Casos de câncer caem, mas diagnósticos da doença seguem aumentando entre população mais pobre
Apesar de muitas pesquisas apontarem que o número de casos de câncer estarem diminuindo mundialmente, quanto mais baixa a classe social das pessoas, maior a taxa de mortalidade da doença
O câncer é um grave problema de saúde pública no mundo. Em 2018, matou globalmente cerca de 10 milhões de pessoas, segundo dados da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer. Buscar uma cura para essa doença é um grande desafio para a Medicina mas, mesmo sem um solução ainda definitiva, os tratamentos vêm evoluindo ano após ano, assim como a taxa de mortalidade vem caindo.
Todos os anos, a American Cancer Society estima o número de novos casos de câncer e mortes que ocorrerão nos Estados Unidos. O último relatório anual da sociedade, publicado no início de 2019 pelo Cancer Journal for Clinician, mostrou que a taxa geral de mortalidade por câncer caiu continuamente naquele país entre 1991 e 2016, com redução de 27%. Isso equivale a 2,6 milhões de mortes por câncer a menos que o esperado se as taxas de mortalidade tivessem permanecido em seu pico.
A queda da mortalidade nas duas últimas décadas se deu, sobretudo, por conta das reduções constantes no tabagismo e dos avanços da Medicina, que permitem, por meio de exames e testes de triagem, uma detecção cada vez mais precoce e um tratamento mais assertivo. Segundo o relatório da sociedade, isso se refletiu principalmente nos quatro tipos de câncer mais comuns: pulmão, mama, próstata e colorretal.
Apesar da redução de casos, os diagnósticos da doença seguem aumentando, principalmente entre a população menos abastada, que tem dificuldade de acesso a serviços médicos. O estudo constatou que essa população tem maior incidência de alguns cânceres facilmente evitáveis.
Quanto mais baixa a classe social, maior a taxa de mortalidade. Por exemplo, em relação ao câncer do colo do útero a taxa de mortalidade das mulheres mais pobres é o dobro das mais abastadas. Já os homens pobres morrem 40% mais de câncer de pulmão e fígado. Para os cânceres menos passíveis de prevenção, como de pâncreas e ovário, as desigualdades socioeconômicas interferem menos na taxa de mortalidade.
O Brasil segue essa tendência mundial dos últimos anos, com melhores respostas aos tratamentos e maior sobrevida dos pacientes, graças aos novos medicamentos disponíveis. Mas também há maior número de diagnósticos tardios entre a população menos favorecida. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 600 mil novos casos da doença devem surgir este ano. Os cânceres de próstata, pulmão, mama e cólon estão entre os mais incidentes.
Apesar da evolução nas opções de tratamento, é importante investir constantemente em ações preventivas para evitar o progresso dos casos de câncer. Os esforços de controle do câncer devem incluir maior acesso aos cuidados básicos de saúde e intervenções parareduzir os índices de tabagismo e estimular um estilo de vida saudável entre a população, com prática de esportes e alimentação balanceada.