Diário da Manhã

segunda, 23 de dezembro de 2024

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Artigo: JESUA e o ABBÁ – no Evangelho dominical

Artigo: JESUA e o ABBÁ – no Evangelho dominical
04 agosto
14:47 2024

Por: Dom Jacinto Bergmann

Eu estava com os discípulos no outro lado do mar da Galileia, Abbá. Uma grande multidão me seguia, porque viam os sinais que eu fazia, em teu nome, em benefício, especialmente, dos enfermos. Eu precisava de um tempo para mim, para os discípulos e também para Ti. Então subi ao monte e sentei-me ali com os discípulos.

Ao entardecer, os discípulos desceram à beira-mar. Eles entraram no barco e atravessaram o mar em direção a Cafarnaum. Foram sem mim. Já estava escuro e começou um vento forte. Então fui ao encontro deles andando sobre as águas e chegamos a Cafarnaum pela manhã.

Então, Abbá, a multidão, que tinha ficado do outro lado do mar, percebeu que nem eu e nem os meus discípulos estavam aí. Entraram nos barcos e foram a Cafarnaum à minha procura. Abbá, eu te louvo, pois a multidão começou a procurar-me. Os galileus sentiam que o Reino de Deus estava irrompendo na minha pessoa. Os galileus eram considerados um tanto impuros, eram marginalizados pelos habitantes do sul. Mas eram eles, os “simples e pequeninos”, que estavam entendendo as “coisas reveladas”.

Abbá, o entendimento dos galileus, estava ficando claro. Pois, quando chegaram a Cafarnaum eles demonstraram curiosidade e me perguntaram: “Rabi, quando chegaste aqui?” Chamaram-me de “Rabi”, que significa Mestre. Para eles eu estava sendo o Mestre das “coisas reveladas”.

Mas eu, Abbá, não estava certo se eles realmente estavam entendendo que o Reino dos Céus irrompia em mim. Como eu tinha, no dia anterior, no outro lado do Mar da Galileia, multiplicado para a multidão cinco pães de cevada e dois peixes e todos ficaram saciados, eu provoquei-os: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais (sinais do Reino dos Céus), mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”.

Na resposta que me deram, Abbá, percebi que estavam abertos para entenderem que o Reino dos Céus estava se irrompendo em mim. Eles até perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” Então fui claro para com eles, dizendo-lhes: “A obra de Deus, Sua obra, é que creiam em Mim que me enviaste”. Sim me enviaste para que o Reino do Céus se irrompesse em mim. É preciso crer em mim!

A conversa continuou nessa linha, ó Abbá! Fiquei feliz! Eles perguntaram: “Que sinal realizas para que o vejamos, e creiamos em ti? Que obra fazes? Nossos pais comeram o Maná no deserto e está escrito: ‘Deus lhes deu de comer pão do céu’”. Pude então responder a eles: “Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. Meu Pai, Abbá, é quem nos dá o verdadeiro pão do céu, pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”.

Interessante, Abbá, a minha resposta provocou imediatamente um pedido da parte deles. Eis o pedido: “Senhor, dá-nos sempre desse pão“. Assim tive a oportuna graça de afirmar-lhes: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

Abbá, como não agradecer a abertura dos galileus, povo marginalizado: eles estão famintos do Pão da vida, do Reino dos Céus. Por isso, quero, do fundo do meu coração, saciá-los, quando eles vêm a mim. Quero, do fundo do meu coração, dessedentá-los quando eles creem em mim!

Esse meu desejo de saciar e dessedentar, Abbá, vale para todas as pessoas humanas de todos os tempos. E é verdade: para os “simples e pequeninos” as Tuas coisas são reveladas e eles se tornam felizes; ao contrário, aos “intelectóides e entendidos” as Tuas coisas reveladas são escondidas e eles não se tornam felizes!

Arcebispo metropolitano da Igreja Católica de Pelotas

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