Blitz Radioatividade e sua capa de 41 anos!
Álbum da banda lançado em 06 de julho de 1983 – Capa Gatefold
Marcelo Gonzales
@celogonzales @vidadevinil
Oi Evandro, Marcelo Gonzales aqui, tudo bem? Estou fazendo um artigo para publicar sobre o álbum Radioatividade que faz 41 anos! Parabéns! Vc poderia dar alguma declaração, mesmo que curta sobre como foi à época esse lançamento?
E, sempre com muito carinho e respeito a todas as mensagens enviadas, recebi a resposta minutinhos depois:
Evandro Mesquita: “É um álbum lindo! Num momento difícil, vindo do primeiro disco com muito sucesso e recorde de vendas. E a nova diretoria da EMI me perguntou:, torcendo o nariz: “_Cadê o Vc Não Soube Me Amar?! “ E eu falei:_ Tá no primeiro disco, Ué?!” . E esse vinha com WEEKEND, Beth Frigida, A Dois Passos do Paraíso “ … E foi disco de ouro e platina!”
Realmente é um álbum lindo e marcante, com o toque Blitz na essência e navegando ainda no sucesso do primeiro disco.
Em janeiro de 1983 o assunto já era o segundo disco e Antônio Pedro, baixista da banda, deu uma declaração ao Globo já sabendo da importância que o segundo disco teria na carreira da Blitz: “Esse disco será muito importante. Vai ser a confirmação do nosso trabalho. Temos ainda muitas composições sem gravar. Entre o primeiro e o segundo discos, uma correria danada…”
O que ninguém enxerga são os bastidores de todo esse processo criativo e eu, um apaixonado pelas criações de capas de discos de vinil, fui atrás do processo de criação dessa capa em especial.
Correria até na capa!
Observando as imagens da capa e contracapa e da parte interna a gente nunca pensa se deu ou não trabalho, mas há quem diga a verdade. Em contato com Flávio Papi, arquiteto responsável pela criação da maquete utilizada para gerar as imagens das capas do disco, consegui um relato bem interessante e curioso: “A capa deste LP foi feita com minha maquete e foto do Cafi (falecido em 2019). Muito trabalho para pouco tempo de confecção… a maquete media 2,40m comprimento x 0,50m de largura x 0,60 m de altura… Sem computador, sem Photoshop, todas as figurinhas foram recortadas a mão em papel fotográfico e montadas sobre a maquete, uma trabalheira! O interessante é a medida dessa maquete, porquê o fotógrafo Cafi falou que a profundidade não podia ultrapassar 50cm, senão perderia o foco, então nós fizemos uma perspectiva, as ruas vão afinando, os prédios vão diminuindo para o fundo e os bonequinhos que a gente recortou foram diminuindo de tamanho pra dar profundidade, os da frente tem um tamanho maior e os do fundo um tamanho menor… Foram quatro módulos de 60 x 60 cm onde ele fez quatro fotos frontais para a montagem da capa: duas pra contracapa e duas pra capa e assim foi.”
Com uma memória intocável e um carinho enorme por esse trabalho Flávio Papi foi me passando detalhes que me fez chegar quase ao lado da bancada de criação, e continuou: “O meu contato foi com o Luiz Stein (ex-marido de Fernanda Abreu) que junto com o Gringo tinham ‘A Bela Arte Produções’. Eles já tinham feito a primeira capa da Blitz e surgiu a ideia de fazer a capa do Blitz 02 -eles que fizeram as capas de todos os discos da Blitz- e o Luiz teve a ideia de usar uma maquete… foi uma correria de doido pq não tinha projeto… o projeto eu fui criando aos poucos, a gente foi inventando peças, construindo prédios e saiu uma coisa muito intuitiva, né? E tudo isso com o apoio do Gringo e do Luiz que vinham, davam pitaco… mas foi assim, uns quinze dias… uma correria… eu não lembro… em muito tempo… mas foi muito rápido até.
Radioatividade
Juntamente com várias outras canções ao longo da carreira, Evandro Mesquita e Ricardo Barreto foram verdadeiros gênios, nesse disco em especial, com as letras de “Weekend” e “A Dois Passos do Paraíso”, sendo na minha opinião, um marco de memória para nós ouvintes e fãs da banda.
Radioatividade foi gravado no início de 1983, num estúdio que nem estava pronto, com a escolha de Liminha para produtor, o mesmo que havia recusado a banda no ano anterior. E… óbvio, foi um tremendo sucesso, contando também com os sucessos “Betty Frígida”, a versão de “Biquini de Bolinha Amarelinha Tão Pequenininho”, “Ridícula” e mais um monte de coisa boa!
A Blitz e o Evandro estão numa prateleira das nossas memórias afetivas, sendo guardado com muito carinho e respeito. Você pode ficar longe de casa, há mais de uma semana, por milhas e milhas distante do seu Amor, mas, quando você chegar, sentar e colocar o Disco Radioatividade pra rolar na sua vitrola você certamente vai se sentir a dois passos do paraíso!
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas o artigo tem que acabar, até o próximo.