Centro de Pesquisas do HE-UFPEL desenvolve estudos clínicos em câncer de próstata
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), por dia, 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e, por ano, estima-se que sejam registrados mais de 68 mil casos.
A campanha Novembro Azul ganhou força nos últimos anos com o objetivo de conscientizar e quebrar preconceitos sobre o câncer de próstata, para que o diagnóstico precoce seja algo cada vez mais constante.
O Centro de Pesquisas do HE-UFPEL desenvolve estudos clínicos em câncer de próstata
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), por dia, 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e, por ano, estima-se que sejam registrados mais de 68 mil casos.
A discussão não é por acaso. Essa patologia é a segunda principal causa de óbitos e a mais comum entre os homens em todo o mundo, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Neste cenário, a pesquisa clínica assume um papel fundamental na busca para aumentar a qualidade de vida de quem foi diagnosticado. Para diversos pacientes, ela representa a oportunidade do acesso a tratamentos inovadores e que, em muitos casos, são as melhores opções terapêuticas.
O Centro de Pesquisas do HE tem colaborado através de duas pesquisas em Câncer (CA) de Próstata:
1) Onco-Genomas Brasil
Liderado pelo Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre e realizado através de financiamento via PROADI-SUS, o Projeto Onco Genomas-Brasil tem por objetivo identificar pacientes com variantes genéticas somáticas que possam auxiliar na definição do prognóstico do câncer, e variantes genéticas germinativas que possam apoiar estratégias de prevenção de outros tumores. Pacientes com câncer de próstata metastático serão avaliados por meio da análise de amostras de sangue periférico e tumorais em blocos de parafina. As análises possibilitarão detecção de alterações moleculares hereditárias que possam predispor as pacientes e seus familiares a terem câncer hereditário (alterações germinativas). Além disso, as alterações somáticas, que são próprias dos tumores (não-hereditárias), também serão avaliadas, ajudando pacientes e médicos com informações importantes que podem definir estratégias de tratamento e seguimento dos pacientes com câncer. Também será realizada a avaliação da ancestralidade destas pessoas para definir qual o impacto da origem regional brasileira dos indivíduos no tipo e comportamento da doença.
Aprovado para realização no HE-UFPel desde fevereiro de 2023 e com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa nº 6.110.181, e está em fase de recrutamento que encerra no final de novembro.
2) VigiaSUS
O Vigia-SUS é um estudo de coorte prospectivo em nível nacional, cujo objetivo é avaliar a implementação de um protocolo assistencial de vigilância ativa (VA) em câncer de próstata de baixo risco em ambulatórios especializados no Sistema Único de Saúde. A vigilância ativa é uma estratégia de observação vigilante, com realização de exames periódicos no paciente envolvendo avaliação urológica, teste PSA, biópsias e ressonância multiparamétrica de próstata.
São candidatos ao estudo pacientes diagnosticados com adenocarcinoma de próstata de baixo risco e expectativa de vida maior que 10 anos. Serão avaliados também taxa de manutenção em VA, desfechos de segurança, qualidade de vida e planejada análise de custo-efetividade
Para ser elegível ao VigiaSUS, é preciso ter diagnóstico de adenocarcinoma de próstata realizado nos últimos 12 meses, com doença localizada, exame de PSA menor que 10 ng/ml e biópsia prostática com Escore de Gleason menor ou igual a 6.
O projeto também é liderado pelo Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre e realizado através de financiamento via PROADI-SUS. Foi aprovado para realização no HE-UFPel em junho de 2022, com parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa nº 5.655.650 e encontra-se em fase de recrutamento.
“As duas pesquisas representam mais uma perspectiva de cuidado oferecido aos usuários SUS. Mesmo não sendo estudos intervencionistas, elas oferecem o acompanhamento do paciente pela equipe multiprofissional, além da oportunidade de aprofundamento de seus diagnósticos, através dos exames financiados pelos próprios estudos, exames estes que por vezes o paciente não teria acesso ou demoraria muito para conseguir agendamento pelo sistema público” ressaltou Luciane Higa, coordenadora dos dois estudos.
Para a médica oncologista, investigadora responsável pelos dois projetos e chefe do Setor de Pesquisa do HE-UFPel, “participar de estudos clínicos pode oferecer aos pacientes a oportunidade de receber cuidados de última geração, contribuir para o avanço da medicina e, em muitos casos, melhorar suas próprias perspectivas de tratamento e de diagnostico. É essencial que os pacientes tenham acesso a informações detalhadas sobre pesquisas clínicas para que possam tomar decisões informadas sobre sua participação. No caso dos protocolos em desenvolvimento no CPC HE temos estudos que direcionam para um conhecimento da própria doença de cada paciente através da avaliação genômica com pesquisa de mutações tumorais e avalia a presença de genes que possam ser hereditários, levando a uma orientação de ontogenética para o participante. Já no estudo de vigilância ativa temos a oportunidade de estudar e acompanhar um tipo de câncer de próstata que tem um comportamento pouco agressivo e que pode não necessitar de tratamentos agressivos, fortalecendo a qualidade de vida dos pacientes associado a informações precisas sobre sua doença e acompanhamento por equipe de uro oncologia.
Os resultados de estudos clínicos ajudam a expandir o conhecimento médico sobre o câncer de próstata, o que, por sua vez, influencia as diretrizes de tratamento e beneficia futuros pacientes.”