Diário da Manhã

Seu paladar, seu bolso, sua saúde e sua cidade agradecem. Essa é a máxima do projeto Favela Orgânica, capitaneado pela chef Regina Tchelly. Requisitada em diversos eventos brasileiros e internacionais de área de gastronomia e apresentando a prática que é tendência mundial, Regina estará em Pelotas nesta terça-feira (02). A convite do restaurante Crêperie, e com o apoio da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), a paraibana estará mostrando, a representantes de conjuntos habitacionais de interesse social, como evitar o desperdício e aproveitar ao máximo o que os alimentos podem oferecer.

Há três anos Regina era empregada doméstica no Rio de Janeiro e surpreendeu-se com a quantidade de alimentos desperdiçados. Começou a aproveitar os itens que seriam descartados e a improvisar. Autodidata, foi com uma “vaquinha” da comunidade que reuniu dinheiro para fazer sua primeira oficina e hoje é empreendedora do projeto Favela Orgânica. Segundo ela, a grande importância da proposta é poder transformar o olhar e mostrar novos paladares às pessoas, fazendo uma boa ação para a natureza, para o bolso, para a saúde e para o mundo. “O aproveitamento total dos alimentos está em alta na culinária. E a Regina tem uma forma especial de envolver as pessoas nesse processo”, destacou o chef da Crêperie, Márcio Ávila.

Entre as iguarias criadas por Regina, estão brigadeiro de casca de banana, risoto de casca de abóbora e salpicão de casca de melancia.

Na Escola Municipal Núcleo Habitacional Dunas, às 10h, Regina fará uma oficina tal qual promete seu jeito de ser – carismática e criativa. À noite, ela será a estrela de um jantar fechado para convidados na Crêperie.

Mudança no paladar e no consumo

O Favela Orgânica surgiu com o objetivo de ensinar moradores da região da zona Sul do Rio de Janeiro a aproveitarem os alimentos em sua totalidade. A intenção é modificar a relação do ser humano com os alimentos, conscientizando sobre cada etapa do ciclo de alimentação, criando práticas responsáveis para com o meio ambiente e saudáveis para a família e para a comunidade.

Os participantes ampliam sua visão ao valorizarem cascas, talos e sementes – que geralmente são descartados – como ingredientes e fontes de nutrientes. Fazendo isso, enriquecem sua cultura alimentar ao descobrirem novos paladares e aumentar a qualidade de sua alimentação. O projeto traz uma mudança na cultura do consumo e desperdício: compra-se menos e gera-se mais comida com a mesma quantidade de alimentos quando esses são aproveitados integralmente.