Casos de dengue aumentaram no início de 2019
Especialista em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do Centro Universitário FMU alerta para os cuidados a serem adotados para não ser infectado pelo mosquito
Levantamento do Ministério da Saúde, publicado na segunda quinzena de março, demonstra que o número dos casos de dengue no Estado de São Paulo aumentou 2.124% nas primeiras semanas de 2019, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados mostram ainda que metade dos óbitos registrados no país por conta da dengue ocorreu em São Paulo, o que resultou em 31 mortes por conta da doença.
Para Allan Carlos Pscheidt, coordenador do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário FMU, e doutor em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, o aumento dos casos se deve a diferentes fatores. “O período de chuvas intensas do verão em muitas regiões do país contribui para a reprodução dos mosquitos. Outro dado é o aumento de casos do sorotipo 2. No Brasil, havia, recentemente, um maior número de casos de infecção pelo sorotipo 1 e 3. A recirculação de um outro sorotipo é responsável pelo aumento de casos de infecção, pois cria uma “bagunça” no sistema imunológico. Assim, há maior risco de infecção secundária e de desenvolver formas mais graves da doença. Sendo uma enfermidade tropical, no Brasil, a recirculação dos sorotipos em períodos alternados tem sido bastante comum”.
Existem 4 sorotipos diferentes identificados: DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4. Segundo do Ministério da Saúde², em 2011 havia predomínio do DENV-1 em algumas regiões do país e DENV-3 em outras, enquanto que em 2012 predominava o DENV-4 em algumas regiões e o DENV-1 em outras. Assim, há uma flutuação do sorotipo predominante a cada ano.
O especialista alerta que medidas simples ainda são essenciais para combater a proliferação da doença. “A eliminação dos focos já possibilita a redução do número de casos. Também o uso de repelentes, principalmente em crianças e idosos, que são os mais afetados. Importante também é que a população notifique as autoridades sobre a presença do mosquito e de casos de infecção, muitas vezes tratados como uma gripe comum, sem acompanhamento médico”, conclui.
Uso de repelentes
A seguir, Pscheidt lista os cuidados que devemos ter com o uso de repentes:
Bebês não devem usar repelentes, principalmente à base de DEET, IR3535 ou Icaridin, que são as substâncias mais utilizadas nos produtos e que são muito tóxicas para eles. A recomendação é o uso de repelentes mecânicos, como telas de proteção e mosquiteiros, uso de roupas com as mangas longas e calças compridas, de tecido de trama mais fechada e manter janelas fechadas. Segundo recomendação de especialistas, a partir dos seis meses de idade pode-se utilizar IR3535. Entre 2 e 12 anos pode-se utilizar o DEET em concentração de 9% e Icaridina infantil, em concentração de 25%. A partir dos 2 anos pode-se utilizar, também óleo de citronela em concentração 1,2%. A partir dos 12 é recomendável utilizar o DEET em concentração de 14%, Icaridina de 25% a 50%. Para saber qual das três substâncias está presente no repelente é importante a leitura do rótulo do produto e em caso de dúvidas consultar o farmacêutico de plantão ou, mesmo o médico. O uso indevido dos produtos pode trazer riscos à saúde.
Os repelentes elétricos não devem ser utilizados em locais com pouca ventilação, presença de bebês e pessoas asmáticas ou com problemas respiratórios. Gestantes devem utilizar conforme orientação médica.
Repelentes naturais à base de citronela, andiroba, óleo de cravo e outros não possuem ainda comprovação de eficácia ou aprovação da Anvisa. A citronela, por exemplo, pode ser tóxica quando utilizada em concentrações maiores que 1,2%. A aplicação de óleos na pele pode causar queimaduras e outros problemas. Por isso, o acompanhamento médico é importante.
Jardins e vasos podem ser repelentes de insetos e é uma alternativa barata. A citronela é um capim de crescimento vigoroso e tem propriedade natural de repelir insetos. Lavanda é uma planta com potencial ornamental e cheiro adocicado. Flores de crisântemo também possuem propriedade repelente. O manjericão, alecrim e a hortelã podem ser utilizados para repelir insetos, decorar o ambiente e ainda contribuir para uma alimentação mais saudável. Um biólogo poderá avaliar a necessidade do ambiente e indicar as melhores plantas para cada situação dentro de um projeto paisagístico que auxilie a saúde dos moradores.