A primeira vez no ginecologista
A primeira visita ao ginecologista pode deixar a adolescente preocupada, envergonhada ou até assustada
As mudanças pelas quais está passando já são imensas e enfrentar um novo médico, assim como próprio crescimento podem intimidar. Porém, nesta hora, só há uma saída. Enfrentar e vencer todos os temores, enfrentando-os consciente de que o ginecologista será por muitos anos parte vital de sua vida como mulher.
“A primeira visita deve acontecer logo que a menina sentir a necessidade de conversar a respeito das alterações de seu corpo, ciclo menstrual ou relação sexual. É interessante que tenha um acompanhamento e aconselhamento desde cedo e de preferência antes de iniciar a atividade sexual. Caso apresente alguma mudança mais significativa no desenvolvimento ou no ciclo menstrual, deve procurar um ginecologista antes”, aconselha a ginecologista e obstetra especialista em infecções genitais e higiene genital feminina Helena Giraldo Souza, membro da SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).
As visitas devem acontecer a cada ano, mas “sempre que houver alteração, o ginecologista irá estabelecer um intervalo mais curto para retorno de acordo com cada caso”.
A mãe pode e deve acompanhar a ida ao ginecologista, se a filha se sentir à vontade com isso. “Não é obrigatório, somente se ambas julgarem necessário e estiverem de acordo. O essencial é que a menina tenha o contato e o vínculo com o ginecologista”, ressalta Helena.
É fato que a adolescência é um período de muitas mudanças e inseguranças em relação ao corpo da mulher. A especialista informa que a melhor forma de lidar com isso “é esclarecendo todas às dúvidas que possam surgir e estar disponível para uma comunicação agradável e bem aberta. É importante que a mulher se sinta segura com seu médico para abordar qualquer assunto”.
Antes mesmo da ida ao ginecologista, a mãe deve esclarecer a relevância do ginecologista na vida da mulher.
“Precisamos ter a certeza de que podemos falar abertamente com o médico para esclarecer todas as dúvidas. Não há necessidade de se sentir envergonhada ao ser examinada; a consulta e o exame ginecológico, além de comuns, não doem e não devem constranger, já que são fundamentais para a boa saúde”, esclarece.
Nessa fase é imperioso saber se o desenvolvimento das mamas, genitais e o crescimento dos pelos estão adequados para a idade e etnia.
“Isso se faz através do exame clínico. Deve também ocorrer uma avaliação de imagem para visualização dos órgãos pélvicos com ultrassonografia. Exames de sangue para avaliação da saúde global como hemograma, colesterol, triglicérides, hormônios tireoidianos, glicemia, função renal e função hepática. Havendo alguma alteração, aí exames específicos devem ser solicitados”, pontua Helena.
Um dos temas mais importante de toda a visita é o início da vida sexual, incluindo uso de preservativo para evitar as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.
“É importantíssimo abordar essa questão. A adolescente precisa saber o que esperar em relação ao sexo e todas as alterações que seu corpo passará. Deve estar ciente dos riscos em relação às DSTs e aparecimento de infecções genitais, possuir mecanismos para lidar e se prevenir. É imprescindível que o ginecologista transmita segurança a essa menina para ajudá-la a lidar com esses assuntos. Também tem de desmitificar os tabus e mostrar-se pronto para resolver quaisquer problemas quando surgirem”, finaliza.