Câncer de mama é o mais frequente nas mulheres da região Sul e Sudeste do país
São estimados cerca de 59,7 mil novos casos de câncer de mama em 2018
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 59,7 mil casos novos de câncer de mama no Brasil para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de câncer também é o primeiro mais frequente nas mulheres das regiões Sul e Sudeste do país. No Sul, são 73,07 casos para 100 mil habitantes, enquanto no Sudeste a proporção é 69,50 a cada 100 mil.
De acordo com o oncologista Tiago Kenji, do Hospital Santa Paula, a incidência é mais alta no Sul e Sudeste do país devido ao maior grau de desenvolvimento socioeconômico das regiões. O envelhecimento da população associada com o aumento da expectativa de vida possibilitada pela melhora da qualidade de vida e pelos avanços da medicina fazem com que as pessoas vivam mais tempo e desenvolvam doenças crônico-degenerativas e neoplasias. Sabe-se que o câncer de mama é mais frequente na população com mais de 60 anos.
“De quatro em cada cinco casos ocorre após esta faixa etária. A chegada da menopausa contribui para o aparecimento da doença. Além disso, a classe médica se divide a respeito da reposição hormonal nesta fase, principalmente por um período maior do que cinco anos. Alguns estudos apontam que o tratamento pode aumentar as chances de desenvolvimento da doença”, diz Tiago Kenji.
Um outro ponto importante na opinião do médico é o aumento da expectativa de vida associado à mudança de hábitos. Por exemplo, a gestação antes dos trinta anos de idade, que é um fator protetor, atualmente não é tão comum na vida da mulher.
Segundo o INCA, 30% dos novos casos seriam evitados com a adoção de práticas saudáveis. Entre os principais fatores de risco estão:
– Obesidade e sobrepeso após a menopausa; Sedentarismo; Consumo de bebida alcoólica; Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X); Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos; Não ter tido filhos; Primeira gravidez após os 30 anos; Não ter amamentado.
Já o câncer de mama de caráter genético/hereditário corresponde a apenas 5% a 10% do total de casos da doença.
A importância da conscientização
Apesar da popularidade global, o Outubro Rosa ainda não foi oficializado no Brasil como o mês de conscientização sobre o câncer de mama, o segundo mais incidente nas mulheres mundialmente. O texto (PLC 32/2018) foi aprovado sem ressalvas pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e seguiu para análise do Plenário do Senado em 05 de setembro. Se oficializado, fará parte da agenda oficial do país e deverá contemplar atividades para alertar a população sobre a doença, prevenção, diagnóstico e tratamento.
A data entrou no calendário de saúde quando a Susan G. Komen Breast Cancer Foundation organizou a primeira “Corrida pela Cura”, em Nova York, para arrecadar fundos para pesquisas de câncer de mama. Foi em 1997 que a corrida abraçou o laço rosa a fim de sensibilizar a população. Neste momento, as cidades começaram a ser enfeitadas com laços cor de rosa em locais públicos. No Brasil, a primeira ação de Outubro Rosa que se tem conhecimento foi em 2002, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, com a iluminação rosa do Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista.
Prevenção e diagnóstico
A principal forma de detecção precoce do câncer de mama é a visita ao médico regularmente, além da recomendação de mamografia anual para mulheres acima de 40 anos.
O autoexame é importante, mas não substitui a mamografia, uma vez que só permite a percepção do tumor quando tem um tamanho que permite ser palpável. O ideal é ter o diagnóstico em fase inicial, ainda assintomático. O autoexame deve ser realizado cinco a 10 dias antes ou depois da menstruação, período em que o corpo da mulher já não estará alterado em decorrência do período menstrual.
Os principais sinais da doença na fase sintomática são:
– Caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor; Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; Alterações no bico do peito (mamilo); Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço; Saída espontânea de líquido dos mamilos.
Descobri um câncer de mama, e agora?
A descoberta de um câncer de mama é sempre um momento de aflição para a paciente. No entanto, as modalidades de tratamento avançaram consideravelmente nos últimos anos. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a chance de cura. No caso de evidências de metástases, o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida da paciente.
Entre as possibilidades estão o tratamento local, com cirurgia e radioterapia, e o tratamento sistêmico, com quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.
Segundo Tiago, a mastectomia (retirada da mama) assombra a maior parte das pacientes. “É absolutamente compreensível que a paciente seja acometida por um turbilhão de sentimentos como medo, revolta, incertezas, negação e, na maioria das vezes, a depressão. Por essa razão, o suporte psicológico é fundamental para trabalhar a adaptação da paciente ao tratamento e suas consequências, assim como os familiares”, explica.