Boa produção e reabertura de exportações asiáticas tendem a favorecer oferta de arroz
A boa produção de arroz não só no Brasil, como em outros importantes países produtores tendem a favorecer a oferta do grão no mercado internacional
No país, a expectativa é que a safra 2024/25 chegue a 12,1 milhões de toneladas, como apontam os dados divulgados no 3º Levantamento da Safra de Grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A recuperação da produção brasileira é consequência de uma maior área semeada combinada com uma melhor produtividade. O volume, se confirmado, está entre os maiores das últimas sete safras.
Esse panorama de recuperação de área e produção se repete em outros importantes produtores. Paraguai e Argentina também devem aumentar a área semeada do grão. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de arroz na América do Sul pode atingir 18 milhões de toneladas na safra 2024/25, o que representaria um recorde histórico de produção. Na Índia, um dos principais países produtores da cultura, também há previsão de alta na safra. As abundantes chuvas de monções tendem a influenciar positivamente no desenvolvimento das lavouras, com uma colheita estimada em 145 milhões de toneladas, conforme o USDA.
Além da expectativa de uma boa produção mundial para o grão, a retomada das exportações asiáticas também interfere em uma possível ampliação da oferta no mercado internacional. No final deste ano, a Índia anunciou a retomada de arroz branco não-basmati, fortalecendo o abastecimento global. As vendas ao exterior estavam proibidas desde 2023, medida que provocou uma alta significativa nos preços globais do arroz, que alcançaram o nível mais elevado em mais de 15 anos.
Esse cenário de boa oferta contribui para que, mesmo estando em período de entressafra, os preços pagos aos produtores de arroz no mercado interno apresentem movimento de queda. De acordo com dados da Conab, foi registrada uma redução de 13% na primeira semana de dezembro quando comparado com o mesmo período do mês anterior. Movimento também percebido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP). Segundo o Cepea, entre os dias de 4 de novembro até 13 de dezembro, apenas na última semana os preços se mantiveram estáveis, com variação de 0,08%
Atento à possibilidade de um cenário futuro desafiador para os produtores e de forma a dar sustentação à atividade, o Governo Federal tem lançado leilões de Contrato de Opção de Venda (COV) do grão. “A medida é similar a um seguro, uma vez que garante um preço no momento da comercialização”, ressalta o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Arnoldo de Campos. A partir do contrato de opção, o agricultor tem o direito de vender ao governo federal o produto pelo preço firmado, mas não a obrigação. “Se no momento da venda o mercado pagar mais, o produtor pode não comercializar com o governo e optar por vender para o mercado. Ele tem no futuro a opção de escolher o que for melhor”, explica o diretor da Companhia.
Nesta sexta-feira (20), a Conab irá ofertar 16.241 contratos de 27 toneladas cada. O pregão será realizado a partir das 9h (horário de Brasília) por meio do Sistema de Comercialização Eletrônico da Conab (Siscoe).
A oferta será para os estados de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins. Para os estados mineiros e paranaenses os contratos terão vencimento em 30 de julho de 2025. Já para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o vencimento será em 30 de agosto do ano que vem. Para Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins, os contratos vencem em 30 de outubro de 2025. Os valores de venda também estão estabelecidos de acordo com os prazos de cada vencimento. Mas vale destacar que os preços estabelecidos para a comercialização estão 20% acima do preço mínimo para a safra 2024/2025.
Para realizar as operações, o governo federal destinou à Companhia cerca de R$ 1 bilhão, para a aquisição de até 500 mil toneladas de arroz longo fino em casca, tipos 1 e 2 da safra 2024/25.