destaca. Essa reorganização é importante para que o Pelotas se prepare para os desafios futuros. Entre eles, o de jogar o ano inteiro. “No ano passado, não disputamos a Copinha, porque teríamos gasto R$ 250 mil; e teríamos nos endividado em mais R$ 250 mil”, completa.

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